Primeira ligação submersa entre Santos e Guarujá promete mudar a mobilidade da Baixada Santista, com impacto em carros, pedestres, ciclistas e VLT, após leilão vencido por construtora portuguesa com participação de capital chinês.
Mota-Engil arremata concessão do túnel Santos-Guarujá com deságio de 0,5% A portuguesa Mota-Engil venceu o leilão para construir e operar o túnel imerso Santos-Guarujá, primeira travessia submersa do país.
A disputa ocorreu nesta sexta-feira, 5 de setembro, na sede da B3, em São Paulo, e terminou com deságio de 0,5% sobre a contraprestação pública máxima. A espanhola Acciona também participou, mas não apresentou desconto.
Investimento bilionário e prazo de concessão
Pelas regras do edital, o empreendimento será contratado como PPP patrocinada, com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões e contrato de 32 anos.
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A contraprestação pública anual de referência é de R$ 438 milhões, paga após o início da operação.
O projeto integra o Novo PAC e foi estruturado em parceria entre o governo de São Paulo e o governo federal.
Estrutura do túnel submerso
A solução de engenharia prevê 1,5 quilômetro de extensão total, dos quais 870 metros ficarão imersos no leito do estuário que dá acesso ao Porto de Santos.
O desenho inclui três faixas por sentido, sendo uma dedicada ao VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), além de ciclovia, passagem para pedestres e galeria técnica.
A técnica de túneis imersos, já aplicada em países europeus e asiáticos, será utilizada pela primeira vez no Brasil.
Quem venceu e quanto vai custar
A Mota-Engil superou a Acciona ao oferecer o maior desconto sobre a contraprestação. Segundo o governo federal, trata-se da maior obra de infraestrutura do Novo PAC no setor aquaviário.
O modelo prevê que parte relevante do investimento seja aportada pelo poder público, com a concessionária responsável por construir, operar e manter a ligação durante o prazo contratual.
Ligação entre Santos e Guarujá
O túnel ligará Outeirinhos/Macuco, em Santos, ao Vicente de Carvalho, no Guarujá, eliminando a dependência exclusiva de balsas e reduzindo o percurso rodoviário hoje feito por vias mais longas.
O traçado foi dimensionado para permitir a passagem segura de embarcações no canal do porto e para acomodar o corredor do VLT, que se integrará ao sistema metropolitano da Baixada Santista.
Tempo de travessia reduzido
Atualmente, a ligação entre as cidades ocorre por balsa ou por rodovia.
A distância de cerca de 400 metros na balsa é percorrida em aproximadamente 7 minutos, mas a espera pode variar de 15 minutos a mais de 1 hora, a depender da maré e da demanda.
Pelo caminho terrestre, o deslocamento pode chegar a 1 hora, conforme o volume de tráfego.
Com o túnel, o poder público e publicações especializadas estimam viagem em torno de cinco minutos, com fluxo contínuo.
Público atendido diariamente
Os dados mais recentes indicam cerca de 21 mil veículos por dia na travessia, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres que utilizam embarcações entre Santos e Guarujá.
O governo federal projeta até 80 mil pessoas por dia utilizando a futura passagem quando estiver em operação, aliviando filas e ampliando a previsibilidade dos deslocamentos.
Autoridades presentes no leilão
A sessão pública contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, do governador Tarcísio de Freitas e de ministros como Fernando Haddad (Fazenda) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), além de Márcio França (Empreendedorismo).
Eles acompanharam a abertura dos envelopes e a batida do martelo na bolsa paulista.
Fiscalização e regulação do contrato
A Antaq fará a fiscalização da concessão em cooperação com a Artesp, dada a interface direta com as operações portuárias de Santos e com a mobilidade urbana da região.
O arranjo regulatório foi definido em acordo de cooperação técnica entre União e Estado, que prevê atuação coordenada desde o planejamento até a execução.
Cronograma previsto
Após o leilão, a expectativa divulgada por autoridades é assinar o contrato ainda em 2025, desenvolver os projetos executivos ao longo de 2026 e concluir as obras por volta de 2031.
Esses marcos ainda dependem da tramitação contratual e das licenças definitivas.
Perfil da Mota-Engil
Fundada em Portugal, a Mota-Engil tem atuação ampla em infraestrutura na Europa, América Latina e África.
Em 2021, a estatal chinesa CCCC entrou no capital da companhia e hoje detém 32,41% das ações, como acionista de referência. A família Mota segue como principal controladora.
A presença da CCCC dá fôlego financeiro à empresa europeia, mas a operação no Brasil será conduzida pela estrutura local da Mota-Engil, vencedora do certame.
Impacto na mobilidade da Baixada Santista
A nova ligação tende a encurtar deslocamentos cotidianos e a integrar modais — automóveis, bicicletas, pedestres e VLT —, tornando previsível uma travessia que hoje oscila conforme a demanda e as condições do estuário.
Também deve desafogar o trânsito na rota rodoviária usada por caminhões e ônibus que atendem o Porto de Santos, com impacto direto na logística regional.
No curto prazo, a execução exigirá organização de frentes de obra e eventuais intervenções viárias nas marginais do canal.
Disputa internacional
A licitação atraiu duas empresas estrangeiras e reforçou a presença de grupos europeus em grandes concessões no Brasil.
Embora a Mota-Engil tenha capital chinês relevante em sua estrutura acionária, a companhia é de origem e sede europeias, o que explica o resultado alinhado ao título: a primeira travessia submersa brasileira ficará a cargo de uma empresa portuguesa.
Com obras previstas para iniciar após a assinatura do contrato, a expectativa de usuários e gestores é de que a nova passagem encurte o percurso “de uma hora para poucos minutos”.
Na prática, qual aspecto da obra mais deve transformar sua rotina: a faixa do VLT, a ciclovia ou a redução do tempo de viagem?
Na verdade a empresa portuguesa vai construir em parceria com uma empresa chinesa