Parceria entre Nestlé e BB oferece crédito verde de R$ 100 milhões para descarbonizar a produção de leite.
A Nestlé e o Banco do Brasil firmaram uma parceria inédita de R$ 100 milhões voltada para o financiamento de práticas de agricultura regenerativa na produção de leite.
O programa, lançado neste mês, pretende beneficiar cerca de mil produtores dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, com foco em reduzir as emissões de carbono e tornar a pecuária mais sustentável.
A multinacional suíça atuará como ponte entre o banco e os produtores, auxiliando os pecuaristas na aplicação dos recursos em tecnologias e práticas de baixo carbono.
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O objetivo é garantir que os investimentos realmente tragam impacto ambiental positivo e melhorem a eficiência produtiva das fazendas de leite.
Agricultura regenerativa e inovação no agro
O programa inclui orientações sobre manejo do solo, bem-estar animal, uso de energia limpa e técnicas agrícolas que favorecem a regeneração ambiental.
Essas ações se alinham ao compromisso global da Nestlé de atingir emissões líquidas zero até 2050, reforçando o papel estratégico do agro sustentável na cadeia de valor da empresa.
De acordo com Bárbara Sollero, diretora de agricultura regenerativa da Nestlé, o Brasil é hoje o maior polo mundial da companhia na compra de leite fresco e referência em sustentabilidade.
“A parceria com o BB rompe uma das principais barreiras para a transição em escala, que é o acesso ao financiamento com taxas competitivas. Acelerar a transformação da cadeia do leite é parte central da nossa estratégia”, explica Sollero.
Linhas de crédito competitivas e impacto direto no campo
As linhas de crédito do Banco do Brasil usadas na iniciativa são as mesmas tradicionalmente oferecidas para investimento e custeio rural, mas agora com condições especiais para projetos que envolvam redução de emissões e regeneração ambiental.
Segundo João Fruet, diretor de corporate e banco de investimento do BB, o convênio é uma amostra de como o banco busca promover o uso sustentável do crédito rural.
“O convênio permite ao produtor a obtenção de financiamentos com taxas competitivas e à empresa conveniada a originação da matéria destinada à sua produção”, afirma Fruet.
A estimativa é de que o valor inicial de R$ 100 milhões seja desembolsado em cerca de oito meses, mas tanto o banco quanto a Nestlé sinalizam que o montante pode ser ampliado.
“É um valor bom pra começar, porque a cadeia do leite tende a ter produtores menores e até por isso é importante a curadoria da Nestlé nesse processo. Mas não temos restrições de valores, estamos prontos para ir adiante”, acrescenta Fruet.
Incentivos e metas sustentáveis no setor de leite
Os produtores que fazem parte do programa Nature por Ninho, iniciativa da Nestlé, são recompensados conforme o nível de adoção de práticas regenerativas, avaliadas nos selos bronze, prata, ouro e diamante.
A companhia destaca que 70% das emissões de carbono de seus produtos vêm dos ingredientes agrícolas, e quase metade disso está ligada ao leite.
Por isso, investir na pecuária sustentável é uma das prioridades da empresa.
“Há muitos anos estamos trabalhando e engajando os produtores nessa jornada de descarbonização. Agora entramos em uma nova etapa, que é conseguir linhas de crédito atrativas para os investimentos e vencer a barreira da escala na agricultura regenerativa”, diz Sollero.
Expansão futura e novos caminhos para o agro
Além de reduzir o impacto ambiental da pecuária, a parceria abre espaço para novos modelos de financiamento verde dentro do agro brasileiro.
O Banco do Brasil vê nessa colaboração uma oportunidade de atingir suas metas de investimento sustentável e apoiar o produtor na transição para uma economia de baixo carbono.
“Com a descarbonização vamos trilhando um caminho e podemos começar a discutir questões que não são o foco hoje, mas que têm potencial, como a captura e comercialização de carbono. Podemos ajudar o produtor a ter acesso a liquidez em outros mercados”, conclui Fruet.
Com isso, Nestlé e Banco do Brasil consolidam um modelo de parceria que une financiamento acessível, tecnologia e sustentabilidade, reforçando o protagonismo do agro brasileiro na transição verde global.