Com o preço dos carros cada vez mais alto, as motos se consolidam como opção de mobilidade e trabalho. Produção nacional cresce, consórcios se expandem e a indústria mantém o Brasil entre os maiores fabricantes do mundo.
A motocicleta tornou-se o veículo mais acessível para milhões de brasileiros diante do salto de preços dos automóveis novos e da dificuldade de crédito.
A frota nacional já passa de 34 milhões de motos em circulação.
A produção de 2024 somou 1,748 milhão de unidades, recorde recente, e as projeções da indústria indicam novo avanço em 2025.
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Modelos de até 160 cm³ respondem por cerca de 80% das vendas.
Honda e Yamaha concentram quase 80% do mercado, com a líder mantendo participação próxima de 67%.
Preço e custo de uso puxam a escolha por duas rodas
O preço de entrada de um automóvel zero quilômetro ficou fora do alcance da maioria da população.
Mesmo nas versões mais básicas, o valor supera com folga o orçamento da maioria.
Motocicletas de baixa cilindrada, por sua vez, custam menos, exigem manutenção mais barata e rodam mais quilômetros por litro.
O pedágio também pesa menos no bolso.
Para o trabalhador que cruza a cidade todos os dias, o tempo economizado com a moto vira um ativo decisivo.
Trabalho por aplicativo e entregas consolidam a demanda
A expansão dos serviços de entrega e transporte por motocicleta mudou a paisagem urbana.
Desde a pandemia, o delivery deixou de ser nicho e se tornou infraestrutura essencial para o comércio e a alimentação.
Isso empurrou o mercado para cima e fixou a moto como ferramenta de trabalho.
Especialistas do setor apontam que o ritmo das entregas não arrefeceu com o fim das restrições sanitárias.
Pelo contrário, o hábito de comprar com entrega rápida se espalhou pelo país, inclusive em cidades médias e menores.
Consórcio dá tração onde o crédito é caro
Com juros elevados e crédito restrito, o consórcio virou a porta de entrada para o consumidor que não consegue financiamento tradicional.
A modalidade dilui a compra no tempo e amplia o público potencial.
Para as montadoras, o mecanismo ajuda a planejar produção e a fidelizar clientes pela rede de concessionárias.
Economistas ouvidos pelo setor ressaltam que uma fatia relevante das vendas nasce dos grupos de consórcio, com papel de destaque entre as marcas líderes.
Mercado de baixa cilindrada domina
O Brasil sobre duas rodas tem perfil popular.
A preferência por motos até 160 cm³ reflete preço acessível, economia de combustível e uso urbano prático.
No ranking recente de emplacamentos, modelos como Honda CG 160, Honda Biz 125 e Honda Pop 110i aparecem entre os mais vendidos.
O ticket menor, somado ao custo de uso reduzido, explica a supremacia dessa faixa.
Indústria nacional e a força do polo de Manaus
A produção de motocicletas no país se concentra no Polo Industrial de Manaus, um dos pilares da Zona Franca.
O segmento está entre os maiores em faturamento local e estrutura cadeias de fornecedores espalhadas pelo Brasil.
Há alto índice de nacionalização de componentes em modelos de grande volume, o que reduz custos logísticos e dá previsibilidade ao abastecimento.
A presença consolidada de Honda e Yamaha pavimentou a rede de concessionárias, oficinas e financiamentos.
Marcas novas e retornos recentes seguem a trilha, atraídas pela escala do mercado e pela infraestrutura montada no Amazonas.
Carro caro, renda apertada e mobilidade difícil
A perda de poder de compra pressiona o orçamento familiar, especialmente na base da pirâmide.
A informalidade elevada limita o acesso a financiamento automotivo.
Ao mesmo tempo, o transporte público insuficiente em muitas cidades empurra quem pode para soluções individuais.
Nesse cenário, a moto encaixa na vida real de quem precisa cruzar longas distâncias diariamente.
Em áreas rurais e em municípios do Norte e do Nordeste, ela substitui animais de tração e encurta deslocamentos em vias precárias.
Liderança concentrada e disputa nas faixas superiores
A liderança histórica da Honda se explica pelo foco nas cilindradas de entrada, justamente onde está a maior parte do mercado.
A Yamaha ocupa a segunda posição, também com portfólio forte no uso diário urbano.
A concorrência cresce em nichos mais caros — como trail, roadster e scooters de maior porte — e em marcas que testam assinaturas e planos para frotistas.
Mesmo assim, a base volumosa segue nas motos populares, com distribuição capilar e assistência técnica em quase todos os municípios.
Elétricas e serviços por assinatura entram no radar
O avanço das motos elétricas ainda é incipiente, mas fabricantes tradicionais têm programas pilotos e novos modelos para uso urbano.
Ao mesmo tempo, startups e montadoras oferecem assinaturas para entregadores, com planos que incluem manutenção e substituição rápida em caso de pane.
Esse arranjo reduz o desembolso inicial e ajuda a manter a moto rodando, requisito central para quem vive da entrega.
Dados recentes mostram fôlego em 2025
A indústria fechou 2024 com 1,748 milhão de unidades produzidas e ajustou para cima as projeções de 2025.
Estimativas setoriais falam em novo recorde anual, impulsionado por emplacamentos firmes e estoques sob controle.
Na abertura do ano, a participação das motos de até 160 cm³ ficou próxima de 79%.
No agregado das marcas, a Honda manteve cerca de dois terços do mercado, com a Yamaha na casa de 14%.
As demais fabricantes dividem uma fatia menor, mas crescem em nichos e regiões específicas.
Oferta acompanha a procura mesmo com crédito limitado
A combinação de consórcio, rede de fornecedores locais e escala produtiva sustenta a oferta nacional.
Com essa base, as montadoras conseguem dosar produção e priorizar modelos de giro rápido.
A estratégia reduz o risco de rupturas e garante disponibilidade mesmo quando o financiamento aperta.
Para quem precisa trabalhar, ficar sem moto não é opção.
Recreação também ganha espaço
Embora a compra por necessidade econômica seja dominante, cresce o uso recreativo em passeios, viagens curtas e grupos de fim de semana.
A maior oferta de equipamentos de segurança, vestuário e acessórios acompanha o movimento.
É um público de poder aquisitivo variado, que encontra opções acessíveis e modelos mais caros nas concessionárias.
Em um país em que distâncias são longas, salários apertados e tempo é recurso escasso, as motos de baixa cilindrada ocuparam o centro da mobilidade nacional.
A pergunta que se impõe é: o mercado conseguirá sustentar esse ritmo diante dos juros altos, da chegada dos modelos elétricos e da desaceleração econômica?



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