Conheça a história do motor Fiat Fivetech 2.0 20V do Marea: sua engenharia sofisticada, o potencial de ícone e os erros que o transformaram em sinônimo de problemas.
O motor Fiat Fivetech 2.0 20V, que equipou o Fiat Marea no Brasil, é um dos maiores paradoxos da nossa indústria automotiva. Lançado com promessa de sofisticação e desempenho esportivo, especialmente na versão Turbo, tinha tudo para ser um ícone. Contudo, uma infame reputação de “bomba” o assombra até hoje.
Este artigo desvenda a complexa teia de fatores que transformaram uma vanguarda tecnológica em um pesadelo de manutenção. Analisaremos a engenharia do Fivetech, os erros que levaram à sua má fama e o legado controverso que ele deixou no mercado brasileiro.
O que era o motor Fiat Fivetech 2.0 20V e seu potencial?
O motor Fiat Fivetech 2.0 20V representava um salto tecnológico no Brasil no final dos anos 90. Sua arquitetura de cinco cilindros em linha, 20 válvulas e duplo comando de válvulas no cabeçote (DOHC) era avançada. A versão aspirada desenvolvia 142 cv, mas a Turbo, com 182 cv e 27 kgfm de torque, era a estrela, tornando o Marea o carro nacional mais rápido de seu tempo.
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Originário da linhagem europeia “Pratola Serra”, usada em modelos Fiat Coupé e Lancia, o Fivetech conferia ao Marea um toque de exclusividade. Seu ronco característico e a performance vigorosa prometiam uma experiência de condução sofisticada e esportiva, encantando entusiastas.
Por que o motor Fiat Fivetech 2.0 20V virou “bomba”?
A transformação do promissor motor Fiat Fivetech 2.0 20V em “bomba” resultou de uma “tempestade perfeita”. A complexa troca da correia dentada, exigindo ferramentas e conhecimento específicos, era um desafio. Contudo, o erro mais crítico foi a recomendação inicial da Fiat de um intervalo de troca de óleo de 20.000 km.
Este intervalo, inadequado para as condições brasileiras (combustível, lubrificantes da época), levava à rápida degradação do óleo e formação de borra, obstruindo galerias internas e causando desgaste prematuro ou fusão do motor. A situação era agravada pela escassez de mecânicos qualificados e ferramentas adequadas fora da rede e pela falta de uma “tropicalização” completa do motor. A negligência na manutenção por parte de alguns proprietários, que usavam óleo mineral inadequado, também contribuiu para o ciclo vicioso de problemas.
O motor Fiat Fivetech 2.0 20V na Europa, uma história diferente de confiabilidade?
Na Europa, o motor Fiat Fivetech 2.0 20V equipou modelos como o Fiat Coupé 20VT e Lancia Kappa. Embora exigisse manutenção diligente, não sofreu o mesmo colapso de reputação visto no Brasil. Problemas como trincas no coletor de escape do Coupé eram conhecidos, mas gerenciáveis.
A diferença fundamental parece residir no “ecossistema” automotivo. A Europa contava com mecânicos mais preparados, acesso facilitado a peças e ferramentas, e uma cultura de manutenção mais alinhada com a sofisticação do motor. A falha no Brasil foi menos da engenharia do motor e mais da incapacidade do ambiente local em suportar sua tecnologia avançada, incluindo as diretrizes iniciais equivocadas da Fiat.
Legado do Marea Fivetech, da infame desvalorização ao surpreendente status de “cult car”
A consequência imediata da má fama do Marea Fivetech foi sua catastrófica desvalorização no mercado de usados. O estigma de “bomba” tornou difícil a venda de exemplares, mesmo os bem cuidados. Paradoxalmente, com o tempo e a disseminação de conhecimento pela internet, surgiu um nicho de entusiastas e colecionadores.
O ronco único, o potencial de performance (especialmente do Turbo) e a raridade de unidades em bom estado contribuem para esse status de culto. Especialistas hoje afirmam que a maioria dos problemas (80% a 90%) decorreu de manutenção incorreta, não de falhas de projeto. Possuir um Marea hoje ainda envolve desafios com peças e oficinas, mas para muitos, é uma recompensa.
O que o caso do Fiat Fivetech 2.0 20V ensina?
A trajetória do motor Fiat Fivetech 2.0 20V no Brasil é uma lição sobre a importância da “tropicalização” de projetos e de um suporte pós-venda robusto. Evidencia o impacto de recomendações técnicas equivocadas do fabricante e a necessidade de preparar o mercado para novas tecnologias.
Avaliar o Marea Fivetech apenas como “bomba” é simplista. Com manutenção correta, o motor demonstra suas qualidades. O legado é duplo: a desconfiança que afetou a imagem da Fiat e a apreciação de um nicho que redescobre um motor que, em outras circunstâncias, poderia ter sido um ícone de sucesso.
Excelente matéria, porém a maior culpada podemos dizer assim pelo prorpio fracasso foi a fiat Brasil, tiveram tempo para mitigar os erros grotescos, mas não o fizeram, porque será? Porque não um recall , os problemas eram conhecidos mas a falta de ação deixou queimado, marea, tipo e tempra.
Como disse a matéria está bem escrita, mas a quantidade de pop-ups é propagandas na página é péssimo, dificultando leitura pelo celular.
A reportagem está de parabéns! Tive o indescritível prazer de ter um Marea Weekend Turbo. Um carro único. Além de uma carroceria muito equilibrada, estabilidade fantástica, o motor era só alegria. Ronco vigoroso, torque de sobra, retomadas que deixavam muitos importados com inveja.
De fato, lembro ter estranhado o prazo de troca de óleo tão longo. No meu costumava trocar entre 10 e 12 mil. O óleo era caríssimo na época e manutenção era só em concessionária. Cada vez que vinha a conta eu pensava em vender o carro, mas era sair na rua e esquecer a ideia – o prazer compensava.
Para mim, o que era uma falha no carro era ausência de computador de bordo (O Tempra tinha e era perfeito) e embreagem muito dura. De resto foi um baita casamento!
Um carro fantástico, tenho uma Marea Weekend importada da Itália dotada do famigerado Fivetech fuçado numa preparação aspro leve. Estou com o carro há quase 20 anos, há 3 deles anos saí de um emprego que me permitia mantê-la com zelo que exige e o carro começou a decair por falta de manutenção, um deles foi feito de problemas com vazamento de fluído de arrefecimento por quebra de uma torneira do radiador, culminando na queima da junta. Não a vendi muito menos a preço de ****, sigo guardando a na garagem a espera de dias melhores para trazê-la de volta a época gloriosa, por tantos anos que ela me trouxe de bons momentos em viagens ou no uso diário .