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O carro esportivo francês que encalhou zero km, virou piada e hoje é tratado como um verdadeiro foguete cult europeu

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 12/06/2025 às 23:16
Atualizado em 14/06/2025 às 18:06
O carro esportivo francês que encalhou zero km, virou piada e hoje é tratado como um verdadeiro foguete cult europeu
Foto: Montagem/ CANVA
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O Renault Clio RS, o carro esportivo francês que encalhou nas concessionárias do Brasil, virou piada na época — mas hoje é tratado como uma raridade cult entre os entusiastas de hot hatches. Descubra por quê.

Quando o Renault Clio RS desembarcou no Brasil, muitos esperavam um esportivo francês acessível, leve e ágil, capaz de rivalizar com modelos consagrados como o Peugeot 206 GT ou mesmo o VW Golf GTI. Mas a recepção foi morna — para dizer o mínimo. O modelo encalhou nas concessionárias, foi taxado de “carro pelado com motor forte” e passou anos renegado até pelos próprios fãs da Renault. Anos depois, o mesmo carro que era motivo de piada voltou à cena como um ícone europeu dos hot hatches, valorizado no mercado de usados e cobiçado por entusiastas do mundo inteiro.

Mas afinal, o que aconteceu com o Renault Clio RS? Por que ele fracassou no Brasil e foi exaltado na Europa? E por que hoje ele é considerado um dos carros mais divertidos já fabricados pela Renault?

O nascimento de um foguete: Clio RS e a linhagem Renault Sport

A sigla “RS” vem de Renault Sport, divisão de alto desempenho da montadora francesa responsável por modelos de competição e carros esportivos de rua com forte DNA das pistas. A linhagem começou no fim dos anos 1990, quando a Renault resolveu transformar o pacato Clio em um verdadeiro foguete compacto para as ruas.

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O resultado foi o Clio RS 172 (posteriormente RS 182), equipado com um motor 2.0 aspirado de 172 cv, câmbio manual de 5 marchas, suspensão retrabalhada e muito menos peso que os rivais da época. Sem firulas eletrônicas, ele era o típico carro de entusiasta: simples, leve, potente e nervoso.

Na Europa, o Clio RS se tornou rapidamente um sucesso, arrebatando prêmios da imprensa especializada e vencendo comparativos contra gigantes como o Ford Fiesta ST, Mini Cooper S e até mesmo modelos maiores, como o Alfa Romeo 147 GTA.

Chegada ao Brasil: por que o Renault Clio RS fracassou?

Em 2002, a Renault decidiu importar algumas unidades do Clio RS para o Brasil. A expectativa era alta: a marca francesa começava a consolidar sua presença no mercado nacional e via no modelo uma chance de mostrar que também sabia fazer esportivos de verdade.

Mas o que chegou às lojas foi um choque para o consumidor brasileiro:

  • Preço alto (cerca de R$ 65 mil em valores da época)
  • Design simples e interior espartano
  • Poucos itens de conforto
  • Sem apelo visual “esportivo” para o público comum

Apesar do motor 2.0 16V aspirado com 172 cv, o Clio RS foi mal compreendido. Era um carro esportivo francês sem visual de esportivo, o que afastou o comprador médio. E para piorar, o carro era vendido ao lado de versões nacionais do Clio muito mais baratas e visualmente semelhantes.

O consumidor típico não via razão para pagar tanto em um “Clio 2 portas”, e os entusiastas não estavam dispostos a arriscar em um modelo pouco conhecido, sem tradição no país. O resultado: o carro encalhou nas concessionárias e foi descontinuado rapidamente. Algumas unidades chegaram a ser vendidas com grandes descontos ou como “estoque parado”.

Desempenho e dirigibilidade: o Clio RS era muito à frente do seu tempo

Apesar do fracasso comercial, quem teve a chance de dirigir um Renault Clio RS sabe que ele entregava uma experiência de pilotagem rara. O motor aspirado girava alto, o câmbio manual era preciso, e o peso total do carro ficava em torno de 1.050 kg — uma receita perfeita para diversão pura ao volante.

Entre os destaques técnicos:

  • Motor F4R 2.0 16V – 172 cv a 6.250 rpm
  • Torque de 20,4 kgfm a 5.400 rpm
  • 0 a 100 km/h em 7 segundos
  • Velocidade máxima: 222 km/h
  • Relação peso/potência: 6,1 kg/cv

A suspensão era firme, a direção comunicativa e os freios dimensionados para pista. O carro era um hot hatch raiz, feito para quem gostava de dirigir.

A volta por cima: Clio RS vira ícone europeu e cultuado no Brasil

Com o passar dos anos, o Clio RS se tornou um verdadeiro cult car na Europa. Versões como o Clio RS 182 Trophy, RS 200 e RS 220 Trophy foram aclamadas por jornalistas e colecionadores. Mesmo os modelos mais antigos passaram a ser disputados no mercado de usados.

No Brasil, o tempo também foi generoso com o Clio RS. Hoje, é cada vez mais raro encontrar um em bom estado, mas os poucos sobreviventes são tratados como joias de colecionador. Em encontros de carros ou grupos especializados, é comum ouvir elogios ao desempenho e ao “espírito analógico” do esportivo francês.

Curiosamente, o que antes era um ponto fraco — o visual discreto — hoje é uma vantagem para os puristas, que preferem carros com desempenho real sem chamar a atenção nas ruas.

Por que o Clio RS se tornou tão valorizado?

O fenômeno do Clio RS não é único. Diversos carros esportivos dos anos 1990 e 2000 passaram de “fracassos de venda” a objetos de culto, principalmente devido a fatores como:

  • Desempenho puro: motores aspirados, câmbio manual e peso reduzido.
  • Sensações ao volante: direção direta, feedback de estrada, envolvimento com a máquina.
  • Raridade: poucas unidades vendidas no Brasil o tornaram ainda mais cobiçado.
  • Reputação internacional: lá fora, o Clio RS foi altamente premiado e cultuado.

Hoje, um Clio RS 2.0 16V bem conservado pode ultrapassar os R$ 60 mil no mercado de usados — um valor que parece contraditório com seu fracasso original, mas faz total sentido à luz de sua raridade e apelo histórico.

A linhagem RS continua: sucessores e fim da Renault Sport

Após o Clio RS original, a Renault lançou diversas versões atualizadas do modelo:

  • Clio RS 197 (2006) – já com visual mais moderno e câmbio de 6 marchas.
  • Clio RS 200 (2009) – considerado o ápice da dirigibilidade.
  • Clio RS 220 Trophy (2015) – com câmbio automatizado e ajustes de suspensão específicos.

Entretanto, em 2021, a Renault anunciou o fim da divisão Renault Sport, substituída por uma nova estratégia de eletrificação e performance chamada Alpine Cars.

Com isso, o Clio RS deixou de ser produzido, e os modelos restantes ganharam ainda mais valor entre os aficionados.

O Clio RS no Brasil hoje: quem tem, não vende

Diferente de outros esportivos mais populares da época, como Astra GSi ou VW Golf GTI, o Renault Clio RS é tão raro no Brasil que praticamente não há unidades disponíveis à venda com frequência. As poucas listagens que aparecem em sites como OLX ou Webmotors são rapidamente arrematadas por colecionadores.

Além disso, peças de reposição específicas do modelo (como suspensão, ECU, admissão e escapamento) são difíceis de encontrar, o que torna o carro uma opção quase exclusiva para entusiastas experientes.

Renault Clio RS é o típico exemplo de carro injustiçado no presente e glorificado no futuro. Um esportivo francês legítimo, incompreendido em um mercado que ainda não valorizava performance real sem apelo visual ou status.

Hoje, ele é reconhecido como um dos melhores hot hatches da sua geração, um símbolo da escola francesa de engenharia automotiva voltada à diversão ao volante.

E mais do que isso: é a prova viva de que carros com alma resistem ao tempo, mesmo quando fracassam no showroom. Se você encontrar um Clio RS à venda, pense duas vezes antes de ignorá-lo — você pode estar diante de um dos últimos esportivos puros da era analógica.

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Manoel José Carlos
Manoel José Carlos
15/06/2025 10:07

Carro francês continua sendo uma piada, mecânica péssima, durabilidade zero,em cada buraco que passa fica uma peça.

Eoghan
Eoghan
Em resposta a  Manoel José Carlos
15/06/2025 11:25

Para vc, bom deve ser o Gol 16 válvulas!

Mauro
Mauro
Em resposta a  Manoel José Carlos
15/06/2025 15:37

Meu irmão teve um clio 1.0 8v 2005 por uns cinco anos, tempos depois que vendeu o carro disse que foi o melhor que teve, sendo que mora no litoral onde a maioria das ruas são paralelepípedos e exigem muito da suspensão.

Ju69
Ju69
Em resposta a  Manoel José Carlos
16/06/2025 11:48

Mentira. Este carro nunca chegou a ser colocado a venda no Brasil. Foi estudado para colocar, como o Megane RS, mas ambos era inviável ao mercado brasileiro, infelizmente.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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