Enquanto aliados de Trump discutem formas de estender seu tempo no poder, o mundo já viu líderes que governaram por décadas — como Teodoro Obiang, há 45 anos no comando da Guiné Equatorial
As falas recentes de Donald Trump reacenderam um antigo debate político nos Estados Unidos: os limites para a reeleição presidencial. Após governar entre 2017 e 2021, Trump voltou ao cargo no ano passado. Agora, mesmo antes de encerrar o segundo mandato, já cogita maneiras de continuar no poder.
A Constituição dos Estados Unidos, no entanto, é clara. Pela 22ª Emenda, um presidente só pode ser eleito duas vezes. Isso impede que ele se candidate novamente. Mesmo assim, aliados do ex-presidente têm sugerido caminhos alternativos.
Aliados propõem retorno como vice
Uma das estratégias discutidas seria lançar Trump como vice-presidente em uma próxima chapa. Caso o novo presidente renuncie, ele poderia reassumir o cargo. A ideia divide especialistas, já que é juridicamente controversa, mas alimenta discursos políticos entre seus apoiadores.
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“Embora essa hipótese seja juridicamente controversa, ela alimenta um discurso político que busca testar os limites constitucionais e mobilizar sua base com narrativas de poder permanente”, afirma Ana Paula Aguiar, professora de história, filosofia e sociologia do Sistema de Ensino pH.
Exemplos históricos de permanência no poder
Essa tentativa de contornar limites constitucionais não é nova. Vários líderes ao redor do mundo usaram estratégias para permanecer décadas no poder.
Um dos exemplos mais conhecidos é Muammar Gaddafi, que governou a Líbia por 42 anos, de 1969 a 2011. Ele chegou ao comando por meio de um golpe militar e manteve o controle com repressão e culto à personalidade. Seu regime caiu após a Primavera Árabe, em 2011.
Outro caso é o de Omar Bongo, que liderou o Gabão também por 42 anos, entre 1967 e 2009. Seu governo foi marcado por clientelismo, controle de recursos do Estado e manipulação eleitoral.
“Esses líderes consolidaram sua autoridade através de uma combinação de repressão política, culto à personalidade e controle das instituições — muitas vezes manipulando leis e constituições para eliminar limites de mandato”, explica Ana Paula.
Discurso de estabilidade como justificativa
A professora destaca que, muitas vezes, a justificativa para se manter no poder é a promessa de estabilidade. “A perpetuação no poder frequentemente se apoia em uma narrativa de estabilidade e continuidade, mas, na prática, enfraquece a democracia e reduz a possibilidade de alternância legítima”, afirma.
Quem está há mais tempo no comando hoje
Atualmente, o presidente mais longevo no cargo é Teodoro Obiang, da Guiné Equatorial, que governa desde 1979. Ele assumiu após derrubar o tio e governa reprimindo opositores. Suas eleições são frequentemente questionadas por observadores internacionais.
Paul Biya, de Camarões, está no poder desde 1982. Sua permanência foi possível após mudanças na Constituição e repressão à oposição. Outro nome é Yoweri Museveni, de Uganda, que lidera desde 1986 e promoveu alterações legais para eliminar limites de mandato e idade.
Vladimir Putin também integra essa lista. Está no poder na Rússia desde 1999, alternando entre presidente e primeiro-ministro. Em 2020, aprovou mudanças constitucionais que podem garantir sua permanência até 2036.
Com informações de Guia do Estudante.