Única no mundo, a bandeira do Nepal tem dois triângulos sobrepostos e simboliza dinastias, mitologia hindu e uma identidade milenar
A maioria das bandeiras nacionais do mundo segue um padrão bem definido: retangulares ou, em poucos casos, quadradas. Mas existe uma exceção marcante. A bandeira do Nepal é a única que não obedece a esse formato.
Formada por dois triângulos sobrepostos, ela tem cor vermelha com bordas azuis e dois símbolos brancos que representam o Sol e a Lua. Seu visual chama atenção e carrega uma longa história por trás.
Triângulos com história
O desenho da bandeira nepalesa é único e de formato triangular duplo. O triângulo de cima traz uma meia-lua com um pequeno sol. O triângulo de baixo exibe um sol maior, com doze raios. Ambos os emblemas são brancos.
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O fundo vermelho representa a bravura do povo e a flor nacional do país: o rododendro. Já as bordas azuis fazem parte da tradição visual do Nepal, usadas em muitas decorações locais.
O formato destoante da bandeira faz com que ela seja considerada, por estudiosos, a mais incomum entre os estandartes nacionais. Ela também é uma das mais curtas, com proporção de 5:4.
Influência das dinastias
Os dois triângulos representam mais que um simples desenho. Eles simbolizam a união das duas principais dinastias do Nepal: Shah e Rana.
A dinastia Shah era responsável pelo Reino de Gorkha, base da unificação do país. Já os Rana governaram o Nepal entre 1846 e 1951, com os monarcas Shah atuando como figuras simbólicas.
O último rei da dinastia Shah em Gorkha, Prithvi Narayan Shah, foi o idealizador do modelo que mais tarde se tornaria a bandeira oficial do Nepal. Seu objetivo era unir os diferentes reinos sob um único símbolo.
A bandeira nepalesa se inspira em símbolos antigos, inclusive da mitologia hindu. Uma das referências aparece numa ilustração do épico Mahabharata. Nela, Krishna, acompanhado de Arjuna, é transportado numa carruagem decorada com uma bandeira semelhante à do Nepal.
Essa bandeira aparece como um elemento visual de guerra, sinalizando linhagens e tradições espirituais. O uso dos astros (Sol e Lua) reforça esse sentido simbólico e místico.
Sobrevivente entre os reinos do Himalaia
Antes da dominação britânica no sul da Ásia, havia dezenas de reinos independentes com suas próprias bandeiras. Essas bandeiras usavam cores e formatos que hoje seriam considerados não convencionais.
Com o avanço do Império Britânico, a maioria desses estandartes foi desaparecendo. Muitos foram substituídos ou abandonados após a independência da Índia em 1947. O Nepal, por sua vez, permaneceu como reino soberano e manteve sua bandeira tradicional.
Mudanças no desenho
Originalmente, os emblemas solares e lunares da bandeira tinham expressões humanas. Eram desenhados com olhos, boca e nariz. O simbolismo remetia aos picos nevados do Himalaia e às planícies do sul do país, além de representar a busca por longevidade — como a do Sol e da Lua.
Em 1962, o Nepal passou por uma reforma constitucional. O rei Mahendra liderou a formação de um novo governo. Foi nessa época que as feições humanas foram removidas dos astros, para modernizar o símbolo nacional. No entanto, a estrutura geral da bandeira foi mantida.
Um símbolo que resiste
Enquanto a maioria dos países padronizou suas bandeiras para facilitar a identificação em navios e eventos internacionais, o Nepal manteve seu formato único. A tradição local superou a necessidade de se adequar ao modelo europeu de bandeiras retangulares.
A flâmula triangular é, até hoje, um reflexo do passado milenar e das raízes espirituais do país. A bandeira do Nepal continua a ser um dos maiores símbolos de identidade nacional e resistência cultural diante das mudanças geopolíticas da Ásia.
A bandeira do Nepal é mais do que uma forma diferente. Ela representa séculos de história, mitologia, tradição e autonomia. E segue, até hoje, como a única bandeira nacional do mundo que não é retangular.
Com informações de Revista Fórum.