Novo trem-bala chinês promete revolucionar o transporte ferroviário com velocidade recorde, design aerodinâmico e eficiência energética, aproximando ainda mais grandes cidades e marcando uma nova fase na engenharia de alta velocidade.
O CR450, novo trem-bala desenvolvido pela China Railway, concluiu uma etapa decisiva de ensaios de pré-serviço ao atingir 453 km/h e caminha para transportar passageiros a partir de 2026, após cumprir a exigência de 600 mil quilômetros de rodagem sem falhas sob condições reais.
Projetado para operar comercialmente a 400 km/h, o conjunto integra a família Fuxing e vem sendo validado no trecho Wuhan–Yichang, parte do corredor de alta velocidade Xangai–Chongqing–Chengdu.
Testes em linha real e marco de desempenho
Desde junho, os protótipos do CR450 realizam testes operacionais no recém-construído segmento Wuhan–Yichang, com partidas na estação Yichang Norte e viagens em direção a Wuhan, no centro da província de Hubei.
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A linha, de 313 quilômetros, foi desenhada para 350 km/h e tem servido de laboratório para aferir aceleração, frenagem, estabilidade e consumo energético antes da certificação.
Em outubro, o trem registrou 453 km/h em pré-serviço, consolidando o status de “mais rápido do mundo” sobre trilhos convencionais.
Além da velocidade de ponta, os ensaios de cruzamento renderam outro marco: dois CR450 passaram um pelo outro a 896 km/h de velocidade combinada, um recorde de passagem em testes com trens de roda sobre trilho.
Esse procedimento mede a pressão aerodinâmica e a estabilidade ao encontro frontal em alta velocidade, etapa crítica para liberação comercial.
Design e engenharia do CR450

A evolução em relação ao CR400, hoje referência nas rotas de 350 km/h na China, começa pelo nariz alongado de 15 metros — 2,5 m a mais que o modelo anterior.
A silhueta mais afilada, combinada a um perfil 20 centímetros mais baixo e ao uso extensivo de materiais leves, resultou em um trem cerca de 50 toneladas mais leve.
Segundo a fabricante, o pacote aerodinâmico reduz a resistência do ar em 22%, melhora a eficiência energética e diminui o ruído.
Outra mudança visível está no bogie: o conjunto de rodas, eixos e suspensão foi carenado sob saias laterais, solução que minimiza turbulências e contribui para o ganho de eficiência.
Com o novo trem de força, o CR450 também acelera de zero a 350 km/h em 4 minutos e 40 segundos, parâmetro determinante para manter tempos de viagem competitivos em corredores com muitas paradas.
Homologação e cronograma de estreia
O plano de certificação exige que os protótipos percorram 600 mil quilômetros sem ocorrências para receber a licença de transporte de passageiros.
A meta, comunicada pela imprensa oficial, é concluir essa quilometragem durante os ensaios de tipo e de pré-serviço.
Se o cronograma for mantido, a estreia comercial em 2026 tende a ocorrer em linhas já preparadas para as velocidades de operação previstas.
A infraestrutura ferroviária define o teto de velocidade em serviço.
Hoje, a maior parte da malha de alta velocidade chinesa opera a 350 km/h.
O CR450 foi concebido para 400 km/h de cruzeiro comercial, mas a exploração dessa marca dependerá de trechos com geometria, sinalização e manutenção compatíveis.
O corredor Xangai–Chongqing–Chengdu, onde o trem é testado, é peça central dessa adaptação gradual.
Avanço tecnológico e eficiência energética
A proposta do CR450 combina maior velocidade com eficiência energética.
O conjunto mais leve e o arrasto menor ajudam a reduzir o consumo diante da elevação do patamar operacional de 350 para 400 km/h.
Em paralelo, os sistemas de frenagem e de controle de tração foram desenhados para manter distâncias de parada e níveis de segurança equivalentes aos observados hoje, apesar do ganho de velocidade.
Esse equilíbrio é essencial para viabilizar a operação diária com custos e riscos controlados.
Enquanto isso, o desempenho em ensaios indica que o trem supera o CR400 nos principais indicadores de velocidade e aceleração.
Em termos de imagem internacional, a nova série reforça a posição chinesa na tecnologia de trens de roda sobre trilho — distinta dos projetos de maglev, que utilizam levitação magnética.
No caso do CR450, trata-se de evolução incremental sobre uma base amplamente difundida, o que facilita a adoção em corredores existentes.
Testes e condições reais de operação

Os testes no segmento Wuhan–Yichang priorizam trechos com alta participação de pontes e túneis, condição útil para simular variações de pressão, temperatura e ruído em realidades operacionais desafiadoras.
O trecho liga Wuhan a Yichang, passando por cidades como Jingmen, e concluiu fases de testes operacionais em 2025 para abrir caminho à inauguração do serviço regular do próprio corredor.
Enquanto a malha se prepara, os protótipos do CR450 continuam a rodar para fechar a quilometragem de homologação.
Em paralelo, a orientação do operador é manter os 350 km/h como limite da maioria das linhas em operação, com ganhos de tempo vindos de aceleração mais rápida, cruzamentos mais eficientes e possíveis incrementos pontuais de velocidade onde a infraestrutura permitir.
Essa estratégia oferece margem de segurança durante a transição tecnológica e reduz a necessidade de intervenções complexas imediatas.
Experiência do passageiro e futuro da operação
Com o nariz de 15 m, a carroceria mais baixa e o bogie carenado, o CR450 foi desenhado para reduzir vibração e ruído percebidos na cabine, além de otimizar a pressão em túneis e cruzamentos.
A arquitetura interna segue o padrão dos trens de longa distância chineses, com cabines de negócios, primeira e segunda classes, e sistemas de monitoramento inteligente do material rodante, projetados para manutenção preditiva e disponibilidade mais alta.
A soma dessas escolhas visa encurtar viagens sem ampliar desconforto acústico ou consumo por passageiro.
Ainda que as viagens a 400 km/h dependam de faixas específicas de infraestrutura, a aceleração mais vigorosa e a estabilidade em velocidade elevam o ganho de tempo mesmo em corredores mistos.
Assim, uma eventual estreia em 2026 deve priorizar linhas com maior retorno de tempo porta a porta, conectando polos populacionais e produtivos sem exigir redesenho total da malha.
Etapas finais antes da operação comercial
Os próximos meses concentram-se em ensaios de tipo, acertos de software e verificação de sistemas de segurança, incluindo sinalização e comunicação embarcada, além de testes de resistência sob diferentes regimes de temperatura e carga.
Ao fim dessa etapa, a autoridade ferroviária decide sobre a licença para transporte de passageiros, etapa final para a entrada em serviço.
Caso a liberação ocorra no prazo esperado, a nova geração de trens poderá redefinir tempos de deslocamento em eixos estratégicos do país.
Com a perspectiva de viagens mais rápidas e silenciosas, a pergunta que fica é: quando a operação comercial começar, em quais rotas você considera que os 400 km/h farão a maior diferença no seu dia a dia?


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