Com jornadas de 120 horas e noites dormidas no chão da fábrica, o estilo “wartime CEO” de Elon Musk inspira admiração, mas também acende um intenso debate sobre os limites entre dedicação e exploração.
O nome Elon Musk se tornou sinônimo de inovação, mas também de uma cultura de trabalho levada ao extremo. Imagens e relatos do bilionário dormindo no chão de suas fábricas e trabalhando sete dias por semana se tornaram icônicos, consolidando seu estilo de liderança conhecido como “wartime CEO” (CEO em tempo de guerra). Essa abordagem, que trata os desafios corporativos como batalhas a serem vencidas a qualquer custo, fascina e assusta na mesma medida.
De um lado, sua dedicação é vista como o motor por trás de revoluções em empresas como a Tesla e a SpaceX. Do outro, acende um alerta global sobre burnout, saúde mental e a sustentabilidade de um modelo que exige sacrifício total. No Brasil, onde a discussão sobre jornadas de trabalho como a escala 6×1 está em alta, o exemplo de Elon Musk se tornou um símbolo poderoso dessa polarização, levantando uma questão fundamental: qual é o preço do progresso?
O que é o estilo “Wartime CEO”?
O conceito de “wartime CEO”, popularizado por Elon Musk, descreve um líder que opera em modo de crise constante. A filosofia é simples: para alcançar objetivos extraordinários ou superar momentos de risco existencial, é preciso uma dedicação de guerra, onde o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho é deixado de lado.
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Musk aplicou essa mentalidade em momentos cruciais de suas empresas:
A crise do Tesla Model 3 (2018): Durante o que ele chamou de “inferno da produção”, Elon Musk dormiu por semanas na fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia, trabalhando até 22 horas por dia para garantir que a meta de 5.000 carros por semana fosse atingida, salvando a empresa da falência.
A aquisição do Twitter/X (2022): Após comprar a rede social, ele novamente dormiu no escritório em São Francisco, demitiu mais de 80% da equipe e exigiu um comprometimento “hardcore” dos funcionários que permaneceram, com jornadas que passavam de 80 horas semanais.
O desafio da Tesla em 2025: Diante de uma queda nas vendas, Elon Musk anunciou em suas redes sociais que estava de volta à rotina de “dormir na fábrica 7 dias por semana”, mostrando que o modo de guerra é acionado sempre que a situação aperta.
A admiração: o gênio que entrega resultados
Para milhões de seguidores e empreendedores, a dedicação de Elon Musk é inspiradora. Seus defensores argumentam que os resultados falam por si: a Tesla se tornou a montadora mais valiosa do mundo, e a SpaceX revolucionou a exploração espacial.
Nessa visão, as jornadas exaustivas são o preço necessário para “mudar o mundo”. A imagem do líder que se sacrifica junto com sua equipe é vista como um exemplo de comprometimento e paixão, um modelo a ser seguido por quem busca o sucesso a qualquer custo.
A crítica: o custo humano da inovação
Do outro lado do debate, o estilo de Elon Musk é visto como um símbolo da cultura tóxica do “workaholic” e da precarização do trabalho. Críticos apontam para o alto custo humano dessa filosofia:
- Burnout e alta rotatividade: Relatos de ex-funcionários descrevem um ambiente de pressão extrema, que leva a um alto índice de burnout e a uma rotatividade de talentos constante.
- Impacto na saúde mental: O próprio Elon Musk já admitiu que trabalhar 120 horas por semana “não é bom” e que a falta de sono prejudica sua produtividade e o leva a cometer erros.
No Brasil, essa discussão ganha contornos ainda mais complexos. Em um país onde 40% dos trabalhadores já cumprem jornadas acima do limite legal de 44 horas semanais e 60% relatam sofrer de burnout, segundo a FGV, o modelo “wartime CEO” é visto por muitos como a romantização da exploração.
Um modelo insustentável para o futuro?
A grande questão que o estilo de Elon Musk levanta é se esse modelo é sustentável a longo prazo. Estudos mostram que a produtividade tende a cair drasticamente após um certo número de horas trabalhadas, e a falta de descanso compromete a criatividade e a tomada de decisões.
Enquanto a Geração Z, que hoje entra no mercado de trabalho, prioriza cada vez mais o equilíbrio e a saúde mental, o modelo de sacrifício total parece caminhar na contramão das novas tendências. Elon Musk, com sua genialidade e polêmicas, nos força a refletir sobre o futuro do trabalho e a encontrar um caminho onde a ambição e a inovação possam coexistir com o bem-estar.
E você, o que acha do estilo de trabalho de Elon Musk? É um exemplo de dedicação a ser seguido ou um modelo de exploração insustentável? Deixe sua opinião nos comentários.