Hachikō esperou seu dono todos os dias durante 10 anos na estação de Shibuya. Sua história real comoveu o Japão e o transformou em símbolo mundial de amor e lealdade
Poucos sabem, mas a comovente história do cachorro japonês Hachikō, que esperou seu dono todos os dias durante uma década inteira, é totalmente real. O que começou como um simples hábito cotidiano entre um professor e seu cão acabou se transformando em uma das maiores demonstrações de fidelidade já registradas na história, e mudou para sempre o modo como o Japão vê a relação entre humanos e animais.
O encontro que mudou duas vidas
Tudo começou em 1924, quando o professor Hidesaburō Ueno, da Universidade Imperial de Tóquio, adotou um filhote da raça Akita Inu. O pequeno cão nasceu na cidade de Ōdate, na região de Akita, e recebeu o nome de Hachikō, “Hachi” significa “oito” em japonês, número considerado da sorte.
Desde então, o animal passou a acompanhar seu dono todos os dias até a estação de trem de Shibuya, em Tóquio. Pela manhã, caminhavam juntos até a plataforma; à tarde, o cachorro voltava e esperava pacientemente o retorno do professor. Essa rotina simples se repetia sem falhar, e quem passava pelo local já reconhecia o fiel companheiro do professor Ueno.
-
Nos Andes peruanos, a nação Q’ero vive isolada há séculos: sem estradas, cultivando batatas ancestrais e criando lhamas para sobreviver
-
Ele rejeita aviões e viaja só de trem: encara quatro dias e oito conexões entre Berlim e Tallinn, pagando dez vezes mais para seguir sua paixão ferroviária
-
Cidade gaúcha com “vida de interior” é reconhecida como a capital da longevidade do Brasil
-
O que muda em 2026? Brasil terá seu primeiro computador quântico vindo da China com investimento de US$ 10 milhões

O dia em que a espera nunca mais terminou
No dia 21 de maio de 1925, a rotina de Hachikō foi interrompida tragicamente. Naquela manhã, o professor Ueno saiu de casa como de costume, mas sofreu um aneurisma cerebral durante uma palestra e morreu repentinamente.
Sem entender o que havia acontecido, o cachorro retornou à estação no fim da tarde, esperando ver o rosto do dono entre os passageiros. Mas ele nunca mais voltou. Mesmo assim, Hachikō continuou aparecendo todos os dias, no mesmo horário, aguardando fielmente o trem da esperança.
Chuva, neve, calor ou frio, nada o impedia. Durante nove anos e nove meses, o animal repetiu o ritual, até o dia 8 de março de 1935, quando foi encontrado morto nas proximidades da estação. Morreu esperando.
O Japão se comoveu com a lealdade do cão
A história logo ganhou o país inteiro. Em 1932, o jornal Asahi Shimbun publicou um artigo sobre o “cachorro que esperava o dono” e o transformou em um símbolo nacional de fidelidade e amor incondicional.
Milhares de pessoas começaram a visitar a estação para ver o famoso cão, e o governo japonês decidiu homenageá-lo com uma estátua de bronze em frente à estação de Shibuya, o mesmo local onde ele havia esperado por quase uma década. A inauguração ocorreu em 1934, um ano antes da morte de Hachikō, e o próprio animal esteve presente no evento.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a estátua original foi derretida para a fabricação de armas, mas em 1948 uma nova versão foi esculpida e permanece até hoje como um dos pontos turísticos mais visitados de Tóquio.

O legado imortal de Hachikō
Mais de 90 anos depois, o nome de Hachikō ainda desperta emoção e respeito. Sua história inspirou livros, documentários, museus e até filmes, entre eles o longa americano Hachi: A Dog’s Tale (2009), estrelado por Richard Gere, que apresentou a lenda japonesa ao mundo.
O corpo do cão foi embalsamado e pode ser visto no Museu Nacional da Ciência do Japão, em Tóquio. Parte de suas cinzas também foi enterrada ao lado do túmulo do professor Ueno, para que finalmente pudessem estar juntos na eternidade.
Mais do que um símbolo japonês, Hachikō representa a lealdade pura e inabalável que todos sonham encontrar, seja em um amigo, um amor ou um simples companheiro de quatro patas.
Hoje, milhões de pessoas se reúnem todos os anos diante da estátua para tirar fotos, deixar flores e lembrar que, mesmo após a morte, o amor verdadeiro não se desfaz com o tempo.



-
Uma pessoa reagiu a isso.