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O Brasil tem uma ‘jabuticaba tributária’: 42% do mercado é dominado por motores 1.0 flex/turbo, porque o IPI é menor nessa faixa

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 04/09/2025 às 22:12
Estrutura tributária cria “jabuticabas” automotivas: no Brasil, motores 1.0 flex dominam; na Índia, carros encurtados lideram as vendas
Estrutura tributária cria “jabuticabas” automotivas: no Brasil, motores 1.0 flex dominam; na Índia, carros encurtados lideram as vendas
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Impostos moldam carros: 42% do mercado brasileiro é 1.0 por causa do IPI, enquanto 51% dos indianos dirigem carros até 4 m

O mercado automotivo brasileiro é frequentemente apontado como exemplo de distorções causadas pela tributação. Segundo análise do empresário Sérgio Habib, 42% dos veículos vendidos no país em 2025 têm motores 1.0 flex ou turbo, não por preferência do consumidor, mas porque o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) é menor para essa faixa.

A regra criou um mercado de massa baseado em propulsores pequenos, mesmo em modelos maiores como SUVs compactos.

Na prática, o brasileiro não “escolhe” o motor 1.0 — ele é conduzido a isso pela lógica tributária.

Modelos com 1.0 aspirado (80–90 cv) ou turbinado (115–130 cv) dominam, enquanto motores acima dessa faixa são penalizados com alíquotas mais altas.

O resultado é um portfólio em que as montadoras priorizam versões 1.0 para disputar preço, mesmo em carros que poderiam ter opções mais potentes.

O caso indiano: menos de 4 metros

Se no Brasil o limite é a cilindrada, na Índia a distorção vem do comprimento do veículo.

Lá, automóveis com até 4 metros pagam menos imposto, enquanto os maiores enfrentam carga adicional de até 15%.

O efeito foi imediato: em 2024, 51% dos carros vendidos no país tinham menos de 4 m, incluindo SUVs, sedãs e hatches “encurtados” para caber na faixa de benefício.

Esse modelo já derrubou projetos internacionais. Em 2008–2009, a Renault tentou lançar o Sandero na Índia, mas, com 4,07 m, o carro ficou fora do benefício.

O fracasso levou ao fechamento da fábrica e prejuízo bilionário.

O episódio ilustra como a tributação pode determinar não apenas a preferência do consumidor, mas a sobrevivência de uma estratégia global.

Paralelos históricos: quando o imposto define o design

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As distorções não são exclusivas do setor automotivo. Entre os séculos XVIII e XIX, a França aplicou um imposto sobre portas e janelas, o que levou famílias a construir casas com pouquíssimas aberturas — um traço arquitetônico visível até hoje.

O paralelo mostra que quando o tributo se sobrepõe à lógica de engenharia ou estética, ele molda diretamente os produtos disponíveis no mercado.

No caso brasileiro, a “jabuticaba tributária” também limita a entrada de montadoras estrangeiras.

Muitas marcas chinesas não possuem motores 1.0 turbo flex, ficando automaticamente excluídas de quase metade do mercado.

Para completar, 70% das vendas estão abaixo de R$ 160 mil, enquanto apenas 6% superam R$ 300 mil, tornando o segmento premium ainda mais restrito.

A conclusão é clara: tanto no Brasil quanto na Índia, o imposto define o carro que o consumidor dirige.

Aqui, ele empurra para os motores 1.0 flex; lá, para veículos encurtados.

Essa realidade obriga montadoras a adaptar projetos globais às particularidades locais, sob risco de perder relevância e mercado.

E você, acha justo que a tributação defina o carro que chega às ruas? Os motores 1.0 flex realmente atendem às necessidades do brasileiro ou só existem por causa do IPI? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir sua visão sobre essa “jabuticaba” automotiva.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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