Na Islândia, não existem mosquitos nem formigas. O clima extremo e o solo vulcânico criaram um ecossistema único e intocado, comparado a outro planeta.
Entre geleiras, vulcões e campos de lava, há um país no extremo norte do Atlântico que desafia até mesmo as leis da biologia: a Islândia. O pequeno território insular, localizado entre a Groenlândia e a Noruega, é o único país do mundo onde não existem mosquitos e não há espécies nativas de formigas, um fato que há décadas intriga cientistas e fascina visitantes. Mais do que uma curiosidade, esse fenômeno é resultado direto das condições climáticas extremas, do solo vulcânico e do isolamento geográfico que moldaram uma das naturezas mais peculiares do planeta.
A terra onde os mosquitos simplesmente não sobrevivem
A Islândia é um dos lugares mais frios e instáveis da Terra do ponto de vista climático. No inverno, as temperaturas médias ficam próximas de 0 °C em Reykjavík, a capital, e caem para -10 °C ou menos no interior do país.
Já no verão, raramente passam dos 12 °C. Segundo o Icelandic Institute of Natural History, essa oscilação intensa impede que os mosquitos completem seu ciclo biológico de larva, pupa e adulto.
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O entomólogo islandês Erling Ólafsson, uma das principais autoridades sobre o tema, explica que o problema não é o frio em si, mas o vai e vem do degelo. Durante a primavera, o gelo derrete e os mosquitos tentam se reproduzir em pequenas poças d’água.
No entanto, poucos dias depois, as temperaturas voltam a cair e a água congela novamente, interrompendo o desenvolvimento das larvas. O resultado é um ambiente hostil a qualquer tentativa de colonização.
“É um ciclo que se repete ano após ano. Quando as condições parecem favoráveis, o clima muda rapidamente e destrói as populações nasc nascentes. Os mosquitos não têm tempo de se adaptar”, afirmou Ólafsson em entrevista à BBC News.
Formigas? Também não vivem aqui
A ausência de formigas é outro fenômeno que surpreende biólogos e ecologistas. De acordo com um relatório publicado pela Icelandic Entomological Society, não há espécies nativas de formigas na Islândia.
As poucas que foram encontradas nas últimas décadas chegaram ao país em navios cargueiros ou mercadorias importadas, principalmente de madeira e alimentos. No entanto, os insetos não resistem ao clima frio nem conseguem formar colônias estáveis, desaparecendo em poucas semanas.
Esse isolamento biológico faz com que a Islândia tenha um ecossistema quase “esterilizado” em comparação com o restante da Europa. O solo vulcânico, rico em minerais mas pobre em matéria orgânica, também limita a presença de insetos, fungos e micro-organismos que seriam comuns em regiões temperadas.
“O país é um laboratório natural. Ele mostra o que acontece quando o clima e o isolamento geográfico impõem limites rígidos à vida”, destacou o pesquisador Kári Gunnarsson, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Islândia, em entrevista ao jornal Morgunblaðið.
O efeito do clima e do isolamento geográfico
A Islândia está localizada próxima ao Círculo Polar Ártico, em uma zona onde o clima muda bruscamente em poucas horas. No mesmo dia, é possível presenciar neve, chuva e sol forte. Essas oscilações constantes — aliadas à curta duração do verão — tornam o país biologicamente distinto.
Além do clima, o isolamento oceânico impede a chegada de novas espécies. Correntes marítimas frias vindas da Groenlândia e o vento polar que sopra do Ártico criam uma espécie de barreira natural que impede a migração de insetos vindos da Europa continental. Isso faz da Islândia uma das regiões mais puras do planeta em termos ecológicos, com uma fauna limitada mas altamente adaptada.
A única praga significativa observada em território islandês são pequenas espécies de pulgas e moscas domésticas, que sobrevivem apenas em áreas urbanas aquecidas — mas até mesmo elas são raras no inverno.
Um paraíso ecológico com aparência extraterrestre
A ausência de insetos é apenas um dos muitos fatores que fazem da Islândia um dos lugares mais únicos do mundo. O contraste entre gelo e fogo é constante: o país abriga mais de 130 vulcões ativos, centenas de gêiseres e geleiras que cobrem 11% de sua área total.
Em muitos pontos, o solo ainda fumega devido à intensa atividade geotérmica, enquanto rios glaciais cortam paisagens desertas e planícies negras de lava solidificada.
Essas características conferem ao país uma aparência quase extraterrestre. Não é à toa que a NASA utilizou regiões islandesas como campo de treinamento para astronautas das missões Apollo e como locação de filmes de ficção científica como Interestelar, Prometheus e Oblivion.
Além disso, a baixa densidade populacional, são pouco mais de 390 mil habitantes em todo o país e a forte política ambiental tornam a Islândia um dos lugares mais preservados da Terra. Lagos cristalinos, cachoeiras gigantescas e desertos de cinzas vulcânicas completam o cenário de um território onde a natureza se impõe com força bruta.
Em um mundo onde insetos são presença inevitável, a Islândia representa uma exceção quase milagrosa. O país prova que condições extremas podem moldar ecossistemas completamente diferentes daqueles que conhecemos.
Enquanto turistas se encantam com a ausência de mosquitos e o silêncio das noites de verão, cientistas continuam estudando como a vida se adapta ou falha em se adaptar às condições do norte gelado. Entre o frio constante e a solidão de suas paisagens, a Islândia permanece como um lembrete de que, em alguns lugares, a Terra ainda parece pertencer a outro planeta.



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