Engenheiros japoneses realizaram a mais complexa remoção de rocha do mundo na rodovia Joshinetsu, em Gunma, construindo um andaime de 70 metros de altura para desmontar uma massa de andesito milenar diretamente sobre uma via expressa em operação contínua, sem deixar cair uma única pedra.
A rodovia Joshinetsu, que conecta Kanto a Nagano e Niigata, tornou-se palco de uma das maiores proezas da engenharia civil moderna. Uma imensa estrutura metálica foi erguida para permitir a remoção de rocha de 70 metros de altura e 80 metros de largura, localizada sobre a pista, sem interromper o tráfego e sem registrar qualquer queda de detrito. A operação, conduzida pela Obayashi Corporation, levou uma década entre preparação, simulações e execução, redefinindo padrões globais de segurança e precisão.
O projeto foi motivado por uma tragédia ocorrida em 1996, quando um deslizamento de rochas em Hokkaido matou 20 pessoas ao colapsar o Túnel Toyohama. Desde então, o Japão passou a revisar sistematicamente encostas próximas de rodovias e túneis. Em Gunma, a inspeção revelou o risco de deslizamento de um bloco gigantesco, formado há cerca de cinco milhões de anos. A resposta foi uma operação inédita que combinou tecnologia de ponta, logística milimétrica e um compromisso absoluto com a segurança.
Engenharia vertical sob o risco de gravidade

A primeira etapa consistiu na montagem de um andaime de 70 metros, equivalente a um edifício de 23 andares, cobrindo toda a encosta sobre a rodovia.
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Essa estrutura funcionou como uma fortaleza técnica, permitindo que os engenheiros acessassem cada ponto da rocha sem interromper o fluxo intenso de veículos abaixo.
Uma camada amortecedora de dois metros de espessura foi instalada sobre o pavimento para conter eventuais fragmentos, embora o objetivo fosse claro desde o início: não deixar cair sequer uma pedra.
O projeto foi calculado em dezenas de simulações, somando 85 modelos computacionais para prever os comportamentos da massa rochosa durante a fragmentação.
Cada etapa da remoção de rocha exigiu planejamento preciso, já que o andaime, os guindastes e os trilhos de acesso precisavam resistir ao peso simultâneo de caminhões e escavadeiras com até 80 toneladas.
Ferramentas de diamante e desmontagem controlada
Por estar localizada sobre uma via ativa, a demolição com explosivos foi descartada.
O tipo de rocha, o andesito, é extremamente duro e resistente à compressão, o que exigiu brocas especiais com pontas de diamante para perfuração e posterior fragmentação manual com britadores hidráulicos.
O processo foi realizado de dentro para fora, evitando que fragmentos fossem lançados em direção à estrada.
As bordas foram removidas por etapas, utilizando um método de impacto em ângulo, que fazia a rocha cair para dentro da encosta em vez de para fora.
Esse controle milimétrico de energia foi essencial para garantir estabilidade e segurança durante todo o trabalho.
Operação contínua e logística de precisão
O trabalho prosseguiu 24 horas por dia durante anos, exigindo sincronização entre equipes humanas e máquinas pesadas.
Trilhos temporários e um monotrilho vertical foram instalados na encosta para transportar equipamentos até o topo, tornando possível o acesso diário à área de risco.
Cada avanço era monitorado por sensores e drones, garantindo a integridade tanto do andaime quanto da rodovia abaixo.
A operação envolveu centenas de profissionais especializados e consolidou o Japão como referência mundial em remoção de rocha de alta complexidade.
O gerente do projeto, Takuma Ohga, afirmou que o objetivo era duplo: remover totalmente a massa instável e, ao mesmo tempo, demonstrar que engenharia e segurança podem coexistir mesmo nas condições mais adversas.
Legado técnico e inspiração pública
Após dez anos, a obra foi concluída com sucesso, e os detalhes foram abertos ao público em visitas guiadas que receberam setenta vezes mais inscrições do que o previsto.
O interesse popular refletiu o impacto do projeto, visto como símbolo de perseverança e precisão técnica.
Participantes das visitas destacaram a disciplina e a atenção à segurança como exemplos inspiradores da engenharia japonesa.
Além de eliminar um risco geológico crítico, o projeto consolidou novos padrões de construção em áreas montanhosas, mostrando que é possível atuar com alta complexidade técnica sem comprometer a mobilidade.
A remoção de rocha na rodovia Joshinetsu tornou-se um marco global da engenharia aplicada à prevenção de desastres.
Você acredita que técnicas desse nível poderiam ser aplicadas em rodovias brasileiras com riscos semelhantes? Deixe sua opinião nos comentários.



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