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Continente africano se parte ao meio e cientistas confirmam: novo oceano começa a nascer sob a Etiópia

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 14/10/2025 às 21:15
Fenda continental no leste da África vista de cima, mostrando terreno árido, montanhas vulcânicas e a separação das placas tectônicas sob a Etiópia.
A fenda que corta o leste da África, registrada na região de Afar, simboliza o processo geológico que pode dar origem a um novo oceano.
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A fenda que atravessa a Etiópia revela pulsos do manto terrestre que podem criar um novo oceano no leste africano

Pesquisas publicadas em 2025 na revista Nature Geoscience revelam que pulsos rítmicos de rocha derretida estão subindo do interior da Terra sob a região de Afar, na Etiópia.
Esses movimentos subterrâneos estão rasgando o continente africano ao meio. Além disso, o estudo, conduzido por cientistas das universidades de Southampton e Swansea, no Reino Unido, indica que o fenômeno é contínuo e extremamente profundo.
Assim, os pesquisadores concluíram que esses movimentos do manto moldam lentamente a crosta terrestre e, com o passar do tempo, podem dar origem a um novo oceano. Portanto, o trabalho aponta para um futuro geológico inédito no planeta.

O coração da Terra pulsa sob a Etiópia

De acordo com a principal autora do estudo, Emma Watts (Universidade de Swansea), o manto sob Afar não é estático.
Pelo contrário, ele se comporta como um “coração geológico pulsante”, enviando ondas de calor e material fundido para cima. Como resultado, essas pulsações enfraquecem a crosta terrestre e aceleram a separação das placas tectônicas.
Além disso, Watts explicou que essas pulsões mantélicas têm assinaturas químicas distintas, revelando uma forte interação entre o interior da Terra e sua superfície.
Assim, a descoberta amplia a compreensão sobre como o planeta se transforma internamente ao longo do tempo e reforça a importância de estudos multidisciplinares para entender tais processos.

A região mais instável do planeta

A região de Afar é considerada uma das áreas mais geologicamente instáveis do mundo, pois abriga o encontro de três grandes falhas tectônicas: o rifte do Mar Vermelho, o rifte do Golfo de Áden e o Grande Rifte Etíope. Dessa forma, esse ponto triplo se tornou o cenário ideal para o rompimento continental.
À medida que as placas se afastam, a crosta terrestre se alonga e se torna mais fina, abrindo espaço para o surgimento de uma nova bacia oceânica. Esse processo, no entanto, deve levar milhões de anos até atingir sua forma completa.
Durante as coletas realizadas entre 2022 e 2024, os cientistas analisaram mais de 130 amostras de rochas vulcânicas da região. Como resultado, eles descobriram padrões químicos que se repetem, semelhantes a “códigos de barras geológicos”.
Esses padrões revelam que o manto pulsa de maneira constante e organizada, com comportamento semelhante a um batimento cardíaco. Segundo o pesquisador Tom Gernon (Universidade de Southampton), nos riftes que se expandem mais rapidamente, as pulsações se propagam com maior eficiência, como se fossem correntes de energia fluindo em uma artéria estreita.
Assim, o fenômeno demonstra como o interior do planeta influencia diretamente o exterior.

Um continente em transformação

Conforme destacou Derek Keir (Universidade de Southampton), o movimento contínuo do manto aquece e desgasta a crosta terrestre, provocando vulcanismo intenso e terremotos frequentes. Dessa maneira, os cientistas apontam que o continente africano está se partindo lentamente ao meio, o que representa um marco na evolução geológica da Terra.
Além disso, a evolução dessas elevações profundas do manto está diretamente ligada ao movimento das placas tectônicas, permitindo compreender com mais precisão o ritmo do vulcanismo e da fragmentação continental.
Embora o processo ocorra em uma escala de tempo extremamente lenta, os cientistas afirmam que o resultado é inevitável. Assim, o Chifre da África se separará do restante do continente, e a fenda aberta será preenchida pela água do mar, criando um novo oceano. Com isso, a paisagem será semelhante ao Atlântico primitivo, formado há dezenas de milhões de anos.

Um olhar para o futuro da Terra

O estudo reforça que o rift africano começou a se abrir há cerca de 31 milhões de anos, durante o Oligoceno. Além disso, as principais fases de expansão ocorreram entre 35 e 11 milhões de anos atrás, nos sistemas do Golfo de Áden, do Mar Vermelho e do Grande Rifte Etíope.
As amostras analisadas, com idades inferiores a 2,5 milhões de anos, confirmam que o processo ainda está ativo. Portanto, os pesquisadores acreditam que ele continuará por milhões de anos, remodelando completamente o mapa do continente africano.
Para Emma Watts, esta é apenas a primeira etapa de uma nova compreensão sobre o funcionamento interno do planeta.
Assim, a pesquisadora ressaltou que, sem o uso de várias técnicas combinadas, seria “como montar um quebra-cabeça sem todas as peças”. Por isso, a cooperação entre universidades de diferentes países é fundamental para entender a dinâmica terrestre e prever como o planeta continuará evoluindo nas próximas eras geológicas.

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Caio Aviz

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