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O supercomputador que consome energia de uma cidade inteira para prever o clima com dias de antecedência

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 19/06/2025 às 09:07
O supercomputador que consome energia de uma cidade inteira para prever o clima com dias de antecedência
Foto: CANVA + IA
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Entenda como funciona um supercomputador climático capaz de processar trilhões de dados e por que o consumo de energia do supercomputador ECMWF equivale ao de uma cidade inteira. Entenda os desafios e a importância dessa tecnologia para prever o clima com precisão

Supercomputadores meteorológicos são os responsáveis por tornar possível prever o clima com dias, semanas e até meses de antecedência. No entanto, o custo dessa precisão vai muito além de cifras financeiras: essas máquinas gigantes consomem energia comparável à de cidades inteiras. Alguns dos principais centros de previsão climática do mundo, como o ECMWF (Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo) e o supercomputador Fugaku, no Japão, chegam a demandar entre 5 e 30 megawatts (MW) de energia elétrica, o suficiente para abastecer dezenas de milhares de residências simultaneamente.

Hoje você vai entender como funcionam esses supercomputadores, porque consomem tanta energia e qual é a importância dessa potência toda para manter a sociedade informada e segura diante de eventos climáticos extremos.

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Afinal, quanto consome um supercomputador?

O consumo de energia do supercomputador é um dos fatores mais críticos em sua operação. Os supercomputadores usados em previsões meteorológicas, como o ECMWF supercomputador e o Fugaku, estão entre os mais potentes e energívoros do planeta.

Para se ter uma ideia, o Fugaku, instalado no Instituto RIKEN, em Kobe, no Japão, consome cerca de 30 MW, o equivalente ao consumo de energia residencial de uma cidade com 30 mil a 50 mil habitantes.

Já o novo sistema do ECMWF, construído em Bolonha, na Itália, tem capacidade de consumir até 10 MW, conforme relatório oficial da instituição europeia. Esses dados nos ajudam a visualizar quanto consome um supercomputador em operação contínua e com alta demanda de cálculo.

Esses números são compatíveis com os sistemas de resfriamento, armazenamento e processamento de dados que operam 24 horas por dia, 7 dias por semana. A eficiência é um fator essencial para manter a funcionalidade e evitar falhas, e isso custa caro em termos de eletricidade.

Como funciona um supercomputador climático?

O supercomputador que prevê o clima trabalha com modelos matemáticos avançados baseados em física atmosférica, oceanografia e dados em tempo real. A cada minuto, milhares de dados são coletados por satélites, estações meteorológicas, boias oceânicas e sensores remotos. Esses dados alimentam modelos numéricos extremamente complexos que só podem ser processados por máquinas de altíssimo desempenho.

Esses modelos simulam a atmosfera terrestre em camadas, com resoluções que chegam a poucos quilômetros de precisão. O objetivo é prever não apenas a temperatura e a chuva, mas também eventos extremos como ciclones, ondas de calor, enchentes e nevascas. Além disso, essas previsões impactam diretamente setores como agricultura, transporte, energia e segurança pública.

Supercomputadores como os do ECMWF ou o NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA) executam trilhões de cálculos por segundo, garantindo previsões confiáveis com vários dias de antecedência. Esse é um exemplo claro de como funciona um supercomputador climático e do seu impacto na vida cotidiana.

Por que os supercomputadores meteorológicos consomem tanta energia?

O alto consumo de energia dos supercomputadores climáticos se deve a três fatores principais:

  • Processamento massivo de dados: um supercomputador meteorológico precisa lidar com petabytes de informações diárias, realizando operações matemáticas extremamente complexas.
  • Sistema de resfriamento: para evitar superaquecimento, esses sistemas exigem infraestrutura térmica sofisticada, incluindo resfriamento líquido e ventiladores industriais.
  • Operação ininterrupta: o trabalho desses computadores é constante e crítico, exigindo funcionamento 24/7.

Ademais, cada vez que se busca maior precisão e resolução espacial nas previsões, os cálculos necessários aumentam exponencialmente, o que leva a mais demanda de energia. Por isso, a questão “quanto consome um supercomputador” é mais do que curiosidade: trata-se de um desafio técnico e ambiental que cresce conforme a tecnologia avança.

Exemplos reais: ECMWF e Fugaku no topo da previsão climática

O ECMWF supercomputador é um dos principais exemplos de uso da potência computacional em meteorologia. Com sede na Europa e um novo centro de dados em Bolonha, o sistema é capaz de processar previsões com resolução de 9 km e alcance de até 15 dias.

Seu poder computacional é superior a 20 petaflops, operando com tecnologia de ponta e suporte a grandes volumes de dados.

Já o Fugaku, desenvolvido em parceria pela RIKEN e pela Fujitsu, chegou a ocupar o primeiro lugar na lista dos supercomputadores mais poderosos do mundo. Seu uso na meteorologia inclui a modelagem de desastres naturais, como terremotos e tsunamis, além da análise do impacto das mudanças climáticas no Japão. O Fugaku também tem contribuído para o estudo da dispersão de poluentes atmosféricos.

Ambos são exemplos do que é um supercomputador que prevê o clima e do tipo de infraestrutura que sustenta essa tecnologia de alta complexidade.

Desafios ambientais e a busca por eficiência energética

Apesar de fundamentais, os supercomputadores também geram impacto ambiental significativo. O consumo de energia do supercomputador é fonte de preocupação, especialmente em tempos de transição para uma matriz elétrica mais limpa. Um sistema de previsão avançado que depende de energia poluente pode contradizer os próprios alertas que emite.

Instituições como o ECMWF e o Met Office britânico têm investido em fontes renováveis para alimentar seus sistemas e melhorar a eficiência energética dos data centers. Além disso, estão sendo estudadas tecnologias de computação quântica e arquiteturas mais enxutas que reduzam o consumo sem comprometer a precisão.

Essas iniciativas buscam um equilíbrio entre o progresso tecnológico e a sustentabilidade ambiental, alinhando a ciência climática à prática da conservação.

Previsão climática exige energia, mas salva vidas

A capacidade de prever o clima com precisão é um dos maiores avanços tecnológicos do nosso tempo. Graças ao supercomputador meteorológico, governos, empresas e indivíduos podem se preparar melhor para eventos extremos, evitar tragédias e planejar suas atividades com maior segurança. Essa previsão também é essencial para o planejamento de infraestrutura, resposta a emergências e até mesmo para a formulação de políticas ambientais.

Entretanto, essa previsão tem um custo: o consumo de energia do supercomputador é comparável ao de cidades inteiras. Entender como funciona um supercomputador climático e buscar formas sustentáveis de operá-lo é essencial para equilibrar desenvolvimento tecnológico e responsabilidade ambiental.

Ao refletirmos sobre quanto consome um supercomputador, percebemos que, apesar do custo elevado, os benefícios para a sociedade justificam plenamente o investimento.

Afinal, conhecimento climático é uma das principais ferramentas para enfrentar os desafios de um planeta em mudança. Com o apoio de supercomputadores cada vez mais eficientes, estaremos mais bem preparados para um futuro onde a informação pode significar sobrevivência.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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