A Opep+ anuncia pausa nos aumentos da produção de petróleo após dezembro, buscando equilibrar a oferta diante de sanções contra a Rússia e temores de excesso no primeiro trimestre de 2026.
Em meio a um cenário global de incertezas e preços voláteis, a Opep+ anunciou que irá suspender os aumentos na produção de petróleo a partir de janeiro de 2026. A decisão, tomada neste domingo (2), reflete a preocupação do grupo com um possível excesso de oferta no mercado internacional.
A coalizão, que reúne grandes produtores como Arábia Saudita, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Kuweit, Omã, Cazaquistão e Argélia, havia implementado elevações graduais desde abril, somando cerca de 2,9 milhões de barris por dia, o equivalente a 2,7% da oferta global. No entanto, as novas previsões apontam para um cenário de enfraquecimento da demanda nos primeiros meses do próximo ano, o que levou à adoção de uma estratégia mais prudente.
Mercado reage às incertezas e preços do petróleo tentam se estabilizar
Os preços do petróleo chegaram a cair ao menor nível em cinco meses, atingindo US$ 60 por barril no final de outubro, impulsionados pelos receios de excesso de produção. Ainda assim, uma leve recuperação para cerca de US$ 65 por barril foi registrada nas últimas semanas, influenciada pelas novas sanções ocidentais contra a Rússia e pelo otimismo em torno das negociações comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros estratégicos.
-
Produção de petróleo no pré-sal bate recorde histórico e consolida o Brasil entre os maiores produtores globais
-
OTC Brasil 2025: participação da ANP estimula inovação em tecnologia offshore, transição energética, descomissionamento sustentável, pré-sal e capacitação técnica nacional
-
Petrobras anuncia redução de 1,7% no preço do gás natural para distribuidoras a partir de 1º de novembro de 2025 no Brasil – Entenda os impactos para o setor no país
-
Gás liquefeito de petróleo (GLP) fortalece novas políticas sociais do MME com foco em energia limpa, segurança alimentar e combate à pobreza energética
De acordo com o analista Jorge Leon, da Rystad, “A Opep+ está piscando, mas é uma piscada calculada”. Ele explicou que as sanções impostas à Rosneft e à Lukoil criaram uma camada de incerteza sobre o fornecimento russo, e que o grupo busca evitar uma crise de preços futura. “Ao fazer uma pausa, a Opep+ está protegendo os preços, projetando unidade e ganhando tempo para ver como as sanções se desenrolam nos barris russos”, acrescentou.
Primeiro trimestre de 2026 deve ser o mais fraco para o equilíbrio de oferta e demanda
Tradicionalmente, o período entre janeiro e março é considerado o mais desafiador para o balanço entre oferta e demanda de petróleo. Segundo a especialista Amrita Sen, da Energy Aspects, a pausa nas elevações mostra que a Opep+ “está gerenciando o mercado de forma proativa e não apenas reagindo aos preços”.
Além disso, a decisão também reflete a tentativa do grupo de preservar sua coesão interna, especialmente após anos de cortes de produção que atingiram o pico em março, com uma redução total de 5,85 milhões de barris por dia.
Ao limitar o crescimento da produção, a Opep+ busca não apenas equilibrar o mercado, mas também assegurar a estabilidade dos preços em um cenário em que fatores geopolíticos, econômicos e ambientais exercem influência direta sobre o setor energético.



Seja o primeiro a reagir!