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Os EUA imprimem sua própria dívida em dólares que eles mesmos emitem, algo impossível para qualquer outro país, já que o dólar é a moeda global de reserva

Publicado em 03/10/2025 às 23:37
Os EUA imprimem sua própria dívida em dólar, sustentando o status de reserva global e moldando a economia mundial com impactos históricos e atuais.
Os EUA imprimem sua própria dívida em dólar, sustentando o status de reserva global e moldando a economia mundial com impactos históricos e atuais.
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Os Estados Unidos imprimem sua própria dívida em dólares que eles mesmos emitem, algo impossível para qualquer outro país, já que o dólar é a moeda global de reserva, sustentando vantagens históricas, desafios atuais e impactos diretos sobre a economia mundial

Os Estados Unidos possuem um privilégio raro no cenário internacional: imprimem sua própria dívida em dólares, moeda que eles mesmos controlam e que também funciona como principal reserva global. Esse mecanismo garante ao país acesso a financiamento barato e contínuo, ampliando sua capacidade de gastar mais do que produz e de sustentar déficits comerciais e fiscais de forma inédita.

Esse arranjo não surgiu por acaso. Ele é fruto de uma construção histórica iniciada após a Segunda Guerra Mundial e consolidada em momentos de crise, quando os EUA conseguiram manter o dólar no centro do sistema financeiro mesmo após o fim do padrão-ouro. Hoje, esse “privilégio exorbitante” gera tanto benefícios imediatos para Washington quanto tensões crescentes em outras partes do mundo.

O nascimento do privilégio do dólar

A gênese desse poder remonta ao Acordo de Bretton Woods, em 1944, quando representantes de 44 países estabeleceram que suas moedas seriam atreladas ao dólar, e este, por sua vez, ao ouro.

Essa garantia de convertibilidade em ouro a US$ 35 por onça ofereceu ao mundo confiança no dólar, criando uma demanda internacional sólida.

Ao longo do pós-guerra, o dólar se tornou indispensável para o comércio global e para as operações financeiras de organismos internacionais como o FMI e o Banco Mundial.

Essa centralidade permitiu que os EUA financiassem seus déficits sem enfrentar o mesmo tipo de pressão que outros países sofriam.

Do padrão-ouro ao câmbio flutuante

A pressão sobre o sistema cresceu à medida que os EUA aumentaram seus gastos com guerras e programas sociais nos anos 1960.

Em 1971, o presidente Richard Nixon acabou com a conversibilidade do dólar em ouro, encerrando unilateralmente a base do arranjo de Bretton Woods.

Apesar disso, o dólar não perdeu sua força. A partir da década de 1970, os EUA firmaram acordos com a Arábia Saudita para que o petróleo fosse cotado em dólares, consolidando o chamado petrodólar.

Esse movimento obrigou países de todo o mundo a acumular reservas em dólar para comprar energia, reforçando ainda mais a hegemonia da moeda.

Como os EUA financiam sua dívida hoje

Atualmente, quando o governo americano precisa de recursos, emite títulos do Tesouro – ativos considerados os mais seguros do mundo.

Esses papéis são comprados por investidores privados, bancos e governos estrangeiros, que veem nos Treasuries uma reserva estável de valor.

O Federal Reserve, banco central americano, desempenha papel estratégico nesse processo. Ao comprar títulos no mercado aberto, o Fed injeta liquidez, influencia juros e estabiliza o sistema financeiro.

Embora não entregue dinheiro diretamente ao governo, esse mecanismo garante que os EUA tenham sempre compradores para sua dívida.

O privilégio exorbitante e seus efeitos globais

Esse sistema gera vantagens únicas para os EUA. O país pode consumir mais do que produz e financiar déficits com facilidade, pois sempre encontrará demanda para seus títulos.

Além disso, as taxas de juros praticadas nos EUA tendem a ser mais baixas do que em economias que não controlam uma moeda de reserva.

Mas há um lado menos visível: a política monetária americana impacta diretamente o mundo inteiro. Quando o Fed eleva os juros, o custo de empréstimos aumenta em países emergentes, provoca fuga de capitais e pressiona moedas locais.

Já decisões de expansão monetária ampliam a liquidez global, alimentando ciclos de crédito e endividamento em diversos continentes.

Dilemas e riscos do sistema

O chamado dilema de Triffin ajuda a explicar a contradição estrutural do dólar: para atender à demanda global pela moeda, os EUA precisam gerar déficits; mas déficits excessivos corroem a confiança na moeda.

Hoje, com uma dívida superior a US$ 36 trilhões, cresce a preocupação sobre até quando esse modelo pode se sustentar.

Além disso, o dólar se tornou arma geopolítica.

O controle sobre o sistema financeiro internacional permite que Washington aplique sanções e isole países de transações globais, reforçando sua posição de poder, mas também estimulando rivais como China e Rússia a buscar alternativas, como o uso do yuan em transações bilaterais ou a discussão de moedas comuns em blocos regionais.

O futuro da hegemonia do dólar

Embora o dólar ainda seja dominante, sua posição enfrenta questionamentos.

A diversificação gradual de reservas em moedas alternativas, o crescimento de economias emergentes e as disputas políticas internas nos EUA sobre o teto da dívida alimentam dúvidas sobre a sustentabilidade de sua supremacia.

O que está em jogo não é apenas o destino da economia americana, mas o equilíbrio financeiro global.

A eventual perda do monopólio do dólar como reserva internacional transformaria o sistema monetário mundial, redistribuindo custos, riscos e poderes entre nações.

O fato de os EUA imprimirem sua própria dívida em dólares ainda é a base de seu poder econômico e político.

Mas quanto mais cresce sua dívida e mais se amplia o uso do dólar como ferramenta de pressão externa, maior é o debate sobre o futuro desse privilégio.

Você acredita que esse privilégio dos EUA fortalece injustamente sua posição no mundo ou considera que a hegemonia do dólar ainda garante estabilidade para a economia global? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive esse impacto na prática.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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