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O túnel submarino mais ambicioso do planeta: projeto de até 135 km sob o mar e estimativas acima de US$ 60 bilhões poderiam conectar duas regiões rivais na Ásia e reescrever a geopolítica da Ásia

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 31/10/2025 às 15:12
O túnel submarino mais ambicioso do planeta: projeto de até 135 km sob o mar e estimativas acima de US$ 60 bilhões pode conectar duas regiões rivais na Ásia e reescrever a geopolítica da Ásia
Foto: O túnel submarino mais ambicioso do planeta: projeto de até 135 km sob o mar e estimativas acima de US$ 60 bilhões pode conectar duas regiões rivais na Ásia e reescrever a geopolítica da Ásia
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Um megatúnel submarino de até 135 km e mais de US$ 60 bilhões pode ligar Coreia do Sul e Japão, superar o Eurotúnel e transformar a logística e a geopolítica na Ásia.

A possibilidade de construir o maior túnel submarino da história, mais de 135 km sob o oceano, ligando territórios marcados por rivalidade histórica voltou ao debate internacional como um dos projetos mais ousados já estudados na Ásia. Avaliado com estimativas superiores a US$ 60 bilhões, a proposta poderia integrar rotas ferroviárias estratégicas, reduzir drasticamente o tempo de deslocamento entre dois dos centros mais dinâmicos e militarmente relevantes do planeta, e, em um cenário ideal, ajudar a remodelar uma das fronteiras geopolíticas mais sensíveis do século XXI.

A ideia, discutida de forma intermitente por governos, acadêmicos e organismos de planejamento desde o início dos anos 2000, voltou ao radar com força nas últimas décadas devido à intensificação das disputas regionais, ao avanço das tecnologias de infraestrutura subaquática e às pressões econômicas pela integração de corredores comerciais cada vez mais rápidos entre as maiores economias do continente.

Num mundo em que a conectividade física vale tanto quanto as alianças diplomáticas, o túnel aparece, ao mesmo tempo, como símbolo de uma ambição futurista e como desafio colossal, capaz de unir em apenas poucas horas regiões que hoje dependem de longos trajetos aéreos — quando há voos — e cuja relação política foi marcada por conflitos, invasões, rupturas diplomáticas e décadas de tensões militares.

Uma obra que superaria todos os recordes do mundo

Para se ter uma dimensão do desafio, o Eurotúnel que liga Reino Unido e França possui 50,45 km e custou cerca de US$ 21 bilhões em valores atualizados. O túnel que hoje detém o recorde de mais longo do planeta é o Seikan, no Japão, com 53,85 km, construído ao longo de 24 anos e concluído em 1988.

O megaprojeto asiático estudado agora dobraria essa marca com folga, chegando a até 135 km submersos, com seções projetadas para ambientes geológicos extremamente instáveis, zonas sísmicas e águas profundas.

A tecnologia envolvida exigiria o uso de tuneladoras de nova geração, sistemas de ventilação e evacuação inéditos para longos trechos submarinos, além de infraestrutura multimodal integrada para transporte de carga, passageiros e, em cenários estratégicos, mobilização logística.

Estudos preliminares também sugerem a combinação de trechos submarinos com ilhas artificiais técnicas para manutenção e ventilação, conceito similar ao adotado no megaprojeto Hong Kong–Zhuhai–Macau, a maior ponte-túnel do mundo, inaugurada em 2018.

O peso geopolítico: integração econômica ou risco de pressão estratégica?

A escolha das duas regiões envolvidas nunca é citada diretamente nos títulos para preservar o suspense editorial, mas no conteúdo precisamos esclarecer: trata-se de estudos envolvendo Coreia do Sul e Japão, países separados por cerca de 200 km de mar, aliados históricos dos EUA e com relações por vezes tensas devido a disputas territoriais, memórias da ocupação japonesa na península coreana e equilíbrios estratégicos diante da ascensão militar chinesa e do imprevisível regime norte-coreano.

A proposta de conexão ferroviária entre Busan (Coreia do Sul) e Fukuoka (Japão), com modelos variando entre 110 km e 135 km de túnel submerso, surgiu como alternativa para criar um corredor logístico integrando a península coreana ao Japão e à futura malha de alta velocidade da Eurásia.

Caso um dia avance, seria um feito também militar e estratégico: reduziria a dependência aérea, fortaleceria cadeias industriais avançadas, especialmente semicondutores, automóveis, defesa e energia e colocaria Japão e Coreia em posição ainda mais central na matriz de segurança do Indo-Pacífico.

Custos colossais, riscos gigantescos, benefícios incomparáveis

Os defensores afirmam que o túnel criaria um novo eixo econômico global, acelerando o fluxo de pessoas, bens e tecnologia entre dois polos industriais que juntos respondem por quase US$ 7 trilhões em PIB.

Os críticos, porém, questionam:

• instabilidade geopolítica regional
• riscos sísmicos e vulcânicos
• dependência tecnológica e militar de corredores físicos
• viabilidade financeira de longo prazo
• dificuldades diplomáticas históricas

Para diplomatas e analistas, o túnel seria, ao mesmo tempo, um símbolo de paz duradoura e um potencial alvo estratégico em períodos de tensão.

Para além da engenharia: o futuro e a narrativa geopolítica da Ásia

Ainda não há cronograma definitivo, nem decisão formal de início e essa talvez seja a maior prova do seu desafio. Mas o simples fato de um projeto como esse permanecer vivo em comitês, universidades, câmaras industriais e planos estratégicos já demonstra algo importante: a Ásia está prestes a viver uma revolução de infraestrutura que poderá ofuscar tudo o que o século XX produziu.

E se um dia esse túnel sair do papel, ele não será apenas uma obra será um marco civilizacional, tão simbólico quanto a ferrovia transiberiana, o Eurotúnel ou o Canal de Suez. Um gesto de ousadia técnica e política capaz de reescrever mapas, rotas, alianças e o próprio equilíbrio global.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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