Protótipo britânico desenvolvido pela YASA, empresa controlada pela Mercedes-Benz, alcança mais de 1.000 cv com apenas 12,7 kg. Tecnologia de fluxo axial promete redefinir a eficiência e o desempenho dos motores elétricos.
Um protótipo de motor elétrico de fluxo axial, desenvolvido pela empresa britânica YASA, controlada pela Mercedes-Benz, alcançou mais de 1.000 cv de potência de pico em dinamômetro, com apenas 12,7 kg e dimensões comparáveis às de um prato.
O resultado representa um avanço em densidade de potência para motores elétricos e está em avaliação para futuras aplicações em modelos da divisão Mercedes-AMG.
Embora não haja confirmação de data, o projeto foi concebido com materiais disponíveis em escala industrial, segundo a fabricante.
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Como funciona o motor elétrico de fluxo axial
O motor utiliza configuração de fluxo axial, diferente do layout radial tradicional, em que o campo magnético percorre o rotor de forma perpendicular ao eixo.

Nesse novo arranjo, o fluxo ocorre paralelamente ao eixo de rotação, o que amplia a superfície magnética ativa e favorece a dissipação térmica.
A YASA informa que o protótipo atingiu 750 kW (cerca de 1.005 cv) de potência de pico, com 59 kW por quilo, número considerado expressivo na indústria.
A empresa explica que os resultados dependem de fatores como temperatura, rigidez estrutural e capacidade da bateria em sustentar correntes elevadas.
Por esse motivo, o parâmetro mais utilizado pelo setor é a potência contínua, que indica o desempenho mantido sem superaquecimento.
De acordo com dados divulgados pela fabricante, a potência contínua desse protótipo fica entre 350 e 400 kW (469 a 536 cv), faixa que mantém a relação peso-potência acima da média de motores equivalentes.
Impacto da inovação nos carros elétricos
Especialistas do setor automotivo afirmam que motores elétricos mais leves e compactos podem permitir veículos de menor massa total, o que se reflete em eficiência energética e desempenho aprimorado.
Um conjunto menor também libera espaço para baterias e sistemas de refrigeração, facilitando o desenvolvimento de veículos de tração integral com módulos independentes.
Segundo a YASA, o protótipo utiliza materiais comuns da cadeia de suprimentos, o que reduz barreiras para sua adoção em escala comercial.

Apesar dos avanços, a empresa reconhece que a manutenção da potência máxima por longos períodos ainda depende de melhorias no gerenciamento térmico e na calibração de inversores.
A expectativa é que evoluções nessas áreas tornem possível equilibrar desempenho elevado e durabilidade em aplicações de rua.
Parceria entre YASA e Mercedes-AMG
Desde 2021, a YASA integra o grupo Mercedes-Benz e atua no desenvolvimento de motores elétricos para a divisão de alto desempenho da marca.
Em junho de 2025, a Mercedes-AMG apresentou o Concept GT XX, que utiliza três motores de fluxo axial desenvolvidos pela empresa britânica.
O conjunto alcança mais de 1.000 kW (cerca de 1.340 cv) de potência combinada.
De acordo com informações da montadora, o sistema emprega dois motores no eixo traseiro e um no dianteiro, priorizando tração traseira e acionando o eixo frontal sob demanda.
A Mercedes-AMG também anunciou que o conceito introduziu tecnologia de recarga em potência de megawatt, associada a uma bateria de resfriamento direto a óleo dielétrico, ainda em fase de validação.
Aplicações em superesportivos de produção
Os motores de fluxo axial da YASA já equipam superesportivos híbridos de produção.
O sistema está presente na Ferrari 296 GTB, posicionado entre o motor V6 e a transmissão, e em modelos da Lamborghini, como o Revuelto e o Temerario, este último lançado em 2025 com um V8 biturbo associado a três motores elétricos YASA.
Segundo a fabricante, essas aplicações demonstram que a tecnologia já pode operar em veículos de série, ainda que com especificações distintas das do novo protótipo.
Por que o motor é mais leve e compacto

A configuração axial dispõe o estator e o rotor como discos paralelos, o que amplia a área de interação entre os campos magnéticos em um conjunto de menor espessura.
De acordo com engenheiros da YASA, esse formato contribui para reduzir a inércia rotacional e melhora o resfriamento, já que os componentes críticos ficam mais próximos das superfícies de dissipação de calor.
Esses fatores explicam a alta potência específica obtida sem necessidade de materiais raros.
Caminho para o uso em larga escala
Segundo analistas do setor de mobilidade elétrica, a miniaturização de motores pode permitir baterias menores para manter a mesma autonomia, o que reduziria custos e tempo de recarga.
No entanto, eles ressaltam que a aplicação em larga escala ainda exige validações adicionais de durabilidade, ruído e vibração (NVH) e custo de produção.
A YASA informou que ampliou sua fábrica no Reino Unido em 2025 para aumentar a capacidade produtiva, com foco em atender programas de veículos de alto desempenho e séries limitadas.
Desafios técnicos e validações
Especialistas em engenharia automotiva destacam que há uma diferença relevante entre potência de pico e potência contínua, e que o desempenho obtido em bancada precisa ser compatibilizado com limites térmicos e estruturais do veículo completo.
A YASA afirma que o foco atual de seus testes é otimizar o sistema de refrigeração, a eletrônica de potência e o controle de torque, de modo a viabilizar aplicações comerciais.
Escalabilidade da tecnologia YASA
A empresa ressalta que o protótipo não utiliza materiais exóticos nem técnicas restritas à pesquisa.
O design é escalável e pode ser reproduzido em diferentes potências, conforme a aplicação.
Segundo a YASA, as melhorias alcançadas decorrem de ajustes de engenharia e gestão térmica aprimorada, e não de soluções de custo elevado.
Esse modelo de desenvolvimento pode favorecer a introdução gradual da tecnologia em linhas de produção da Mercedes-AMG e de outras montadoras parceiras.



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