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O que navios de guerra iranianos vieram fazer no Brasil entre 23 e 30 de janeiro de 2023? Visita militar secreta no Rio de Janeiro volta a gerar suspeitas após nova fake news sobre urânio em 2025

Escrito por Jefferson Augusto
Publicado em 18/06/2025 às 11:19
Despacho oficial autoriza visita dos navios de guerra iranianos IRIS Makran e IRIS Dena ao Porto do Rio entre 26 de fevereiro e 4 de março de 2023
Imagem mostra documento da Marinha do Brasil autorizando a atracação dos navios iranianos IRIS Makran e IRIS Dena no Rio de Janeiro em 2023, ao lado de fotografia do porto
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Autorização da Marinha brasileira para visita dos navios de guerra do Irã causa novo desgaste diplomático após dois anos

A visita de dois navios de guerra do Irã ao Brasil, realizada entre 23 e 30 de janeiro de 2023, voltou a circular nas redes sociais após o ressurgimento de uma fake news alegando que o Irã teria vindo buscar urânio enriquecido em território brasileiro.

A afirmação foi desmentida por órgãos oficiais, mas reacendeu o debate sobre os reais objetivos da missão iraniana e o impacto diplomático da decisão do governo brasileiro à época.

Os navios IRIS Makran e IRIS Dena atracaram no Porto do Rio de Janeiro com autorização oficial, o que provocou protestos públicos da embaixadora dos EUA, Elizabeth Bagley, e críticas de Israel, que classificou o Irã como um “estado maligno”.

Todas as investigações, declarações oficiais e reações internacionais aconteceram ainda em 2023, mas voltaram à tona em junho de 2025, quando vídeos com falas do senador norte-americano Ted Cruz começaram a circular novamente em publicações que distorcem os fatos e sugerem ligações entre o Brasil e o programa nuclear iraniano.

Navios de guerra iranianos no Brasil reacendem debate internacional sobre segurança e soberania

A chegada do porta-helicópteros IRIS Makran e da fragata IRIS Dena em águas brasileiras foi confirmada pela Autoridade Portuária do Rio de Janeiro em 26 de fevereiro de 2023, com permanência autorizada até 4 de março.

A visita, classificada como “amistosa” pelo governo brasileiro, gerou forte reação de autoridades americanas. Elizabeth Bagley chegou a declarar que esses navios “facilitaram o comércio ilícito e atividades terroristas”.

Imagem mostra a fragata iraniana IRIS Dena, número de casco 75, da classe Moudge, navegando com bandeiras em missão naval
Fragata IRIS Dena da Marinha do Irã, da classe Moudge, foi uma das embarcações que atracaram no Porto do Rio de Janeiro em 2023 com autorização oficial

Apesar da visita ter sido autorizada pela Marinha do Brasil, a recepção diplomática contrastou com a tensão nos bastidores.

Segundo telegramas obtidos via Lei de Acesso à Informação, houve intensa movimentação entre Ministério das Relações Exteriores, Controladoria Geral da União e jornalistas internacionais em busca de respostas.

O senador americano Ted Cruz classificou a atracação como uma “ameaça direta à segurança dos americanos” e alertou para possíveis sanções incapacitantes ao porto do Rio de Janeiro e empresas brasileiras envolvidas.

Especulações sobre urânio e espionagem colocam o Brasil sob suspeita de cooperação com Teerã

Em junho de 2025, voltou a circular nas redes sociais um vídeo com acusações infundadas de que o Brasil teria exportado urânio enriquecido ao Irã.

A alegação foi prontamente desmentida pela Secretaria de Comunicação da Presidência, que reafirmou que o Brasil não comercializa urânio para fins bélicos e é signatário de tratados de não proliferação nuclear.

O urânio no Brasil é explorado exclusivamente pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), e qualquer negociação internacional depende de aprovação da União.

Mesmo com a legislação de 2022 permitindo prestação de serviços a estrangeiros, o monopólio da atividade nuclear segue sendo do Estado brasileiro. Todas as especulações sobre envio de urânio ao Irã são falsas e sem base factual.

As investigações relacionadas à visita dos navios iranianos, incluindo possíveis ligações com a Guarda Revolucionária, ocorreram em 2023, com inserção de emendas no orçamento de defesa dos EUA.

Não houve novos desdobramentos oficiais desde então, e nenhuma prova concreta foi apresentada.

Irã, Israel e EUA pressionaram o Brasil em 2023 durante tensão geopolítica no Oriente Médio

Ainda em março de 2023, após a visita dos navios, Israel classificou a decisão brasileira como “lamentável” e cobrou um alinhamento com países do Ocidente. Em nota pública, o regime israelense afirmou que o Irã é responsável por ataques terroristas no mundo todo e criticou o Brasil por recepcionar embarcações militares de um “Estado maligno”.

Nos bastidores, a pressão aumentou após os discursos do senador Ted Cruz e da embaixadora Elizabeth Bagley, que ressaltaram os riscos de sanções e a necessidade de reavaliação da cooperação antiterrorismo com o Brasil.

O governo brasileiro, por sua vez, sustentou o princípio de soberania nas relações exteriores e seguiu com a autorização, publicada no Diário Oficial da União.

Apesar da comoção diplomática, não houve rupturas entre os países, mas o episódio foi um marco na gestão da política externa brasileira no início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Documento da CIA e registros diplomáticos reforçam desconfiança sobre objetivos ocultos da visita

Telegramas enviados pela embaixada do Brasil em Washington e registros da Controladoria Geral da União revelam que investigações da CIA estavam em curso desde o início de 2023. Jornalistas da CNN en Español chegaram a solicitar detalhes sobre a atracação, e os documentos públicos confirmaram a autorização para o desembarque das tripulações.

A hipótese de que membros da Guarda Revolucionária Iraniana pudessem ter sido incluídos no corpo diplomático iraniano não foi confirmada por nenhuma agência de inteligência.

Ainda assim, o tema motivou a emenda do congressista Carlos Jimenez exigindo um relatório do Departamento de Defesa sobre a presença de militares iranianos no Brasil.

Com base nesses dados, o Congresso norte-americano aprovou o pedido de investigação ainda em 2023, mas não houve divulgação de resultados concretos nem medidas adicionais adotadas.

Silêncio do governo brasileiro e fake news sobre urânio reacendem discussões sobre transparência

Em 2025, o caso voltou à tona não por novos fatos, mas pela disseminação de desinformação. A narrativa de que o navio iraniano veio buscar urânio no Brasil viralizou nas redes sociais, baseada em vídeos antigos e falas tiradas de contexto, como o discurso de Ted Cruz.

A Secom classificou as publicações como “falsas e alarmistas”, reforçando que o Brasil segue rigorosamente os tratados internacionais e que não há nenhum indício de cooperação com o programa nuclear iraniano.

A empresa INB também divulgou nota reforçando que não exporta urânio enriquecido e que toda atividade nuclear é fiscalizada por órgãos nacionais e internacionais.

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Lysandre
Lysandre
23/06/2025 23:47

Engraçado que falaram, falaram e falaram, mas não disseram que raios esses navios vieram fazer aqui!? Dar uma voltinha pelo Rio de Janeiro que não foi né?!

Souza
Souza
22/06/2025 19:26

A pergunta é: Que raios vieram fazer aqui, então? O povo brasileiro quer transparência, isso é coisa séria.

Rogerio
Rogerio
22/06/2025 18:29

1 – Por que cargas d’água dois navios militares viraram dar um rolê no Rio de Janeiro?
2 – Quem confia nas fontes de um desgoverno que é aliado ao Irã?
3 – Se o PT fala que é Fake, pode desconfiar que tem caroço neste angu.

Jefferson Augusto

Profissional com experiência militar no Exército, Inteligência Setorial e Gestão do Conhecimento no Sebrae-RJ e no Mercado Financeiro por meio de um escritório da XP Investimentos. Trago um olhar único sobre a indústria energética, conectando inovação, defesa e geopolítica. Transformo cenários complexos em conteúdo relevante sobre o futuro do setor de petróleo, gás e energia. Envie uma sugestão de pauta para: jasgolfxp@gmail.com

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