Erguido por Luís II da Baviera no século 19, o Castelo de Neuschwanstein uniu sonho, loucura e arte — inspirou a Disney, sobreviveu à guerra e hoje é um dos monumentos mais visitados da Alemanha
A Alemanha abriga centenas de castelos que testemunham diferentes períodos da história europeia. Entre eles, nenhum é tão famoso quanto o Castelo de Neuschwanstein, localizado próximo às cidades de Schwangau e Füssen, no sudoeste da Baviera.
Sua aparência encantada, o passado cercado por lendas e a ligação com o “rei louco” Luís II tornaram-no um dos monumentos mais visitados da Europa — e até inspiração direta para o castelo da Cinderela da Disney.
O sonho extravagante de um rei
Luís II da Baviera subiu ao trono aos 18 anos, em 1864. Filho do rei Maximiliano II e da princesa Maria da Prússia, ele logo se destacou não pela habilidade política, mas por seu fascínio pela arte e pela arquitetura.
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Chamado de “Rei de Conto de Fadas” por alguns e “Rei Louco” por outros, dedicou boa parte de sua vida a construir castelos grandiosos.
O mais emblemático deles, Neuschwanstein, nasceu de seu amor pela mitologia germânica e pela música de Richard Wagner.
Em 1867, após visitar castelos na Alemanha e na França, Luís idealizou uma construção que refletisse o espírito romântico medieval. Contratou arquitetos e cenógrafos, mas ele próprio revisava cada detalhe do projeto.
O resultado foi uma mistura de estilos — gótico, românico e bizantino — erguida sobre as ruínas de duas fortalezas antigas.
A obra, que durou quase duas décadas, empregou centenas de trabalhadores e se tornou a principal fonte de renda da região.
Dívidas, isolamento e declínio
Em 1884, o rei finalmente se mudou para o castelo. No entanto, o amigo e principal inspiração do projeto, Wagner, já havia morrido.
A construção consumiu 3,2 milhões de marcos, levando Luís II a contrair dívidas de 14 milhões. Ainda assim, ele se recusava a interromper as obras.
Críticos o acusavam de usar dinheiro público, o que não era verdade. Mesmo assim, o isolamento crescente e os gastos exorbitantes alimentaram rumores sobre sua sanidade.
Pressionado por credores, o rei ameaçou se matar quando teve novos pedidos de crédito negados.
Em 1886, ministros bávaros decidiram retirá-lo do poder. Uma comissão médica liderada pelo psiquiatra Bernhard von Gudden declarou Luís II incapaz de governar.
Dois dias depois, ele foi levado ao Castelo de Berg, às margens do Lago Starnberg, para tratamento.
O mistério no lago
O desfecho foi trágico. No dia seguinte à sua remoção, o rei e o psiquiatra saíram para caminhar e não voltaram.
Ambos foram encontrados mortos nas águas rasas do lago, com parte do corpo ainda acima da superfície.
O laudo oficial apontou afogamento, mas sem água nos pulmões — um detalhe que levantou dúvidas. Teorias sugerem desde um infarto até assassinato durante uma tentativa de fuga.
O fato é que Luís II viveu apenas 172 dias em Neuschwanstein, sem ver sua obra concluída.
O castelo aberto ao público
Após sua morte, o príncipe regente Luitpold ordenou que o castelo fosse aberto à visitação. A decisão salvou as finanças do Estado: o dinheiro arrecadado pagou todas as dívidas em poucos anos.
Quando a Primeira Guerra Mundial começou, o turismo foi suspenso, e, com a derrota alemã, a monarquia bávara chegou ao fim.
O castelo, porém, sobreviveu intacto — e ganharia outro papel histórico nas décadas seguintes.
Refúgio nazista para arte roubada
Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas transformaram Neuschwanstein em um esconderijo para obras de arte saqueadas em toda a Europa.
A localização, próxima da fronteira com a Áustria e longe dos principais alvos de bombardeio, o tornava ideal.
Foram guardadas ali mais de 20 mil peças, desde pinturas até esculturas e documentos. O esquema só foi revelado graças à curadora francesa Rose Valland, que, infiltrada entre os alemães, registrou secretamente o destino das obras.
Suas informações permitiram que os Aliados chegassem ao castelo em 1945 e recuperassem o acervo.
Castelo Neuschwanstein: símbolo mundial e patrimônio da UNESCO
Décadas depois, Neuschwanstein continuou a fascinar o público. A Walt Disney se inspirou em sua arquitetura para criar o castelo da Cinderela e a logomarca do estúdio.
Hoje, o monumento recebe mais de um milhão de visitantes por ano e, recentemente, foi reconhecido pela UNESCO como patrimônio cultural mundial.
O que começou como um devaneio de um rei isolado se transformou em um dos cartões-postais mais emblemáticos da Alemanha — um castelo que mistura arte, tragédia, mistério e história.
Com informações de Aventuras na História.