Um marco em salvaguardas socioambientais
Em uma ação pioneira no Brasil, comunidades do Nordeste, diretamente impactadas pela expansão dos parques eólicos, uniram-se para formular um conjunto abrangente de mais de 100 salvaguardas socioambientais. Este documento, intitulado “Salvaguardas Socioambientais para Energia Renovável”, simboliza o primeiro esforço nacional de propor medidas mitigadoras para os efeitos adversos da geração de energia eólica, especialmente sobre comunidades e povos tradicionais e campesinos.
Este movimento, fruto de um ano de discussões e análises meticulosas, traz à tona a necessidade urgente de uma abordagem mais consciente e responsável na expansão rápida do setor de energias renováveis. O documento detalha como essa expansão tem intensificado conflitos territoriais, ameaçado a biodiversidade, e exacerbado injustiças e danos socioambientais.
Desafios e soluções propostas
As salvaguardas abordam desafios críticos, entre eles, a disparidade nos contratos entre empresas e pequenos proprietários, a falta de análises qualificadas em outorgas concedidas pela Aneel e ineficácias no licenciamento ambiental. O grupo propõe soluções práticas como a definição de um conteúdo mínimo contratual para arrendamento, a definição de distâncias mínimas entre torres eólicas e edificações, e a priorização de áreas degradadas para novas instalações, visando reduzir o desmatamento.
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A preocupação com a poluição sonora e luminosa também figura entre as recomendações, com sugestões para estudos específicos que possam mitigar esses impactos. Além disso, o documento enfatiza a necessidade de proteger as atividades tradicionais, a agricultura familiar, e as áreas protegidas, fortalecendo as políticas de fomento dessas práticas em detrimento do avanço das instalações eólicas.
Direitos humanos e consulta prévia
O direito à consulta prévia, livre e informada, conforme previsto na Convenção 169 da OIT, é uma das pedras angulares das salvaguardas propostas. Representantes das comunidades, como a professora Maria Rosa Almeida Alves do Movimento Salve as Serras, ressaltam a importância da integridade dos direitos humanos e da observância das leis ambientais, apontando para projetos específicos onde essas normas não estão sendo respeitadas.
Durante o processo colaborativo de elaboração do documento, diversos encontros presenciais foram realizados em capitais nordestinas, sob a égide do Plano Nordeste Potência. Esta iniciativa, uma coalizão de ONGs, enfatiza que a transição energética deve ser realizada de maneira socialmente justa e inclusiva, considerando não apenas o meio ambiente mas também o bem-estar e os direitos das comunidades locais.
Em resumo, este documento representa um marco significativo na luta por uma energia renovável que seja verdadeiramente sustentável, enfatizando a importância de uma transição energética que respeite os direitos e o modo de vida das comunidades locais, e que esteja alinhada com os mais altos padrões de justiça social e ambiental.
Fonte: Juliana Zambelo – ClimaInfo.