Opep+ se reúne neste domingo (5) para decidir aumento da produção de petróleo em meio à queda do barril e desvalorização da Petrobrás.
Opep+ avalia ampliar produção de petróleo e provoca nova queda nos preços
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que inclui a Rússia e outras potências do setor, realiza neste domingo (5) uma reunião virtual decisiva para definir se aumentará novamente a produção de petróleo.
A possível ampliação ocorre em meio a uma expressiva queda nos preços do barril, que despencaram mais de 7% na última semana.
A expectativa é de que o grupo mantenha o ritmo de expansão de 137 mil barris diários em novembro, o mesmo patamar aprovado para outubro.
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A medida busca recuperar a fatia de mercado da Arábia Saudita, líder do cartel, após um longo período de cortes na oferta. No entanto, essa estratégia vem pressionando o valor da commodity e atingindo diretamente empresas como a Petrobras, cujas ações recuaram fortemente.
Queda no preço do petróleo preocupa o mercado global
Na última semana, os preços dos contratos futuros do petróleo sofreram uma das maiores quedas do ano.
O Brent, referência internacional negociada em Londres, caiu 7,02%, passando de US$ 69,50 para US$ 64,53 o barril. Já o WTI, cotado na Bolsa de Nova York (NYMEX), despencou 7,33%, encerrando a semana em US$ 60,88.
O movimento reflete o temor de um excesso de oferta global, caso a Opep+ siga ampliando a produção. Analistas apontam que o mercado já vem reagindo antecipadamente à decisão do grupo, o que intensifica a volatilidade.
Além disso, o contexto político também pesa. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu um ultimato ao Hamas para encerrar o conflito contra Israel, o que chegou a provocar uma breve alta nos preços na sexta-feira. Mesmo assim, o cenário segue instável e os investidores mantêm cautela.
Estratégia da Opep+: recuperar espaço perdido
Desde abril, a Opep+ tem buscado reverter os cortes acumulados de produção, que chegaram a 4,15 milhões de barris por dia, o equivalente a quase 4% da produção mundial.
A decisão de aumentar a oferta tem como objetivo reconquistar participação no mercado, especialmente diante do avanço de produtores independentes e da crescente pressão por energias renováveis.
A Arábia Saudita, principal voz dentro da organização, vem liderando esse movimento, mesmo diante das críticas de que o aumento da produção pode desestabilizar os preços globais.
Por outro lado, a Rússia apoia a medida, apostando na recuperação de receitas com exportações em larga escala.
Contudo, especialistas alertam que o equilíbrio é delicado. Um aumento muito acelerado pode provocar nova rodada de quedas no preço do barril, dificultando o controle da inflação e reduzindo a atratividade dos investimentos no setor de energia.
Petrobras sente o impacto da decisão da Opep+
A incerteza sobre o futuro da produção da Opep+ derrubou as ações da Petrobras na última semana.
Os papéis ordinários (PETR3), que dão direito a voto em assembleias, caíram 5,81%, passando de R$ 35,11 para R$ 33,07. Já as ações preferenciais (PETR4), que têm prioridade na distribuição de dividendos, recuaram 3,9%, fechando a R$ 31,00.
A estatal brasileira, responsável por cerca de 5 milhões de barris por dia, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), é diretamente influenciada pelas decisões da Opep+.
Quando o preço internacional cai, o valor de mercado da companhia também sofre, refletindo a perda de confiança dos investidores.
Além disso, a volatilidade do petróleo pressiona os planos da Petrobras de manter seus investimentos em exploração e refino, principalmente diante das incertezas políticas e da transição energética em curso.
O que esperar após a reunião
Se o aumento da produção for confirmado, o mercado deve continuar pressionado nas próximas semanas. Isso porque uma maior oferta tende a manter os preços em baixa, afetando diretamente o valor do barril e as ações de grandes companhias do setor.
Além disso, especialistas afirmam que a recuperação dos preços dependerá fortemente da demanda global por energia. No entanto, esse indicador vem mostrando sinais de desaceleração, especialmente diante da instabilidade econômica e do enfraquecimento do consumo em grandes potências.
Por outro lado, caso a Opep+ decida manter os cortes atuais, o cenário pode mudar rapidamente. Nesse caso, o preço do barril tende a reagir positivamente, o que traria alívio temporário para empresas como a Petrobras e para outros produtores dependentes da exportação de petróleo.
Mesmo assim, o mercado segue sensível e sujeito a reações imediatas. Portanto, a decisão da Opep+ neste domingo será determinante para os rumos do petróleo, da economia global e das ações da Petrobras nas próximas semanas.