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O “dilúvio espacial” da NASA: entidade despeja quase 2 milhões de litros de água em cada lançamento

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 31/10/2025 às 14:40
Sistema de dilúvio de água da NASA libera cerca de 2 milhões de litros por lançamento para proteger foguetes e plataforma contra som, pressão e calor intenso.
Sistema de dilúvio de água da NASA libera cerca de 2 milhões de litros por lançamento para proteger foguetes e plataforma contra som, pressão e calor intenso.
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Criado há décadas, o sistema de dilúvio de água da NASA despeja milhões de litros sobre a base de lançamento para proteger o foguete e a plataforma contra o calor, o som e as vibrações gerados pelos motores durante a decolagem.

O sistema de dilúvio de água da NASA é acionado instantes antes da decolagem e libera, em poucos segundos, um volume que pode chegar a 2 milhões de litros.

Criado há décadas para proteger equipamentos e veículos contra vibrações, calor e ondas de pressão, o mecanismo continua sendo parte essencial das operações de lançamento.

Segundo engenheiros da agência, a principal função é reduzir o impacto acústico e a sobrepressão causados quando os motores entram em potência máxima.

Sem essa cortina de água, a energia refletida de volta para a base poderia comprometer a estrutura da plataforma e danificar componentes do foguete.

A água, distribuída por bocais ao redor do defletor e da mesa de lançamento, absorve parte do som, dissipa calor e diminui vibrações.

Função da água durante a ignição

Quando os motores são ligados, o choque entre gases supersônicos e as estruturas rígidas do solo gera picos de pressão e níveis extremos de ruído.

De acordo com especialistas em acústica aeroespacial, o uso da água reduz o som refletido, ao ocupar o espaço entre o jato dos motores e o defletor.

O processo de evaporação consome parte da energia térmica e forma uma barreira que impede que ondas de pressão retornem à base com força total.

A névoa formada também contribui para reduzir a temperatura nas proximidades do defletor e do flame trench, canal responsável por direcionar os jatos de exaustão.

Isso ajuda a preservar cabos, sensores e estruturas metálicas expostas ao calor intenso logo nos primeiros segundos do voo.

Teste de fluxo do sistema de dilúvio no módulo de lançamento móvel da Artemis II no Kennedy Space Center em outubro de 2023. (Imagem: NASA)
Teste de fluxo do sistema de dilúvio no módulo de lançamento móvel da Artemis II no Kennedy Space Center em outubro de 2023. (Imagem: NASA)

Etapas de acionamento do sistema

O sistema começa a operar cerca de 20 segundos antes da decolagem.

Nesse intervalo, a água preenche o defletor e a base, criando uma camada que atinge a capacidade máxima no momento da ignição.

A vazão é controlada por válvulas automáticas que ajustam o volume de acordo com o perfil de potência dos motores.

A sequência é cronometrada para garantir que a cortina de água esteja ativa no instante em que a chama dos motores atinge a plataforma e durante o pico do som refletido.

O processo é completamente automatizado e sincronizado com o sistema de contagem regressiva.

Volume de água utilizado e locais de operação

A quantidade de água varia conforme o foguete e a plataforma.

No Centro Espacial Kennedy, o antigo programa dos ônibus espaciais utilizava um reservatório de 300 mil galões, equivalente a cerca de 1,1 milhão de litros.

Com a chegada do Space Launch System (SLS) e a modernização do Complexo de Lançamento 39B, os testes passaram a empregar aproximadamente 450 mil galões, ou 1,7 milhão de litros.

Segundo a NASA, o volume total liberado pode variar conforme a missão.

No Complexo 39A, usado por missões da SpaceX em parceria com a agência, existe um sistema semelhante, ajustado às características do Falcon 9.

Embora o volume seja menor, o princípio de operação é o mesmo: reduzir picos acústicos e térmicos durante a decolagem.

Tecnologia antiga, função atual

O sistema foi desenvolvido originalmente para o programa Space Shuttle, nos anos 1980.

Desde então, passou por atualizações de válvulas, tubulações e controles digitais.

De acordo com técnicos da NASA, a modernização mantém o mesmo conceito básico, mas aumenta a precisão do fluxo e a eficiência da supressão acústica.

A permanência desse mecanismo nos lançamentos atuais é atribuída à eficácia comprovada em missões de grande porte.

Segundo engenheiros da agência, a água é um recurso de baixo custo relativo e pode ser adaptada a diferentes configurações de foguete.

Isso a torna vantajosa em comparação com soluções estruturais mais complexas.

O destino da água após o lançamento

Grande parte da água utilizada evapora rapidamente em contato com os gases quentes.

Sistema de dilúvio da NASA libera cerca de 450 000 galões de água no Complexo 39B para supressão acústica e térmica. (Imagem: NASA)
Sistema de dilúvio da NASA libera cerca de 450 000 galões de água no Complexo 39B para supressão acústica e térmica. (Imagem: NASA)

O restante escoa para canais de drenagem e bacias de retenção construídas ao redor da plataforma.

Nessas áreas, a água passa por processos de contenção e tratamento ambiental antes de ser devolvida ao solo ou ao sistema de reaproveitamento.

Esse manejo segue protocolos ambientais aplicados às operações espaciais nos Estados Unidos.

A NASA afirma que realiza inspeções regulares e melhorias em drenagem e materiais de revestimento para reduzir corrosão e facilitar o reuso da infraestrutura após cada campanha de lançamentos.

Registros em vídeo e demonstrações públicas

Imagens divulgadas pela agência mostram o SLS durante os testes da missão de estreia, com o sistema de dilúvio em funcionamento.

A sequência registra o momento em que a água é liberada sobre o defletor, formando uma cortina que cobre a base da estrutura.

De acordo com a NASA, trata-se de uma simulação operacional que antecede a ignição real dos motores.

Outro vídeo mostra o Falcon 9, operado pela SpaceX em cooperação com a NASA, decolando com o mesmo tipo de sistema.

Nas gravações, é possível observar a formação da névoa densa e o escoamento da água segundos antes da propulsão.

Especialistas apontam que o fenômeno visual é resultado direto do processo de supressão acústica e térmica — e não um efeito estético.

Segurança e operação contínua

O uso do dilúvio integra o protocolo de segurança e mitigação de riscos das plataformas de lançamento.

Segundo informações da NASA, a supressão acústica protege instrumentos sensíveis, evita ressonâncias estruturais e preserva componentes críticos.

O método também reduz danos nas áreas de concreto e metal, prolongando a vida útil da infraestrutura.

YouTube Video

Os sistemas envolvem tanques de alta capacidade, bombas de grande vazão e dutos pressurizados.

Após cada lançamento, técnicos realizam inspeções para identificar corrosão ou desgaste e substituem peças conforme o ciclo de manutenção preventiva.

Essa rotina é considerada parte essencial da engenharia de solo que sustenta missões espaciais tripuladas e não tripuladas.

De acordo com especialistas em engenharia aeroespacial, cada novo foguete requer ajustes finos no sistema, levando em conta fatores como potência, geometria da plataforma e comportamento acústico dos motores.

Esse processo garante que o dilúvio atue com eficiência máxima em diferentes configurações de lançamento.

Com a expansão dos programas da NASA e de empresas privadas, a tecnologia do dilúvio de água continua sendo um dos recursos mais confiáveis para proteger estruturas e veículos durante o momento mais crítico de um voo espacial.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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