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Onde há mais emprego, Bolsa Família encolhe; onde há menos, o programa domina

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 17/08/2025 às 14:00
Bolsa Família, emprego
Foto: Reprodução
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Um novo levantamento mostra como o Brasil segue dividido entre regiões com forte mercado de trabalho e áreas onde o Bolsa Família é predominante. Norte e Nordeste concentram a maior parte dos estados em que o programa social supera os empregos formais, enquanto Sul e Sudeste registram o movimento inverso.

Em alguns estados, como Maranhão, Pará e Piauí, o número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família supera em centenas de milhares o total de empregos formais.

Já em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a situação se inverte: há milhões de vagas de carteira assinada a mais que famílias atendidas.

O contraste mostra um Brasil dividido entre a dependência da transferência de renda e a força do mercado de trabalho.

O peso do Bolsa Família no Norte e Nordeste

O programa Bolsa Família, voltado para famílias em situação de vulnerabilidade, ainda é a principal fonte de sustento em vários estados do Norte e Nordeste.

O Maranhão lidera o ranking: são 521 mil famílias a mais recebendo benefício do que trabalhadores com carteira assinada.

No estado, o total de empregos formais é de 676 mil, enquanto o número de famílias no programa chega a quase 1,2 milhão.

O Pará aparece em seguida, com uma diferença de 294 mil benefícios a mais que empregos.

No Piauí, o saldo também chama atenção: 193 mil famílias a mais no programa.

Em estados como Bahia e Paraíba, a distância entre os dados mostra que o Bolsa Família ocupa um espaço que o mercado de trabalho formal não consegue preencher.

ESTADOEmprego FormalFamílias no Bolsa FamíliaBenefícios — Empregos
MA676.0281.197.658521.630
PA1.011.1091.305.816294.707
PI375.197568.678193.481
BA2.198.0372.383.390185.353
PB521.186640.883119.697
AL451.069512.84161.772

Maranhão como símbolo da desigualdade

Entre todos os estados, o Maranhão é o caso mais emblemático.

Com 521 mil famílias a mais no programa do que trabalhadores registrados, a diferença mostra a dependência direta da renda federal. O número é maior que toda a população de muitas capitais brasileiras.

Na prática, significa que a cada 10 famílias maranhenses, mais da metade depende da transferência de renda para sobreviver.

O mercado formal, por outro lado, ainda não consegue absorver a mão de obra disponível.

O dado também reforça o desafio de reduzir a desigualdade regional.

Enquanto outros estados conseguem gerar empregos em ritmo acelerado, o Maranhão permanece preso ao ciclo de baixos salários, informalidade e dependência do programa social.

O contraste com São Paulo

Enquanto o Norte e o Nordeste se destacam pela dependência, São Paulo aparece no extremo oposto.

O estado concentra mais de 14,6 milhões de empregos formais e apenas 2,3 milhões de famílias no Bolsa Família. A diferença ultrapassa 12,3 milhões.

Isso significa que, em São Paulo, o mercado de trabalho absorve grande parte da população em idade ativa. O programa federal existe, mas tem peso muito menor no orçamento estadual.

A discrepância mostra o tamanho do abismo entre o maior polo econômico do país e os estados mais pobres.

Minas Gerais e Rio de Janeiro também seguem essa lógica. Em Minas, há 3,5 milhões de empregos a mais do que famílias no Bolsa Família. No Rio, a diferença é de 2,4 milhões.

ESTADOEmprego FormalFamílias no Bolsa FamíliaBenefícios — Empregos
RS2.912.394575.240-2.337.154
SC2.645.813215.499-2.430.314
RJ3.949.0931.511.598-2.437.495
PR3.314.165569.612-2.744.553
MG5.060.5351.484.883-3.575.652
SP14.674.5352.340.344-12.334.191

Regiões com equilíbrio maior

Apesar da polarização entre extremos, alguns estados apresentam equilíbrio.

Em Pernambuco, por exemplo, a diferença é pequena: cerca de 14 mil famílias no programa a mais do que empregos formais. Em Alagoas e Amazonas, o saldo também é próximo, com menos de 70 mil de diferença.

Esse equilíbrio mostra regiões onde o Bolsa Família ainda tem peso relevante, mas o mercado de trabalho formal mantém presença considerável.

A disputa entre vagas formais e dependência de programas sociais se mostra menos acentuada.

Norte e Nordeste concentram desequilíbrio

Ao observar o mapa completo, fica claro que Norte e Nordeste concentram os estados em que o Bolsa Família supera os empregos. Dos 10 estados nessa situação, nove estão nessas regiões.

Apenas o Acre completa a lista.

Essa concentração reforça a desigualdade histórica. Regiões com menor industrialização, menor infraestrutura e maior dependência do setor público tendem a gerar menos empregos formais.

A presença do programa social garante a sobrevivência de milhões de famílias, mas também expõe a dificuldade de crescimento sustentável.

Por outro lado, Sul e Sudeste registram sempre o cenário inverso. Em estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a diferença entre empregos formais e Bolsa Família passa de 2,3 milhões.

Um retrato da desigualdade nacional

O levantamento mostra que o Brasil continua dividido entre duas realidades.

De um lado, estados com forte presença de empregos formais, onde o Bolsa Família tem papel secundário.

De outro, regiões onde o mercado de trabalho não consegue absorver a população e o programa social se torna essencial.

Esse contraste ajuda a explicar as dificuldades para reduzir a pobreza e promover desenvolvimento equilibrado.

Enquanto algumas regiões seguem atraindo investimentos e gerando vagas, outras permanecem presas a um ciclo de dependência da renda federal.

O dado mais simbólico é o contraste entre Maranhão e São Paulo: meio milhão de famílias sem vaga formal em um estado e 12 milhões de empregos a mais que famílias no outro.

Um retrato claro de como o país ainda convive com extremos econômicos e sociais.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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