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Ouro negro em águas profundas do litoral norte do Brasil: nova descoberta de jazidas de petróleo promete superar a marca dos 30 bilhões de barris e gerar mais de R$ 1 TRILHÃO em arrecadação estatal

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 28/09/2023 às 06:13
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Sonda de perfuração offshor / IMAGEM Total Energie

30 bilhões de barris no fundo do mar: produção de petróleo na Margem Equatorial brasileira promete gerar arrecadação de R$ 1 TRILHÃO

Na vastidão do litoral norte do Brasil, uma corrida pelo “ouro negro” está se desenrolando, desencadeada pela descoberta de jazidas de petróleo nos países vizinhos Guiana e Suriname. No entanto, essa competição não envolve apenas empresas petroleiras; ela divide também o setor petroleiro, ambientalistas e até mesmo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O motivo dessa disputa? A relativa proximidade da Floresta Amazônica e da foz do Rio Amazonas.

A região que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá é conhecida como a Margem Equatorial brasileira e compartilha características geológicas com Guiana e Suriname, onde foram encontradas reservas de petróleo estimadas em 13 bilhões de barris. As estimativas conservadoras do Ministério de Minas e Energia (MME) sugerem que o lado brasileiro possa ter aproximadamente 10 bilhões de barris recuperáveis comercialmente. No entanto, alguns especialistas, como o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), acreditam que a região pode superar a marca dos 13 bilhões de barris.

O volume total de petróleo nas águas profundas pode ser ainda maior, chegando a 30 bilhões de barris, mas o foco está nos barris “recuperáveis”, os considerados viáveis comercialmente.

O volume de 10 bilhões de barris recuperáveis é comparável às reservas provadas do pré-sal, que totalizam 11,5 bilhões de barris. Isso solidifica a Margem Equatorial como um “novo pré-sal” em termos de tamanho potencial. Atualmente, o Brasil possui quase 15 bilhões de barris em reservas provadas, após décadas de produção que renderam cerca de 23 bilhões de barris de petróleo do subsolo.

Eldorado – Petrobras planeja investir cerca de US$ 3 bilhões nos próximos cinco anos na perfuração de até 16 poços na região

A Margem Equatorial é vista por alguns como um Eldorado, uma oportunidade única de produzir petróleo em grande quantidade antes de uma possível diminuição da demanda durante a transição energética. Além disso, é vista como uma chance de gerar renda e desenvolvimento social. No entanto, ambientalistas argumentam que a exploração deve ser cuidadosamente controlada, devido aos riscos de vazamentos de petróleo e aos impactos na Floresta Amazônica, que abriga espécies únicas e ameaçadas, bem como comunidades tradicionais.

O foco central da discussão atual gira em torno do bloco “FZA-M-59”, adquirido pela Petrobras em 2013 na 11ª Rodada de Licitações da ANP. Localizado na bacia da Foz do Amazonas, este bloco despertou grande interesse, uma vez que a Petrobras solicitou licença ambiental para perfurar um poço exploratório na região. No entanto, o pedido foi negado pelo Ibama devido a preocupações ambientais e “inconsistências técnicas” nos estudos apresentados pela empresa. A Petrobras planeja investir cerca de US$ 3 bilhões nos próximos cinco anos na perfuração de até 16 poços na região, representando quase metade de todos os investimentos exploratórios previstos pela estatal.

De acordo com o MME, atualmente existem 41 blocos com contratos de concessão vigentes na região para exploração de petróleo e gás natural, além de 81 blocos exploratórios em oferta. No entanto, outras petroleiras que adquiriram concessões na região em 2013 enfrentaram dificuldades em obter licenças ambientais, levando ao cancelamento ou suspensão de projetos. Até o momento, apenas campos de pequena produção em águas rasas existem na Margem Equatorial, todos na bacia Potiguar.

Exploração do novo pré-sal é uma oportunidade de ouro para o Brasil

A exploração da Margem Equatorial é vista por muitos como uma oportunidade de ouro para o Brasil. O potencial econômico é significativo, com o Ministério de Minas e Energia estimando que a produção de petróleo na região poderia gerar arrecadação estatal na ordem de US$ 200 bilhões (equivalentes a R$ 1 trilhão considerando a taxa de câmbio de R$ 5 por dólar), considerando a produção total de 10 bilhões de barris de petróleo. Isso poderia impulsionar o desenvolvimento social e econômico em uma das regiões mais carentes do país.

Entretanto, em meio à transição energética global, surge a pergunta: por que buscar mais petróleo? A resposta, segundo a Petrobras, está na necessidade de financiar a própria transição energética. Mesmo com os avanços em energia eólica e outras fontes renováveis, a demanda por petróleo continua crescente em diversas indústrias, como alimentícia, cosméticos, tintas e petroquímica. O “novo petróleo” da Margem Equatorial, quando explorado de forma responsável, poderia contribuir para a transição energética do país.

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira de Produção pós-graduada em Engenharia Elétrica e Automação, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas da indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos, com mais de 7 mil artigos publicados. Sua expertise técnica e habilidade de comunicação a tornam uma referência respeitada em seu campo. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal.

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