Reunião marcada para 5 de outubro deve definir acréscimo de 137 mil barris por dia, enquanto preços voltam a subir e pressão política intensifica tensões globais
A Opep+ deve aprovar em sua próxima reunião, marcada para o dia 5 de outubro, um novo aumento na produção de petróleo. A expectativa é de que a elevação seja de pelo menos 137 mil barris por dia, repetindo a alta já aplicada em outubro e consolidando a estratégia de ampliação gradual da oferta.
O movimento ocorre em um cenário de pressão internacional e crescente volatilidade. O grupo, que reúne países da Opep e aliados como a Rússia, tenta equilibrar preços em meio à pressão do ex-presidente norte-americano Donald Trump e aos impactos da guerra na Ucrânia, que afetaram o refino e os embarques de um dos maiores exportadores do mundo.
Contexto do aumento de produção
Desde abril, a Opep+ reverteu cortes profundos de produção e já adicionou mais de 2,5 milhões de barris por dia ao mercado.
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Esse volume representa cerca de 2,4% da demanda global e teve como objetivo recuperar participação em um cenário de forte competição.
Apesar disso, analistas destacam que os aumentos anunciados ficaram aquém do planejado, já que muitos países do grupo enfrentam limites técnicos para ampliar a extração.
Ainda assim, os ajustes progressivos mostram a intenção de garantir influência sobre o mercado internacional.
Pressão política e cenário internacional
A escalada de tensões vai além do mercado de energia.
Donald Trump tem pressionado o cartel a reduzir os preços do petróleo, alegando que a cotação elevada prejudica consumidores e pode travar a recuperação econômica.
Paralelamente, ataques de drones ucranianos a refinarias e oleodutos russos elevaram a instabilidade, empurrando o barril novamente para níveis acima de US$ 70.
Esse contexto reforça o peso da decisão da Opep+, que produz cerca de metade do petróleo consumido no mundo.
A cada rodada de ajustes, os países-membros medem o impacto de suas escolhas sobre economias fragilizadas e sobre a geopolítica global.
Caminho da produção e limites da estratégia
As reduções implementadas nos últimos anos chegaram a 5,85 milhões de barris por dia em seu pico.
Hoje, boa parte dessas restrições já foi revertida.
Para novembro, a previsão é de manter o ritmo de 137 mil barris adicionais por dia, embora a decisão final ainda dependa da reunião de ministros.
Especialistas lembram que o grupo autorizou países como os Emirados Árabes Unidos a ampliarem sua capacidade em 300 mil barris diários entre abril e setembro.
Isso mostra que, além do corte coletivo, há interesses individuais que também pesam nas negociações.
Impacto nos preços e na economia global
O petróleo iniciou o ano acima de US$ 80 por barril, mas caiu para a faixa entre US$ 60 e US$ 70 após a volta da produção.
Ainda assim, a alta recente reacendeu alertas sobre inflação e custos de energia, especialmente em países dependentes de importação.
A expectativa é que, mesmo com novos aumentos de produção, o equilíbrio entre oferta e demanda siga frágil, mantendo a commodity em um patamar de volatilidade que afeta desde o transporte até a produção industrial.
A decisão da Opep+ em novembro pode ser decisiva para os rumos do petróleo e, por consequência, da economia global.
A equação entre ampliar a oferta, estabilizar preços e manter influência geopolítica segue desafiadora.
E você, acredita que os aumentos graduais da Opep+ serão suficientes para segurar a alta do petróleo ou o mercado continuará instável? Na sua visão, a pressão política deve pesar mais que os limites de produção? Compartilhe sua opinião nos comentários.