Segundo o Valor Investe, o real nunca valeu tanto frente ao peso argentino: 1 BRL já compra 271 ARS, reflexo da crise política e econômica na Argentina e da derrota do governo Milei em Buenos Aires.
Nesta sexta-feira, 12 de setembro de 2025, o mercado registrou um dado inédito: um real passou a comprar 271 pesos argentinos, maior valorização nominal da moeda brasileira frente à divisa vizinha desde o início da série histórica. No começo do ano, a cotação era de 163 pesos por real. Em apenas nove meses, o peso argentino perdeu 39% do valor em relação ao real, evidenciando a instabilidade crônica da economia argentina.
A deterioração cambial não se limita ao Brasil. Frente ao dólar norte-americano, moeda de referência global e base das negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o peso acumula desvalorização de 29% em 2025. Essa queda pressiona ainda mais as reservas internacionais do país e torna a rolagem da dívida externa cada vez mais cara, ampliando os desafios do governo de Javier Milei.
Crise política e derrota eleitoral em Buenos Aires
O gatilho mais recente para a disparada da cotação foi a crise política interna.
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No último fim de semana, o partido do presidente Milei, o La Libertad Avanza, sofreu uma derrota expressiva nas eleições municipais da província de Buenos Aires, responsável por quase 40% do eleitorado nacional.
A vitória do oposicionista Fuerza Patria foi interpretada pelo mercado como um termômetro para as eleições legislativas nacionais, marcadas para 26 de outubro de 2025.
O resultado elevou a percepção de que Milei pode perder apoio político, reduzindo sua capacidade de avançar com medidas econômicas de austeridade e reformas estruturais.
Reação imediata dos mercados
A reação dos investidores foi rápida e contundente.
Nesta semana, o peso argentino perdeu 7,40% do valor frente ao real, enquanto a Bolsa de Buenos Aires (Merval) despencou 11,90%.
O movimento reflete a aversão ao risco e a intensificação da fuga de capitais.
Instituições financeiras como Itaú BBA e BTG Pactual já classificam a Argentina como uma das economias emergentes mais voláteis do momento, destacando que a falta de consenso político agrava os problemas fiscais e cambiais.
O peso das incertezas fiscais
Além da crise política, o cenário fiscal argentino é fonte constante de tensão.
A agenda de cortes de gastos proposta por Milei enfrenta forte resistência social e dificuldades no Congresso, onde o governo não detém maioria.
Analistas ressaltam que, sem reformas estruturais, será difícil restaurar a confiança de investidores e conter a desvalorização do peso.
A percepção de risco cresce a cada semana, elevando os custos de financiamento e limitando a capacidade de resposta do governo.
Impactos diretos para o Brasil
A disparada do real frente ao peso argentino gera efeitos contraditórios para o Brasil.
Por um lado, turistas brasileiros ganham poder de compra em viagens para a Argentina, impulsionando o turismo em cidades de fronteira como Puerto Iguazú e Buenos Aires.
Por outro lado, o cenário é prejudicial para exportadores brasileiros.
Com o real valorizado, os produtos nacionais ficam mais caros no mercado argentino, que historicamente figura entre os principais destinos das exportações do Brasil, especialmente nos setores automotivo e de manufaturados.
O que esperar até as eleições de outubro
A expectativa é de que a volatilidade cambial continue até as eleições nacionais de 26 de outubro.
O resultado será determinante para indicar se Milei terá condições de sustentar seu programa econômico liberal ou se a oposição ampliará o controle político, dificultando ainda mais a implementação de medidas de ajuste fiscal.
Enquanto isso, investidores e analistas preveem um ambiente de instabilidade crescente, em que qualquer novo revés político pode acelerar ainda mais a fuga de capitais e a desvalorização do peso argentino.
O patamar de 271 pesos por real não é apenas um número histórico, mas um retrato da fragilidade da moeda argentina diante da combinação de crise política, incertezas fiscais e perda de confiança internacional.
Para o Brasil, o efeito imediato é um turismo mais barato e um comércio bilateral mais difícil.
E você, acha que a crise argentina vai se aprofundar após as eleições de outubro? Ou acredita que Milei ainda terá fôlego para recuperar a confiança do mercado? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha essa situação de perto.
Adianta muita coisa não o real estar valendo muito frente ao peso, aí eles levantam o preço de tudo…. Estive na Argentina em julho e tava tudo um absurdo de caro, 1l. de leite era 12,00 diesel a 8,00 20 ovos 34,00. Caríssimo…. 🥵 🥵