Chinês (Simplificado) 
Chinês (Tradicional) 
Inglês 
Francês 
Alemão 
Italiano 
Japonês 
Norueguês 
Espanhol 
4 min de leitura
0 comentários
Estudo global da Mission Possible Partnership (MPP), divulgado em junho de 2025, revela que países emergentes se destacam em investimentos e projetos na indústria limpa mundial
A corrida global pela indústria limpa tem apresentado mudanças expressivas nos últimos anos. Em junho de 2025, a Mission Possible Partnership (MPP) publicou o relatório “Indústria Limpa: Tendências de Transformação”, que traça um panorama atual e altamente detalhado do avanço dos investimentos mundiais em tecnologias limpas.
A China segue na liderança, com 25% dos US$ 250 bilhões já aplicados em plantas industriais limpas. No entanto, países emergentes do novo ‘cinturão industrial solar’ — como Índia, Egito e Brasil — ganham força. Segundo o estudo, esse grupo já detém 59% de um pipeline global de US$ 1,6 trilhão em projetos anunciados.
Investimentos globais e oportunidades de crescimento
Atualmente, os investimentos já comprometidos no setor somam US$ 250 bilhões, embora a oportunidade global seja cinco vezes maior. Quase 700 projetos aguardam financiamento, o que representa uma enorme janela de crescimento.
Ainda assim, quase 70 governos podem garantir vantagem competitiva global ao apoiar projetos limpos com políticas públicas eficazes. Além disso, mais da metade desse potencial de investimento concentra-se nos países emergentes do novo cinturão industrial.
As regiões envolvidas incluem América do Sul, África e Ásia. Nelas, condições naturais, políticas favoráveis e energia solar de baixo custo criam um ambiente altamente propício para o desenvolvimento industrial sustentável.
Estrutura e foco dos projetos industriais limpos
De acordo com o Rastreador Global de Projetos da MPP, lançado em sua terceira edição, existem hoje 823 plantas industriais limpas em 69 países. Os projetos abrangem setores essenciais, como:
- alumínio,
- produtos químicos,
- cimento,
- aviação,
- aço.
Além disso, o relatório aponta que 69 plantas já estão operacionais e 65 possuem financiamento garantido. No entanto, ainda restam 692 projetos anunciados, porém não financiados.
Nos últimos seis meses, apenas oito projetos chegaram à fase de decisão final de investimento. Caso essa taxa de conversão se mantenha, seriam necessários cerca de 40 anos para concluir o pipeline atual.
O papel crescente da amônia verde
A amônia verde desponta como protagonista. De acordo com o relatório, mais de 75% das futuras plantas de amônia verde em escala comercial estão nos países emergentes do cinturão solar.
Importante destacar: a amônia limpa, além de essencial para fertilizantes agrícolas, é fundamental na fabricação de explosivos e desponta como combustível limpo promissor.
Queda nos custos de energia solar e eletrolisadores permite que esses países alcancem preços inferiores aos da amônia cinza baseada em combustíveis fósseis até 2035.
Com isso, a amônia verde do cinturão poderá custar até 50% menos do que aquela produzida em mercados desenvolvidos, como Europa Ocidental e Estados Unidos.
Veja os destaques por país:
- Índia: 8% da capacidade planejada — fertilização equivalente a quase três quartos do seu território;
- Egito: 7% — área de fertilização duas vezes maior que o próprio país;
- Omã, Mauritânia e Chile: 6% cada — fertilização equivalente a seis Omãs.
Impactos socioeconômicos e oportunidades para países emergentes
Em países de baixa e média renda, a transição para a indústria limpa abre portas para reduzir emissões e atrair investimentos. Além disso, estimula a criação de empregos, fortalece a segurança energética e agrícola e aumenta a competitividade internacional.
Segundo Dan Ioschpe, Campeão de Alto Nível da COP30, as empresas já veem o investimento em processos sustentáveis como um vetor de geração de valor a longo prazo.
Ele destaca que os países do Sul Global estão maximizando seu potencial energético renovável. Portanto, isso impulsionará cadeias de valor locais e resultará em desenvolvimento socioeconômico significativo.
Cenário competitivo entre as grandes economias
Enquanto isso, EUA e União Europeia enfrentam desafios: juntos, anunciaram US$ 450 bilhões em projetos. Porém, sem políticas públicas estáveis e incentivos adequados, correm o risco de perder posição de liderança global.
Para manter a competitividade, essas regiões precisam:
- melhorar políticas de financiamento,
- garantir demanda doméstica sólida,
- oferecer custos de capital mais atrativos.
Conforme enfatizou Faustine Delasalle, CEO da MPP e Diretora Executiva do ITA, “as indústrias do passado estavam próximas do carvão; as novas se instalarão onde houver energia limpa e barata”.
Além disso, a realocação da base industrial mundial já começou. Segundo Delasalle, o novo cinturão solar poderá ultrapassar o Ocidente em setores-chave como a amônia verde.
Ações necessárias para acelerar a transição industrial
Por fim, o relatório reforça que, para acelerar a transição e garantir competitividade, será preciso multiplicar por cinco o volume de investimentos atuais.
Além disso, é fundamental que governos:
- implementem programas de padrão de combustível,
- adotem precificação de carbono,
- criem estruturas estatais de apoio,
- estimulem compras públicas de produtos industriais limpos.
Ferramentas como o Green Demand Policy Playbook e o Green Purchase Toolkit, elaboradas pelo ITA, oferecem estratégias práticas e baseadas em evidências para alcançar esses objetivos.
Segundo Christiana Figueres, cofundadora da Global Optimism, “o Rastreador da MPP demonstra que uma nova Revolução Industrial está em curso”. Ela ainda ressalta: países em desenvolvimento têm uma enorme chance de superar o uso de combustíveis fósseis e construir uma base industrial sustentável para o século XXI.
-
Uma pessoa reagiu a isso.