Cálculo oficial mostra que o salário mínimo cobre apenas 19,9% do necessário para sustentar uma família com dignidade
O debate sobre o salário mínimo voltou ao centro das atenções após a divulgação do cálculo mais recente do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Conforme analisa o advogado Giovani Santos, em maio de 2025, o valor considerado adequado para garantir uma vida digna a uma família de dois adultos e duas crianças seria de R$ 7.528,56 — quase cinco vezes o salário mínimo oficial em vigor, hoje em R$ 1.502,00.
Segundo o estudo, o piso pago atualmente representa apenas 19,9% do valor necessário para cobrir despesas básicas de alimentação, moradia, saúde, educação, transporte, vestuário, lazer, higiene e previdência.
O dado revela o tamanho da distância entre a renda mínima legal e o custo real de sobrevivência no país.
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Como o DIEESE calcula o valor ideal
O salário mínimo necessário é definido a partir da cesta básica de alimentos medida mensalmente em 17 capitais brasileiras.
Em maio de 2025, São Paulo registrou a cesta mais cara, com custo de R$ 820,00.
A partir desse dado, o DIEESE projeta os demais gastos familiares, chegando ao valor de R$ 7.528,56.
Esse cálculo é feito desde 1959 e serve como referência para sindicatos, pesquisadores e entidades sociais.
Embora não tenha efeito vinculante sobre o governo, funciona como termômetro da desigualdade e instrumento de pressão política.
O contraste entre o valor “ideal” e o piso oficial evidencia que o trabalhador brasileiro não consegue sustentar sua família apenas com o salário mínimo.
Impacto para trabalhadores e aposentados
O salário mínimo é referência de renda para cerca de 60 milhões de brasileiros, incluindo trabalhadores com carteira assinada, aposentados e beneficiários de programas sociais.
Quando o valor não cobre o básico, o resultado é endividamento, insegurança alimentar e exclusão de serviços essenciais.
Além disso, cada reajuste impacta diretamente o orçamento da União, já que benefícios como o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e as aposentadorias do INSS são calculados com base no piso.
Por isso, qualquer mudança no valor do mínimo gera tensão entre as demandas sociais e a necessidade de equilíbrio fiscal.
Comparação com outros países da região
A distância entre o mínimo oficial e o necessário também pode ser observada em comparação com países vizinhos.
No Chile, por exemplo, o salário mínimo busca acompanhar a inflação e está sujeito a negociações periódicas.
Na Argentina, apesar da crise econômica, o valor é reajustado de forma mais frequente para tentar acompanhar os preços.
Já no Brasil, mesmo com a política de valorização do salário mínimo, a diferença em relação ao cálculo do DIEESE permanece enorme.
O que revela o dado de maio de 2025
O número de R$ 7.528,56 mostra que, para cumprir o que a Constituição Federal de 1988 determina — garantir condições dignas de vida —, seria preciso multiplicar quase por cinco o valor atual do piso.
Esse dado reforça a desigualdade estrutural do país e ajuda a explicar por que tantas famílias dependem de mais de uma renda, do trabalho informal ou de auxílios governamentais para sobreviver.
E você, acredita que o salário mínimo deveria se aproximar desse valor calculado pelo DIEESE ou que isso é inviável para o Brasil? Como esse contraste impacta sua vida e a de sua família? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem sente isso no dia a dia.