O robô usa luz ultravioleta-visível e inteligência artificial para diagnóstico precoce de doenças em culturas como algodão e soja, reduzindo perdas e uso de defensivos.
Um novo sistema robótico criado pela Embrapa Instrumentação, em parceria com a Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio – Comdeagro, identificou, quando ainda não há sintomas visíveis, a presença de nematoides — pragas que causam graves prejuízos — em lavouras de algodão e soja no Brasil.
A tecnologia visa tornar o diagnóstico mais rápido, reduzir o uso de defensivos e aumentar a sustentabilidade das lavouras.
O protótipo denominado LumiBot opera à noite, no estado de São Paulo, através de luz ultravioleta-visível e inteligência artificial, e já alcançou taxas de acerto acima de 80%.
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O que é e como funciona o robô da Embrapa
O LumiBot combina robótica, luz e inteligência artificial para mapear doenças em plantações de algodão e soja.
Durante o processo, o robô ilumina as folhas com luz ultravioleta-visível e capta a emissão de fluorescência (luz que as plantas reemitem após excitadas) para detectar alterações fisiológicas.
Imagens são registradas em cerca de sete segundos por folha, em ambiente escuro para eliminar interferências externas, e analisadas por algoritmos treinados para diferenciar entre doenças e outros tipos de estresse vegetal (como seca ou deficiência nutricional).
De acordo com a pesquisadora Débora Milori, coordenadora do estudo, “conseguimos gerar dados e modelos com taxas de acerto acima de 80%, além de diferenciar as doenças do estresse hídrico”.
Quem está por trás e onde o projeto acontece
O desenvolvimento é liderado pela Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), com apoio da Comdeagro, no Mato Grosso.
O protótipo foi testado em casa de vegetação, o que significa que ainda não está totalmente em operação no campo — mas os resultados preliminares são promissores.

O equipamento será apresentado oficialmente durante o Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária (Siagro), entre os dias 14 e 16 de outubro, no Campo Experimental de Automação Agropecuária da Embrapa, em São Carlos.
Culturas como algodão e soja, de grande relevância econômica para o Brasil, enfrentam perdas anuais expressivas causadas por nematoides — microrganismos que atacam raízes e comprometem o crescimento das plantas.
Estima-se que os prejuízos superem R$ 4 bilhões na cotonicultura e R$ 27 bilhões na sojicultura.
Com o robô, o diagnóstico precoce permite a aplicação de defensivos apenas nas áreas afetadas, reduzindo custos, uso de químicos e impactos ambientais, além de melhorar a eficiência da cultura.
Desafios e próximos passos
Embora o protótipo já tenha mostrado eficácia, ele ainda está em estágio de “casa de vegetação” — ou seja, em ambiente controlado.
A próxima etapa é adaptá-lo para uso em lavouras-campo, acoplando o sistema a veículos agrícolas como pulverizadores ou robôs tipo rover.
Outro desafio reside em assegurar que a luz, as câmeras e os algoritmos funcionem em condições reais de cultivo — com variações de solo, clima, posição das folhas e outras interferências — de modo a manter a precisão já alcançada nos testes.
Impacto para o agronegócio e o meio ambiente
Além de aumentar a rentabilidade dos produtores, ao evitar perdas e otimizar o uso de defensivos, o projeto fortalece a agricultura de precisão no Brasil.
Conforme ressalta o consultor Sérgio Dutra, “Com isso, evita-se o uso excessivo de defensivos químicos e a redução do impacto ambiental, um avanço importante para a agricultura de precisão no Brasil. É possível ainda melhorar a qualidade da fibra e garantir maior rentabilidade para o produtor”.
Do ponto de vista ambiental, ao aplicar defensivos apenas onde há infestação, reduz-se a dispersão de produtos químicos no solo e na água, o que promove um uso mais sustentável dos recursos.
O que o robô da Embrapa representa para o futuro
Este tipo de tecnologia representa uma mudança de paradigma: do monitoramento manual, reativo e genérico, para uma detecção automatizada, precoce e localizada.
A combinação de robô + luz + inteligência artificial abre caminho para diagnósticos rápidos, precisos e menos invasivos no campo.
Nesse sentido, o LumiBot pode servir de espelho para outras culturas além de algodão e soja, estendendo o uso de tecnologias similares a diferentes plantas, agentes patogênicos e sistemas de cultivo.
Sendo assim, pode-se concluir que o robô que utiliza luz e inteligência artificial para diagnóstico de doenças em algodão e soja marca um passo significativo rumo a uma agricultura mais inteligente, eficiente e sustentável.
Com informações do Agro Estadão e Embrapa.



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