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Naufrágio mais rico da história revela moedas raras — países disputam carga de R$ 95 bi, possivelmente do galeão San José (1708)

Publicado em 12/06/2025 às 07:22
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Detalhes das moedas de ouro observadas em imagens de ROV no local do naufrágio indicam que elas vieram do naufrágio do galeão do tesouro San José, em 1708 — Foto: ARC-DIMAR 2022/Vargas Ariza et al.
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Pesquisadores analisam moedas raras com cruzes e castelos e reforçam a ligação entre naufrágio na Colômbia e o galeão San José, de 1708

Pesquisadores colombianos apresentaram novos dados sobre um dos maiores naufrágios da história. Um estudo detalhado reforça a hipótese de que os destroços encontrados na costa de Cartagena, na Colômbia, pertencem ao galeão San José, navio espanhol afundado em 1708.

A embarcação teria desaparecido durante uma batalha contra navios britânicos, enquanto transportava uma das cargas mais valiosas da história colonial.

180 toneladas de riqueza no fundo do mar

Segundo registros históricos, o San José levava cerca de 180 toneladas de ouro, prata e pedras preciosas. A carga estava avaliada, em valores atuais, em aproximadamente US$ 17 bilhões — o equivalente a cerca de R$ 95 bilhões.

O naufrágio ocorreu em meio a um confronto com forças britânicas no Oceano Atlântico. A embarcação liderava uma frota importante do império espanhol durante o período de colonização das Américas.

O navio foi localizado em 2015, após anos de buscas conduzidas pelo governo colombiano. A descoberta foi feita na costa do país, mas ainda não se sabia com certeza qual era sua identidade.

A presença de objetos metálicos próximos ao casco, no fundo do mar, levantou a suspeita de que se tratava mesmo do San José.

Tecnologia para investigar os destroços

Como o local do naufrágio é de difícil acesso, pesquisadores usaram veículos operados remotamente (ROVs) para explorar a área.

A tecnologia permitiu uma visita remota à embarcação, sem tocar diretamente nos destroços. O objetivo foi analisar os objetos encontrados com o mínimo de interferência possível.

Em vez de tentar retirar as moedas, os cientistas preferiram capturar imagens e fazer uma reconstrução digital em 3D da embarcação.

O resultado foi publicado na revista científica Antiquity na última terça-feira (10). Segundo os autores, o foco estava em entender melhor os objetos preservados, principalmente as moedas.

Moedas com cruzes e castelos

As moedas encontradas são conhecidas como macuquinas. Foram feitas à mão e têm formas irregulares, com cerca de 32,5 milímetros de diâmetro e 27 gramas. Elas circularam nas colônias americanas por mais de dois séculos, segundo os autores do estudo.

De um lado, elas trazem uma cruz de Jerusalém cercada por outras quatro cruzes menores, além de um escudo com castelos e leões.

No verso, exibem o símbolo dos Pilares Coroados de Hércules sobre as ondas, marca exclusiva da Casa da Moeda de Lima, no Peru.

Os pesquisadores também encontraram marcas adicionais nas peças. Algumas moedas tinham registros de um avaliador, responsável por verificar a pureza do metal antes da emissão, prática que se manteve na casa da moeda de Lima até o ano de 1707.

Afundamento datado após 1707

Com base nessas marcas, os cientistas afirmam que as moedas não poderiam ter sido fabricadas antes de 1707. Isso indica que o naufrágio do navio aconteceu após essa data, reforçando a ligação com o San José.

O galeão fazia parte de um comboio espanhol que carregava prata do Peru para a Espanha e que acabou não completando sua missão.

A identificação das moedas permitiu aos especialistas estabelecer uma cronologia mais precisa do evento. No entanto, os autores alertam que, apesar da forte evidência, ainda não é possível confirmar de forma definitiva que o navio encontrado é o San José.

O possível reconhecimento da embarcação reacende uma disputa internacional. O naufrágio do San José é um dos mais valiosos já registrados, e há divergências sobre quem tem o direito de recuperar o tesouro.

A Colômbia defende que parte da carga pode ser vendida para financiar a preservação arqueológica do navio. Porém, as leis do país podem proibir a venda de itens considerados históricos.

A Espanha também reivindica a posse do navio, com base em uma convenção do Direito do Mar, que estabelece que os destroços devem retornar ao país de origem.

Mesmo com as disputas legais em andamento, ainda não há certeza sobre a viabilidade de recuperar os objetos.

O estado frágil dos destroços e as dificuldades técnicas do local tornam a missão bastante complexa. Enquanto isso, os estudos continuam e novas análises ainda devem ser feitas.

Com informações de Revista Galileu.

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Romário Pereira de Carvalho

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