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Nordeste volta a ter megaprojeto bilionário que vai cortar o Brasil de norte a sul: hidrovia de 1.371 km com integração ferroviária pode tirar até 1.200 caminhões das estradas e transformar a logística nacional

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 28/08/2025 às 16:06
Reativação da Hidrovia do São Francisco promete revolucionar a logística, integrar modais e reduzir custos no transporte de cargas.
Reativação da Hidrovia do São Francisco promete revolucionar a logística, integrar modais e reduzir custos no transporte de cargas.
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cargas no país, com integração entre modais, redução de custos, impacto ambiental positivo e fortalecimento econômico em regiões estratégicas do Brasil.

O Ministério de Portos e Aeroportos autorizou nesta terça-feira (26), a Companhia Docas do Estado da Bahia a iniciar os estudos para reativar a Hidrovia do São Francisco, recolocando na agenda nacional um corredor de 1.371 quilômetros que conecta Pirapora (MG) a Juazeiro (BA) e Petrolina (PE).

A portaria foi assinada pelo ministro Silvio Costa Filho e publicada no Diário Oficial da União, abrindo caminho para modelagem, concessão e retomada da navegação comercial no trecho.

Na análise técnica, a Codeba deverá avaliar operações, logística e regulação, além de indicar como viabilizar a exploração privada da infraestrutura.

O objetivo é reconstruir um eixo intermodal com ferrovias e rodovias, reduzindo custos e encurtando prazos no transporte de cargas entre o Centro-Sul e o Nordeste.

Segundo reportagem publicada pela Agência Gov, o governo, a projeção inicial é movimentar 5 milhões de toneladas já no primeiro ano de operação comercial.

Navegação entre Minas, Bahia e Pernambuco

Com navegação prevista entre Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, o projeto busca restabelecer um corredor que perdeu relevância na última década e recolocar o Velho Chico no mapa da logística pesada.

O desenho permite que cargas partam do interior mineiro rumo ao Nordeste — e no sentido inverso —, com transbordo para trilhos e rodovias em pontos estratégicos do traçado.

Além da economia de escala, pesa o ganho ambiental.

Um comboio hidroviário pode substituir até 1,2 mil caminhões em uma única viagem, reduzindo emissões de CO₂ e o desgaste da malha rodoviária.

Em termos energéticos, a navegação fluvial consome menos por tonelada transportada, o que eleva a competitividade do corredor aquaviário frente ao modal rodoviário de longa distância.

Execução em três etapas

Para viabilizar a reativação, o Ministério estruturou a obra em três etapas, todas com integração intermodal para garantir escoamento contínuo.

A primeira fase concentra intervenções em 604 quilômetros navegáveis entre Juazeiro e Petrolina, passando por Sobradinho até Ibotirama.

Desse ponto, as cargas seguem por rodovias até o Porto de Aratu-Candeias (BA).

A segunda fase abrange 172 quilômetros entre Ibotirama, Bom Jesus da Lapa e Cariacá (BA), conectando a malha ferroviária aos portos de Ilhéus e de Aratu-Candeias.

Por fim, a terceira fase amplia a hidrovia em 670 quilômetros, ligando Bom Jesus da Lapa/Cariacá a Pirapora (MG).

Principais cargas transportadas

A carteira de cargas é diversificada e foi desenhada para atender frentes industrial, agropecuária e de insumos.

Saindo de Petrolina (PE), barcaças transportarão gesso agrícola, gipsita, drywall e calcário até Pirapora (MG), com distribuição posterior ao Sudeste e ao Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

A partir de Juazeiro (BA), açúcar e óleo seguirão rumo a Pirapora para abastecer os mesmos mercados.

O sal potiguar desce até Remanso (BA), encontra o São Francisco e prossegue até Pirapora.

No sentido inverso, o café parte de Pirapora para Juazeiro e Petrolina, atendendo à demanda do Nordeste.

milho, soja, algodão, adubo e outros insumos saem por via terrestre de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães (BA) até Ibotirama, embarcam na hidrovia até Juazeiro e, de lá, podem seguir por rodovia ou ferrovia ao Porto de Aratu, em Salvador.

Estrutura de apoio e cronograma

Para sustentar a operação, está prevista a implantação de 17 Instalações Portuárias Públicas de Pequeno Porte (IP4), voltadas ao transporte de cargas e passageiros na Bahia, Pernambuco e Alagoas.

Seis unidades estão em fase de projeto e outras 11 em planejamento.

Os editais das IP4 de Petrolina e Juazeiro têm publicação prevista para setembro, com início das obras em janeiro de 2026.

O escalonamento reduz gargalos locais, distribui o tráfego ao longo do rio e melhora a frequência de atracações em áreas urbanas.

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Impactos econômicos e ambientais

Ao combinar hidrovia, ferrovia e rodovias, o projeto busca diluir custos logísticos em longas distâncias, tornando mais competitivo o transporte de commodities agrícolas, insumos industriais e produtos de base mineral.

No médio prazo, a expectativa é abrir novas rotas de escoamento da produção do Oeste baiano e ampliar o acesso do interior mineiro aos portos baianos, com reflexo direto na matriz de custos de exportadores e da indústria de transformação.

Segundo o ministro Silvio Costa Filho, a reativação é peça estratégica para o desenvolvimento regional porque integra modais, diminui emissões e eleva a eficiência do transporte.

Em suas palavras, “a reativação da Hidrovia do São Francisco vai fortalecer a economia local, promovendo um transporte mais eficiente, sustentável e integrado com outros modais”.

Enquanto os estudos avançam, a portaria publicada delimita o escopo e as responsabilidades da Codeba, deixando claro que a etapa de diagnóstico e estruturação é condição para definir investimentos, formato de concessão e ritmo de execução.

A modelagem deverá indicar a melhor combinação entre dragagens, sinalização, terminais de apoio e pontos de integração ferroviária e rodoviária, de modo a garantir segurança da navegação, previsibilidade operacional e equilíbrio econômico-financeiro de contratos.

Ainda que o cronograma final dependa dos estudos, o arranjo por etapas permite iniciar a circulação por trechos com maior maturidade de engenharia e maior densidade de carga, como o Juazeiro–Ibotirama.

A partir daí, a expansão para Bom Jesus da Lapa/Cariacá e, por fim, Pirapora consolida o eixo longitudinal, com ganhos acumulados de eficiência a cada fase entregue.

No horizonte de benefícios, a queda no fluxo de carretas em longos percursos deve aliviar rodovias estratégicas e reduzir custos de manutenção viária.

O efeito ambiental também é relevante: com menos emissões por tonelada-quilômetro e menor consumo energético, a hidrovia reforça a transição para cadeias logísticas mais limpas sem abrir mão da competitividade.

A retomada do Velho Chico como grande artéria de transporte recoloca o Nordeste no centro de um debate crucial sobre custo Brasil e integração territorial.

Na sua visão, a Nova Hidrovia do São Francisco tem potencial para transformar o transporte de cargas no Brasil e o Nordeste, enfim, receber o investimento logístico que há tanto tempo espera? Compartilhe sua opinião nos comentários

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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