De fábrica de papel no século XIX a líder global de celulares, Nokia brilhou sob Jorma Ollila, mas perdeu espaço com a ascensão dos smartphones e foi vendida para Microsoft por 7,2 bilhões de dólares.
A história da Nokia começa muito antes da era dos celulares que conquistaram o mundo. Fundada em 1865 por Fredrik Idestam como uma fábrica de papel no sudoeste da Finlândia, a companhia evoluiu para se tornar uma gigante da tecnologia. Ao longo de mais de 150 anos, passou por transformações radicais, ampliando suas áreas de atuação e enfrentando desafios intensos em mercados altamente competitivos.
O nome Nokia surgiu da segunda unidade da fábrica, próxima ao rio Nokianvirta. Com a entrada de Leo Mechelin e posteriormente Eduard Polón, a companhia diversificou suas operações, entrando nos setores de energia elétrica, borracha e cabos. Essa base multifacetada preparou o terreno para a evolução tecnológica que viria décadas depois. Vamos entender abaixo O que aconteceu com a Nokia.
Primeiros passos na tecnologia: da indústria pesada às comunicações
Na década de 1960, a Nokia começou a investir em tecnologia. Seu primeiro dispositivo eletrônico foi um analisador de pulso para usinas nucleares, lançado em 1962. Esse projeto abriu as portas para novos segmentos, como equipamentos militares de comunicação, centrais telefônicas e capacitores.
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A visão de expandir para além dos setores tradicionais da indústria marcou a trajetória da Nokia, posicionando-a como uma marca pronta para abraçar a revolução digital que se desenharia nas décadas seguintes.
A era Jorma Ollila e a ascensão global da Nokia – O que aconteceu com a Nokia?
O marco que consolidou a Nokia como potência mundial veio sob a liderança de Jorma Ollila, que assumiu o comando na década de 1990. Sob sua gestão, a Nokia se concentrou no mercado de telefonia móvel, abandonando gradualmente setores menos promissores.
Ollila identificou o potencial dos celulares muito antes de a tecnologia se tornar indispensável na vida das pessoas. Sua estratégia colocou a Nokia como pioneira no desenvolvimento de celulares portáteis, como o Mobira Talkman e o Mobira Cityman 900, fabricados em parceria com a Salora Oy, e posteriormente consolidou sua posição com a criação da linha GSM — tecnologia que revolucionou as comunicações móveis.
Durante o auge de Jorma Ollila, a Nokia liderou o mercado global de celulares, chegando a representar mais de 40% das vendas mundiais no início dos anos 2000. Os aparelhos conquistaram o público com durabilidade, simplicidade de uso e recursos inovadores.
Revolução dos smartphones: início da transformação e novos desafios para entender o que aconteceu com a Nokia
Mesmo dominando o mercado de celulares, a Nokia enfrentou dificuldades para adaptar-se às mudanças que a revolução dos smartphones trouxe. A chegada do iPhone em 2007 e a ascensão do Android mudaram radicalmente o comportamento dos consumidores, que passaram a exigir aparelhos mais sofisticados, com interfaces touch e lojas de aplicativos.
A Nokia manteve o foco em seu sistema próprio, o Symbian, que embora tenha sido uma referência no final da década de 1990 e início dos anos 2000, rapidamente ficou obsoleto diante dos novos sistemas operacionais mais intuitivos e dinâmicos.
Enquanto a Apple e o Google investiam pesado em ecossistemas integrados, a Nokia demorou a reagir. Essa resistência em migrar para plataformas mais modernas foi um dos fatores que aceleraram sua perda de espaço no mercado.
O Symbian e o atraso na corrida dos smartphones
O sistema operacional Symbian foi, durante anos, o grande trunfo da Nokia. Utilizado em milhões de aparelhos de marcas como Sony Ericsson e Motorola, o Symbian reinou soberano até meados de 2008. No entanto, a fragmentação do sistema, os constantes bugs e a dificuldade de adaptação às novas demandas do mercado minaram sua competitividade.
A incapacidade de oferecer uma experiência fluida e moderna ao usuário foi decisiva para o declínio da plataforma, fazendo a Nokia perder consumidores para concorrentes que apostavam em Android e iOS.
Crise interna e a entrada da Microsoft
Em meio às dificuldades, a Nokia enfrentou uma grave crise de identidade e governança. A nomeação de Stephen Elop, ex-executivo da Microsoft, como CEO em 2010, marcou uma tentativa drástica de reverter a situação.
Elop, em seu famoso “memorando da plataforma em chamas”, descreveu a Nokia como uma empresa à beira do colapso. Para tentar salvar a marca, ele firmou uma aliança estratégica com a Microsoft, abandonando o Symbian em favor do sistema Windows Phone.
A parceria visava criar uma terceira via no mercado de smartphones, competindo diretamente contra Android e iOS. Apesar de produtos inovadores, como a linha Lumia, a estratégia não conseguiu recuperar o mercado perdido.
A venda para a Microsoft e o declínio definitivo no setor mobile
Em 2013, diante dos resultados insatisfatórios, a Nokia vendeu sua divisão de dispositivos e serviços para a Microsoft por cerca de US$ 7,2 bilhões. A transação incluiu patentes e direitos sobre a marca Nokia nos dispositivos móveis.
Apesar do investimento, a Microsoft não conseguiu revitalizar a linha Lumia. As vendas permaneceram baixas, e o sistema Windows Phone não atraiu desenvolvedores suficientes para formar um ecossistema competitivo.
Com isso, em 2016, a Microsoft encerrou a produção de celulares sob a marca Nokia, marcando o fim de uma era no setor de telefonia móvel.
O que aconteceu com a Nokia após a saída da Microsoft
Mesmo fora do mercado de celulares, a Nokia manteve atividades em outros segmentos. A divisão Nokia Networks, focada em infraestrutura de redes, permaneceu sólida e foi fortalecida com a aquisição da Alcatel-Lucent.
A empresa também continuou investindo em inovação através da Nokia Technologies, responsável por patentes, tecnologias de realidade virtual e soluções para a indústria.
Em 2016, a Nokia licenciou sua marca para a HMD Global, uma empresa criada por ex-executivos da própria Nokia. A HMD passou a fabricar smartphones Android sob a marca Nokia, trazendo novos aparelhos como o Nokia 6, Nokia 7 Plus e o relançado Nokia 3310.
O retorno às origens e o novo posicionamento no mercado
Atualmente, a Nokia concentra suas operações no setor de telecomunicações, oferecendo soluções para redes 5G, Internet das Coisas (IoT) e transformação digital para empresas. A empresa também mantém forte presença no desenvolvimento de tecnologias emergentes para setores como saúde, energia e cidades inteligentes.
No segmento de smartphones, a parceria com a HMD Global permitiu à Nokia reconquistar parte da confiança do público, com produtos reconhecidos pela qualidade de construção e atualização contínua do sistema operacional.
A nova estratégia posiciona a marca como referência de confiabilidade e inovação, ainda que em um mercado mais disputado e fragmentado.
Lições da história da Nokia para o mercado de tecnologia
A trajetória da Nokia ensina lições valiosas sobre a importância da inovação contínua, da adaptação às mudanças e da gestão de crises. A empresa que dominou o mercado global de celulares por mais de uma década viu seu império desmoronar em poucos anos por não se adaptar às transformações tecnológicas.
O que aconteceu com a Nokia reforça a necessidade de estar atento às tendências de consumo e de investir permanentemente em pesquisa e desenvolvimento. Mesmo diante de grandes sucessos, a complacência pode ser fatal em setores de alta inovação.
A liderança visionária de Jorma Ollila e o domínio do mercado mundial
Quando Jorma Ollila assumiu a liderança da Nokia, a empresa ainda era pouco conhecida fora da Europa. A estratégia traçada foi ousada: investir pesado na inovação de celulares e abandonar setores que não fossem ligados diretamente à comunicação móvel.
Uma decisão marcante foi o foco no GSM (Global System for Mobile Communications), o padrão de comunicação que revolucionaria as telecomunicações nos anos 1990. Enquanto concorrentes ainda apostavam em tecnologias locais ou de curto alcance, a Nokia entendeu que o futuro seria global.
O resultado foi impressionante. Em 1998, a Nokia ultrapassou a Motorola e tornou-se a maior fabricante de celulares do mundo. Entre 1998 e 2007, seus aparelhos dominaram o mercado global, sendo vendidos em mais de 150 países e popularizando o acesso ao telefone móvel.
Sob a gestão de Ollila, a Nokia também implementou práticas organizacionais inovadoras. A empresa apostava em equipes ágeis, descentralizadas e com liberdade para criar. Essa cultura organizacional permitiu lançamentos rápidos e produtos ajustados a diferentes mercados.
Ao final da gestão de Ollila em 2006, a Nokia havia atingido o pico de sua influência: era responsável por cerca de 40% de todas as vendas mundiais de telefones celulares. A marca era associada a inovação, durabilidade e confiança.
O que aconteceu com a Nokia? Como a empresa perdeu a liderança: os erros estratégicos na revolução dos smartphones
Apesar da liderança sólida, a Nokia falhou em reconhecer a profundidade da mudança que os smartphones trariam. A chegada do iPhone em 2007 e o crescimento do Android nos anos seguintes mudaram radicalmente a expectativa dos consumidores.
O erro da Nokia foi duplo: de um lado, subestimou a importância de uma experiência de usuário fluida baseada em toque; de outro, insistiu em manter o Symbian, um sistema que, apesar do sucesso anterior, era difícil de programar, pouco amigável e incapaz de competir com o Android e o iOS.
Entenda o que aconteceu com a Nokia – fatores que colaboraram para o declínio foram:
- Excesso de conservadorismo: A empresa hesitou em arriscar novos designs e sistemas, priorizando sua linha de celulares tradicionais.
- Falta de ecossistema: Enquanto Apple e Google criavam lojas de aplicativos robustas, a Nokia demorou a estruturar uma plataforma competitiva.
- Comunicação interna fragmentada: Várias divisões da empresa competiam entre si, gerando produtos inconsistentes e perda de foco.
A resistência interna em adotar sistemas mais modernos atrasou a capacidade de resposta da Nokia em um mercado que passou a evoluir rapidamente ano após ano.
A Nokia hoje: foco em redes, 5G e transformação digital
Após vender sua divisão de celulares à Microsoft e encerrar sua participação direta no mercado de dispositivos móveis, a Nokia concentrou esforços no setor de infraestrutura de telecomunicações.
Hoje, a empresa é uma das líderes globais na construção de redes 5G, competindo diretamente com Ericsson e Huawei. A Nokia fornece soluções para operadoras de telefonia em dezenas de países, incluindo redes de alta velocidade, infraestrutura de dados e tecnologias de automação.
Em 2023, a Nokia registrou receitas de aproximadamente 24 bilhões de euros, com crescimento contínuo no setor de redes e serviços digitais. A empresa investe pesado em pesquisa e desenvolvimento, destinando cerca de 17% de seu faturamento anual para inovação tecnológica.
Além disso, a Nokia participa ativamente de projetos de cidades inteligentes, saúde digital, energia sustentável e conectividade industrial — áreas estratégicas para a transformação digital global.
A marca Nokia no mercado de smartphones através da HMD Global
Embora a Nokia original tenha deixado de produzir smartphones, a marca ainda sobrevive nas mãos da HMD Global. Desde 2016, a HMD vem lançando celulares com Android sob o nome Nokia, buscando resgatar o prestígio da marca.
Modelos como Nokia 7 Plus, Nokia 8.3 e as reedições do clássico Nokia 3310 conquistaram públicos nostálgicos e novos consumidores que buscam confiabilidade e simplicidade.
Apesar da competição intensa com gigantes como Samsung, Apple e fabricantes chinesas, a HMD conseguiu manter a marca Nokia viva no segmento de smartphones intermediários e de entrada, focando em atualizações constantes e qualidade de construção.
Fonte: Tecmundo, CanalTech e Olhar Digital