A mudança de liderança que colocou a China como maior parceiro comercial do Brasil em 2009 espelha a reconfiguração da economia global, com a indústria chinesa puxando a demanda por commodities e o Brasil consolidando exportações de soja, minério e petróleo, enquanto os Estados Unidos preservam relevância em produtos industrializados e no estoque de investimento no país
O posto de maior parceiro comercial do Brasil ficou nas mãos dos Estados Unidos por quase oito décadas, até que a virada de 2009 marcou a ascensão da China ao topo do comércio exterior brasileiro. A industrialização acelerada chinesa e a necessidade de matérias-primas elevaram a corrente de comércio com o Brasil e reconfiguraram as rotas de exportação.
Desde então, a China se mantém como principal destino das vendas externas brasileiras, conforme a CNN, especialmente de commodities como soja, minério de ferro e petróleo, enquanto o Brasil importa bens industrializados e eletrônicos do país asiático. Os EUA seguem centrais como segundo parceiro, com maior peso em produtos de maior valor agregado e no estoque de investimentos.
O domínio histórico dos EUA e a transição para a China

Por quase 80 anos, os Estados Unidos lideraram o comércio exterior brasileiro, posição consolidada ao longo do século XX.
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A proximidade política e econômica do pós-guerra ampliou fluxos, com o Brasil importando máquinas e bens industriais e vendendo café, manufaturados leves e alimentos.
Em muitos períodos, a balança com os EUA foi deficitária para o Brasil, reflexo da compra de itens de maior valor tecnológico.
A virada de 2009 não foi um evento isolado, mas o ápice de um processo em curso. A corrente de comércio com a China cresceu ano a ano, acompanhando o boom industrial e urbano do país asiático.
Quando a soma de exportações e importações com a China superou a dos EUA, o Brasil entrou em um novo ciclo, com mudança estrutural da pauta e das dependências externas.
Quem compra, quanto compra e o que está na pauta

A China se tornou o maior comprador do Brasil, adquirindo volume muito superior ao dos Estados Unidos.
A pauta é complementar: o Brasil vende produtos básicos e compra industrializados, o que reforça o papel brasileiro como fornecedor de insumos estratégicos e posiciona a China como origem de manufaturas e tecnologia.
No caso americano, o perfil é mais equilibrado. Os EUA absorvem mais bens industrializados brasileiros e exportam ao Brasil produtos de alto valor agregado, mantendo parcerias tecnológicas e industriais com empresas instaladas no país.
Essa dupla dinâmica ajuda a explicar por que China e EUA ocupam papéis distintos na estratégia externa brasileira.
Por que a China virou o maior parceiro comercial do Brasil
A resposta está na escala chinesa e na complementaridade produtiva. A demanda por commodities agrícolas e minerais encontrou no Brasil um fornecedor competitivo, combinando produtividade no campo e reservas minerais relevantes.
Ao mesmo tempo, cadeias industriais chinesas passaram a suprir o mercado brasileiro com eletrônicos, máquinas e bens de consumo.
Esse arranjo reduziu custos e prazos para empresas brasileiras integradas a cadeias globais e elevou as exportações de básicos.
O efeito colateral é conhecido: risco de primarização se a diversificação e o valor agregado não avançarem. O desafio é capturar mais tecnologia e conteúdo local sem perder a competitividade externa.
Investimentos e presença empresarial
A presença chinesa transbordou do comércio para o investimento, com empresas atuando em energia, infraestrutura, tecnologia, serviços e agronegócio.
Linhas de transmissão, parques eólicos e solares, obras logísticas e plataformas digitais exemplificam a capilaridade dessa atuação.
O investimento recente cresceu, acompanhando novos projetos e promessas para a próxima década.
Já os Estados Unidos permanecem líderes no estoque histórico de investimento no Brasil, com forte presença em finanças, petróleo e gás, TI e manufatura.
Estoques e fluxos contam histórias diferentes: enquanto o capital americano estruturou bases de longo prazo, o capital chinês ganhou velocidade em setores críticos na última década e meia.
O equilíbrio estratégico entre China e EUA
Gerir a relação com as duas maiores economias é parte do tabuleiro externo do Brasil. A China oferece escala e tração para commodities e cadeias digitais, enquanto os EUA agregam tecnologia, financiamento e parceria industrial.
Equilibrar interesses, diversificar mercados e aumentar o conteúdo tecnológico das exportações são metas complementares para reduzir vulnerabilidades.
No curto prazo, o consumidor se beneficia de maior concorrência e variedade.
No médio e longo prazos, a qualidade da política industrial, a previsibilidade regulatória e acordos comerciais serão determinantes para transformar volume em valor, emprego qualificado e inovação.
O que mostram as comparações recentes
Comparações de corrente de comércio, balança e composição da pauta indicam um predomínio chinês no fluxo total e maior presença americana no investimento acumulado.
Em termos de pauta, a China concentra compras de básicos, ao passo que os EUA absorvem mais manufaturados. Do ponto de vista de risco, há exposição brasileira à oscilação de preços de commodities e, no caso americano, incertezas ligadas a medidas protecionistas.
Para o Brasil, a estratégia vencedora combina abertura de mercados, diversificação de produtos e políticas de agregação de valor, de modo a reduzir a dependência de ciclos de preços e elevar a competitividade sistêmica da economia.
A China ocupa o posto de maior parceiro comercial do Brasil desde 2009, enquanto os EUA preservam protagonismo em investimento e indústria.
O próximo salto depende de diversificação, inovação e acordos que abram portas para bens com maior conteúdo tecnológico.
Você concorda que a virada para a China foi inevitável ou o Brasil deveria buscar um reequilíbrio com mais valor agregado nas trocas com ambos os parceiros? Isso melhora preços e empregos no dia a dia ou pressiona a indústria nacional? Deixe sua opinião nos comentários, queremos ouvir quem vive isso na prática.