Um novo levantamento mostra como o Brasil segue dividido entre regiões com forte mercado de trabalho e áreas onde o Bolsa Família é predominante. Norte e Nordeste concentram a maior parte dos estados em que o programa social supera os empregos formais, enquanto Sul e Sudeste registram o movimento inverso.
Em alguns estados, como Maranhão, Pará e Piauí, o número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família supera em centenas de milhares o total de empregos formais.
Já em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a situação se inverte: há milhões de vagas de carteira assinada a mais que famílias atendidas.
O contraste mostra um Brasil dividido entre a dependência da transferência de renda e a força do mercado de trabalho.
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O peso do Bolsa Família no Norte e Nordeste
O programa Bolsa Família, voltado para famílias em situação de vulnerabilidade, ainda é a principal fonte de sustento em vários estados do Norte e Nordeste.
O Maranhão lidera o ranking: são 521 mil famílias a mais recebendo benefício do que trabalhadores com carteira assinada.
No estado, o total de empregos formais é de 676 mil, enquanto o número de famílias no programa chega a quase 1,2 milhão.
O Pará aparece em seguida, com uma diferença de 294 mil benefícios a mais que empregos.
No Piauí, o saldo também chama atenção: 193 mil famílias a mais no programa.
Em estados como Bahia e Paraíba, a distância entre os dados mostra que o Bolsa Família ocupa um espaço que o mercado de trabalho formal não consegue preencher.
ESTADO | Emprego Formal | Famílias no Bolsa Família | Benefícios — Empregos |
---|---|---|---|
MA | 676.028 | 1.197.658 | 521.630 |
PA | 1.011.109 | 1.305.816 | 294.707 |
PI | 375.197 | 568.678 | 193.481 |
BA | 2.198.037 | 2.383.390 | 185.353 |
PB | 521.186 | 640.883 | 119.697 |
AL | 451.069 | 512.841 | 61.772 |
Maranhão como símbolo da desigualdade
Entre todos os estados, o Maranhão é o caso mais emblemático.
Com 521 mil famílias a mais no programa do que trabalhadores registrados, a diferença mostra a dependência direta da renda federal. O número é maior que toda a população de muitas capitais brasileiras.
Na prática, significa que a cada 10 famílias maranhenses, mais da metade depende da transferência de renda para sobreviver.
O mercado formal, por outro lado, ainda não consegue absorver a mão de obra disponível.
O dado também reforça o desafio de reduzir a desigualdade regional.
Enquanto outros estados conseguem gerar empregos em ritmo acelerado, o Maranhão permanece preso ao ciclo de baixos salários, informalidade e dependência do programa social.
O contraste com São Paulo
Enquanto o Norte e o Nordeste se destacam pela dependência, São Paulo aparece no extremo oposto.
O estado concentra mais de 14,6 milhões de empregos formais e apenas 2,3 milhões de famílias no Bolsa Família. A diferença ultrapassa 12,3 milhões.
Isso significa que, em São Paulo, o mercado de trabalho absorve grande parte da população em idade ativa. O programa federal existe, mas tem peso muito menor no orçamento estadual.
A discrepância mostra o tamanho do abismo entre o maior polo econômico do país e os estados mais pobres.
Minas Gerais e Rio de Janeiro também seguem essa lógica. Em Minas, há 3,5 milhões de empregos a mais do que famílias no Bolsa Família. No Rio, a diferença é de 2,4 milhões.
ESTADO | Emprego Formal | Famílias no Bolsa Família | Benefícios — Empregos |
---|---|---|---|
RS | 2.912.394 | 575.240 | -2.337.154 |
SC | 2.645.813 | 215.499 | -2.430.314 |
RJ | 3.949.093 | 1.511.598 | -2.437.495 |
PR | 3.314.165 | 569.612 | -2.744.553 |
MG | 5.060.535 | 1.484.883 | -3.575.652 |
SP | 14.674.535 | 2.340.344 | -12.334.191 |
Regiões com equilíbrio maior
Apesar da polarização entre extremos, alguns estados apresentam equilíbrio.
Em Pernambuco, por exemplo, a diferença é pequena: cerca de 14 mil famílias no programa a mais do que empregos formais. Em Alagoas e Amazonas, o saldo também é próximo, com menos de 70 mil de diferença.
Esse equilíbrio mostra regiões onde o Bolsa Família ainda tem peso relevante, mas o mercado de trabalho formal mantém presença considerável.
A disputa entre vagas formais e dependência de programas sociais se mostra menos acentuada.
Norte e Nordeste concentram desequilíbrio
Ao observar o mapa completo, fica claro que Norte e Nordeste concentram os estados em que o Bolsa Família supera os empregos. Dos 10 estados nessa situação, nove estão nessas regiões.
Apenas o Acre completa a lista.
Essa concentração reforça a desigualdade histórica. Regiões com menor industrialização, menor infraestrutura e maior dependência do setor público tendem a gerar menos empregos formais.
A presença do programa social garante a sobrevivência de milhões de famílias, mas também expõe a dificuldade de crescimento sustentável.
Por outro lado, Sul e Sudeste registram sempre o cenário inverso. Em estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a diferença entre empregos formais e Bolsa Família passa de 2,3 milhões.
Um retrato da desigualdade nacional
O levantamento mostra que o Brasil continua dividido entre duas realidades.
De um lado, estados com forte presença de empregos formais, onde o Bolsa Família tem papel secundário.
De outro, regiões onde o mercado de trabalho não consegue absorver a população e o programa social se torna essencial.
Esse contraste ajuda a explicar as dificuldades para reduzir a pobreza e promover desenvolvimento equilibrado.
Enquanto algumas regiões seguem atraindo investimentos e gerando vagas, outras permanecem presas a um ciclo de dependência da renda federal.
O dado mais simbólico é o contraste entre Maranhão e São Paulo: meio milhão de famílias sem vaga formal em um estado e 12 milhões de empregos a mais que famílias no outro.
Um retrato claro de como o país ainda convive com extremos econômicos e sociais.