Com mais de 125 mil carros elétricos vendidos, o Brasil acelera para entrar no jogo global dominado por China e ameaçado por cortes nos EUA.
Em 2025, o carro elétrico deixa de ser exceção e já representa um quarto das vendas globais. Esse avanço marca não só uma mudança de mercado, mas uma transformação econômica e tecnológica impulsionada por baterias mais acessíveis e modelos competitivos. Vamos analisar os dados e as tendências que explicam essa evolução.
Projeções otimistas para 2025
A BNEF (BloombergNEF) prevê quase 22 milhões de veículos eletrificados (BEV e PHEV) vendidos em 2025, 25% a mais que em 2024. A IEA (Agência Internacional de Energia) corrobora essa projeção, destacando que as vendas do primeiro trimestre já atingiram 4 milhões, um crescimento de 35% em relação ao mesmo período de 2024 — impulsionado especialmente pela China, que responde por cerca de 60% a 66% das vendas mundiais. A participação global de veículos elétricos deve superar 25% ainda em 2025.
China domina vendas globais
A China vai liderar com mais de 14 milhões de unidades em 2025, superando todo o total global de 2023. Aproximadamente 60% dos carros vendidos no país serão elétricos neste ano. É o único mercado onde um carro elétrico é mais barato que um veículo a combustão, sem precisar de subsídios. Este cenário favorece gigantes como BYD, que vendem EVs por menos de US$ 25.000. Além disso, incentivos como bônus na troca de modelos antigos dão tração à adoção.
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Europa e EUA: crescimento com cautela
Na Europa, os BEVs já representam cerca de 25% das vendas, impulsionados por modelos acessíveis (abaixo de €25.000) e pressão regulatória. Apesar do fim dos subsídios e de margens mais flexíveis de CO₂, a região manteve sua participação de mercado em torno de 17%.
Os EUA registraram crescimento de 10% nas vendas de veículos elétricos no primeiro trimestre em comparação ao ano anterior, mas isso ainda representa apenas 10% do total de automóveis vendidos. Apesar desse avanço, o mercado enfrenta incertezas: cortes em subsídios e possíveis tarifas ameaçam desacelerar o ritmo. A BNEF revisou para baixo suas projeções de longo prazo, reduzindo a estimativa de participação dos EUA no mercado de 48% para 27% até 2030, em função desses cortes nos incentivos.
A queda nos custos das baterias de íon-lítio, já abaixo de US$100 por kWh na China, combinada com uma oferta que supera a demanda, cria um cenário de excesso de capacidade. Algumas fábricas chinesas operam com menos de 50% da capacidade produtiva, pressionando os preços para baixo. Esse movimento reduz os custos dos carros elétricos e fortalece a competitividade global, especialmente por meio de fabricantes chineses que ampliam sua presença no mercado internacional. A capacidade global de produção de células cresceu quase 30 % em 2024, chegando a mais de 3 TWh, 85 % disso concentrado na China. A perspectiva é de continuação desse domínio, mesmo com movimentações para o ocidente.
Desafios e Incertezas nos EUA
A BNEF revisou as expectativas para os EUA, apontando que a retração de incentivos como o Clean Vehicle Tax Credit e ameaças de tarifas podem reduzir em 14 milhões o número de EVs até 2030. Outro indicador, da J.D. Power, sugere que 2025 será um ‘ano de reset’ para o mercado americano, com a participação dos veículos elétricos se estabilizando em 9,1%.”
Desafio dos EVs de luxo
Enquanto SUVs e modelos médios acessíveis continuam crescendo, os carros elétricos de luxo (como Porsche Taycan, Audi e-tron, Mercedes G-Class EV e Ferrari) enfrentam vendas estáveis ou em queda. Isso ocorre devido aos preços elevados e pouca diferenciação em comparação aos modelos tradicionais. O mercado de entrada prospera, enquanto as marcas tradicionais, segundo analistas, “legacy automakers are losing out to China” — começam a perder espaço para os concorrentes chineses.
Crescimento acelerado nos mercados emergentes
O Brasil vendeu cerca de 125 mil veículos elétricos em 2024, um aumento de 100% em relação ao ano anterior, e as projeções para 2025 indicam a continuidade desse ritmo acelerado. Além disso, mercados emergentes como Índia, Sudeste Asiático e África registram crescimento superior a 40%. No continente africano, países como Egito e Marrocos, junto a outras forças regionais, estão expandindo a produção para atender aos padrões da União Europeia, ampliando sua participação no cenário global dos veículos elétricos.
O horizonte para 2030 é promissor: a IEA projeta que os veículos elétricos poderão alcançar 40% de participação global, se o ritmo atual se mantiver. A experiência da China demonstra que a chave para essa adoção em massa está na acessibilidade dos modelos, tornando os EVs financeiramente viáveis para mais consumidores. Contudo, políticas instáveis podem frear esse avanço, como indicam os retrocessos nos incentivos nos EUA e na Europa, que têm potencial para desacelerar o crescimento do mercado.
A mobilidade elétrica não é mais um modismo passageiro. O carro elétrico deixou de ser sinônimo de luxo ou exclusividade para se tornar parte do cotidiano. Hoje, a verdadeira vantagem competitiva está em alinhar custo acessível, políticas inteligentes e infraestrutura robusta — quem dominar esse tripé irá liderar a transformação global.
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Palavras-chave: carro elétrico
Espere só quando esses carros de “modelos médios acessíveis” precisarem trocar a bateria… vai ter muita gente anunciando a venda dos rins na internet.