Cobre: o novo petróleo que pode decidir o rumo da economia global. Metal estratégico impulsiona carros elétricos, energia limpa e inteligência artificial, mas enfrenta escassez e disputa geopolítica.
O cobre está deixando de ser apenas um insumo industrial para se tornar um ativo estratégico de proporções globais. Chamado de “novo petróleo” por especialistas, o metal é indispensável para carros elétricos, linhas de transmissão, energia solar e eólica, data centers e até sistemas de inteligência artificial. Segundo a S&P Global, até 2050 o mundo precisará de mais cobre do que tudo o que foi consumido entre 1900 e 2021. Isso significa concentrar mais de 120 anos de demanda em apenas 28 anos em um momento de oferta limitada e extração cada vez mais complexa.
A transição energética e a digitalização acelerada colocaram o cobre no centro de uma disputa que envolve tecnologia, economia e geopolítica. Se no século XX o petróleo determinou o poder das nações, no século XXI o cobre pode assumir esse papel. A escassez crescente, somada ao domínio chinês no refino, levanta preocupações sobre segurança estratégica e estabilidade de preços.
Por que o cobre é tão valioso
Apelidado de “metal da eletrificação” e conhecido em Wall Street como Dr. Copper por antecipar ciclos econômicos, o cobre é imbatível na condução de eletricidade em larga escala superado apenas pela prata, cujo custo inviabiliza aplicações industriais.
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Além disso, é maleável, durável e resistente à corrosão, podendo ser moldado em fios e lâminas para diversas aplicações.
Essa versatilidade faz com que ele esteja presente em cabos, motores, transformadores, baterias, sistemas de resfriamento e redes de transmissão. Com a explosão da eletrificação global, sua importância cresce em ritmo acelerado.
Demanda em alta e números impressionantes
O avanço dos carros elétricos é um dos principais motores dessa procura. Um veículo a combustão consome cerca de 24 kg de cobre, enquanto um elétrico usa entre 60 e 83 kg até quatro vezes mais. Em ônibus elétricos, esse número pode chegar a 370 kg por unidade.
Outro fator é a infraestrutura necessária para carregar essa frota: postos de recarga, transformadores e quilômetros de cabos elétricos. A energia solar e eólica também puxam o consumo a geração eólica offshore, por exemplo, utiliza três vezes mais cobre do que usinas a carvão.
A digitalização global e a inteligência artificial também estão na conta. Estudos da BHP indicam que até 2050 os data centers podem consumir 3 milhões de toneladas anuais de cobre, contra 500 mil toneladas atuais.
O desafio da extração
Apesar da abundância geológica estimada em 3,5 bilhões de toneladas não descobertas a viabilidade econômica é um entrave. Hoje, a concentração média de cobre nas minas é de apenas 0,6% a 1%, contra até 10% há um século. Isso significa mais rocha para menos metal, elevando custos, consumo de energia e tempo de produção.
Abrir uma nova mina pode levar 10 a 23 anos devido a questões ambientais, licenciamento e negociações com comunidades locais. Para atender à demanda projetada, seriam necessárias três minas de grande porte produzindo 300 mil toneladas por ano cada um investimento de mais de US$ 500 bilhões.
O fator geopolítico: a China no controle
Chile e Peru extraem quase metade do cobre do planeta, mas a China é quem domina o refino: processa 47% do metal mundial e consome 54% de todo o cobre refinado, quase oito vezes mais que os Estados Unidos. Essa estratégia foi construída ao longo de décadas, garantindo ao país influência direta sobre a velocidade da transição energética global.
Com países africanos como a República Democrática do Congo e a Zâmbia também na lista dos grandes produtores, a instabilidade política e a concentração geográfica ampliam o risco de volatilidade e crises de abastecimento.
Caminhos para o futuro
Para reduzir a dependência de novas minas, a reciclagem ganha força. Atualmente, 60% do cobre descartado é reaproveitado, e estimativas indicam que essa taxa pode chegar a 90% até 2040. Iniciativas como a da Vivo, que pretende vender 120 mil toneladas de cobre de sua rede antiga de telefonia, mostram que a economia circular será parte crucial da solução.
Ainda assim, especialistas alertam: sem oferta suficiente e preços acessíveis, a revolução elétrica pode desacelerar. A corrida pelo cobre será um teste de equilíbrio entre sustentabilidade, economia e geopolítica.
E você, acredita que o cobre realmente será o “novo petróleo”? Essa dependência pode criar novos conflitos ou abrir oportunidades para países que souberem explorar o metal de forma estratégica? Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir a visão de quem acompanha de perto essas mudanças.