Equipado com tubeiras que direcionam o jato de fogo, o motor do caça F-22 Raptor realiza manobras impossíveis para outras aeronaves, garantindo o domínio dos céus
Invisibilidade aos radares e uma agilidade que beira o impossível. Essas são as duas características que definem o Lockheed Martin F-22 Raptor. No coração dessa supermanobrabilidade, que permite ao caça desafiar a gravidade, está a tecnologia revolucionária do motor do caça F-22 Raptor, o Pratt & Whitney F119.
Este motor não apenas gera uma potência colossal, mas também possui tubeiras de empuxo vetorial. Em vez de simplesmente empurrar o avião para a frente, elas direcionam o jato de exaustão para cima ou para baixo. É essa capacidade que permite ao Raptor executar manobras de altíssimo ângulo de ataque, redefinindo o que é possível em um combate aéreo.
A origem do poder, o desenvolvimento do Pratt & Whitney F119
A história do F119 começou no início dos anos 1980. A Força Aérea dos EUA lançou o programa JAFE (Joint Advanced Fighter Engine) para criar o motor do seu futuro Caça Tático Avançado. A Pratt & Whitney apresentou seu protótipo, o YF119, para competir com o YF120 da General Electric.
-
O segredo das ‘estradas submersas’ do Ceará não é a maré
-
Lucro de 17.000.000%: investidores que seguraram bitcoins desde 2011 realizam maior ganho da história
-
Quanta água potável realmente temos? O dado que revela como a maior riqueza da Terra é, na verdade, escassa
-
Trump ordenou hoje o envio de dois submarinos nucleares após ex-presidente da Rússia falar em ‘apocalipse’
A decisão final veio em 23 de abril de 1991. A Força Aérea escolheu o YF119 da Pratt & Whitney. O motivo foi claro: embora o motor da GE fosse tecnologicamente mais complexo, o F119 se provou mais confiável e maduro durante a fase de testes. A aposta na segurança e na manutenção simplificada, com 40% menos peças que seus antecessores, se mostrou a escolha certa.
A quarta superfície de controle, como as tubeiras direcionam o fogo para manobrar
O verdadeiro segredo do motor do caça F-22 Raptor está em suas tubeiras. Elas são a tecnologia que permite o empuxo vetorial. Diferente dos caças convencionais, cujas tubeiras são fixas, as do F119 são bidimensionais (2D) e móveis.
Elas podem se mover no eixo de inclinação, ou seja, para cima e para baixo, em um ângulo de até 20 graus. Quando a tubeira aponta para baixo, a cauda do avião é empurrada para cima, e vice-versa. Isso funciona como uma “quarta superfície de controle”, somando-se às asas e lemes tradicionais. O mais impressionante é que o piloto não possui um controle separado para as tubeiras.
Ele simplesmente aponta o avião com o manche, e o computador de voo se encarrega de orquestrar uma sinfonia de movimentos entre asas, lemes e as tubeiras do motor para executar a manobra com perfeição.
Voando acima de Mach 1.5 sem pós-combustor
Uma das capacidades mais revolucionárias que o motor F119 proporciona é o “supercruise”. Trata-se da habilidade de manter voo supersônico de forma sustentada (acima de Mach 1.5) sem precisar usar os pós-combustores, que consomem uma quantidade absurda de combustível.
Isso representa uma vantagem tática esmagadora. O F-22 pode chegar à zona de combate muito mais rápido e permanecer por mais tempo. Além disso, ao lançar um míssil enquanto voa em supercruise, ele transfere muito mais energia cinética para a arma. Na prática, isso aumenta o alcance e a letalidade de seus mísseis, dando ao inimigo menos tempo e espaço para tentar escapar.
A manobra que o motor do caça F-22 Raptor pode fazer, mas não usa
Graças ao seu empuxo vetorial, o F-22 é fisicamente capaz de realizar manobras de altíssimo ângulo de ataque, incluindo a famosa “Cobra de Pugachev”. Nessa manobra, popularizada pelo caça russo Su-27, o avião levanta o nariz a mais de 90 graus, atuando como um freio aerodinâmico de corpo inteiro.
Apesar de poder executá-la, a doutrina da Força Aérea dos EUA a considera taticamente inútil e perigosa. A “Cobra” causa uma perda de energia tão grande que deixa o avião praticamente parado no ar, tornando-se um alvo fácil para mísseis modernos.
É uma manobra para shows aéreos, não para um combate onde a velocidade é vida. Por isso, a doutrina do F-22 foca sua agilidade em manobras taticamente úteis, como a ‘Manobra de Herbst’, que permite reverter a direção e reposicionar as armas rapidamente.
Como a agilidade e a furtividade dominam o combate
As duas principais qualidades do F-22, furtividade e agilidade, não trabalham de forma isolada. Elas criam uma sinergia letal. A furtividade permite que o F-22 não seja detectado, garantindo a filosofia de “ver primeiro, atirar primeiro, matar primeiro” em combates a longa distância (BVR).
Se, por algum motivo, o confronto evoluir para um combate aproximado (WVR), a agilidade garantida pelo motor do caça F-22 Raptor entra em ação. Sua capacidade de apontar o nariz para qualquer direção de forma quase instantânea assegura a vitória no “dogfight”.
Essa combinação cria um ‘xeque-mate’ aéreo: o inimigo não pode se defender do que não vê e não pode vencer em manobras contra um adversário que já domina o combate antes mesmo de ele começar.