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Motoboy ou CLT no Brasil — o que vale mais a pena?

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 24/08/2025 às 15:06
Motoboy ou CLT no Brasil — o que vale mais a pena?
Foto: Reprodução
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Debate sobre ganhos, riscos e rotina mostra que a vida de motoboy pode render mais que o salário mínimo, mas exige longas jornadas e disciplina.

A discussão sobre a vida de motoboy divide opiniões. Muitos afirmam que não compensa trabalhar como CLT recebendo um salário mínimo quando se pode faturar mais fazendo entregas.

Outros lembram que o risco é alto e que a rotina exige muito esforço.

Nesse cenário, surgem relatos de trabalhadores que expõem quanto ganham, quantas horas trabalham e se realmente vale a pena viver do iFood ou de outros aplicativos.

A comparação com o emprego formal é inevitável. Para alguns, financiar uma moto usada e começar no ramo das entregas parece ser o caminho mais rápido para fugir do desemprego.

Inclusive, há quem diga que a possibilidade de faturar R$ 2.000 ou R$ 3.000 por mês afastou pessoas de fazer coisas erradas.

Faturamento: quanto realmente sobra

Os relatos variam bastante. Um motoboy disse faturar cerca de R$ 3.000 brutos, com cerca de R$ 2.300 após os custos.

Outro declarou que chega a R$ 7.000 mensais, com lucro líquido de R$ 5.000. Já um terceiro afirmou que o ganho bruto é de R$ 5.000, mas, descontando custos, sobra em torno de R$ 4.200.

O tempo de trabalho também pesa. Quem disse ganhar R$ 7.000 relatou rodar 11 horas por dia.

Outro, que faturava entre R$ 4.500 e R$ 5.000, revelou jornadas de 12 a 14 horas.

Há ainda casos de quem, trabalhando apenas três a quatro horas por dia, conseguiu tirar R$ 2.200 líquidos no mês.

Essas diferenças mostram que fatores como cidade, demanda, custos com moto própria ou alugada influenciam muito no resultado final.

Realidade das capitais e do interior

O local onde o motoboy atua faz grande diferença. Em capitais, a demanda é constante, e há pedidos durante todo o dia. Já em cidades menores ou do interior, a realidade muda. Há lugares onde nem existe iFood disponível, o que limita a atuação.

Portanto, a renda depende do tamanho do mercado. Onde há muitos restaurantes e clientes, o trabalho é mais intenso. Em contrapartida, em regiões pequenas, muitas vezes não compensa.

Regulação e insegurança

O governo discute a regulação da categoria. A ideia de transformar motoboys em trabalhadores com vínculo semelhante ao CLT divide opiniões.

Muitos rejeitam a proposta porque acreditam que perderiam a flexibilidade e parte da renda.

Um motoboy comentou que, caso a regra avance, a categoria poderá perder espaço, já que menos profissionais ficariam disponíveis para atender a alta demanda.

Outro ponto é a insegurança. Alguns relataram ganhar cerca de R$ 1.200 por semana, mas temem que mudanças legais façam a renda cair para menos de R$ 2.500 por mês. Para esses, a proposta prejudicaria quem depende da autonomia para manter o faturamento.

Riscos e desgaste da profissão

Apesar de ganhos superiores ao salário mínimo, ser motoboy traz riscos. O trânsito intenso, as longas jornadas e a exposição ao sol, chuva e frio pesam. Muitos relatam trabalhar 10 horas ou mais por dia. O corpo e a mente sofrem com o desgaste físico e psicológico.

Um trabalhador comparou a rotina a profissões pesadas como a de pedreiro. Para ele, o motoboy exige mais atenção e gera grande esgotamento.

Outro destacou que, por ser um trabalho repetitivo, não há perspectiva de progressão de carreira.

O ganho está diretamente ligado às horas rodadas. Se quiser faturar mais, precisa trabalhar ainda mais, o que não é sustentável.

Liberdade e disciplina

Entre os pontos positivos, aparece a flexibilidade. O motoboy pode escolher quando ligar o aplicativo e em quais horários rodar.

Essa liberdade, no entanto, exige disciplina. Muitos afirmam que, sem força de vontade, o profissional não consegue manter a renda.

Enquanto o trabalhador CLT recebe ordens e é cobrado por superiores, o entregador precisa cobrar de si mesmo.

Se relaxa, o rendimento cai. Por isso, alguns defendem que nem todos servem para a vida autônoma.

Trabalho temporário ou definitivo?

Há quem veja o motoboy como alternativa temporária. A profissão ajuda a gerar renda rápida, mas não garante futuro estável.

Vários defendem que o ideal é usar o dinheiro ganho para investir em outra área, estudar ou criar um negócio paralelo.

O argumento é simples: tanto o CLT quanto o motoboy dificilmente enriquecem. O primeiro tem estabilidade, mas pouco espaço para crescimento. O segundo pode ganhar mais no curto prazo, mas corre riscos e não acumula experiência que sirva para outra função.

Por isso, muitos aconselham usar a fase como motoboy para levantar capital, quitar dívidas ou guardar reserva. Mas sempre com a ideia de sair da profissão no futuro.

A decisão final

No fim, a resposta sobre valer a pena ou não ser motoboy depende do perfil de cada um.

Para quem precisa de renda rápida, gosta de estar na rua e aceita os riscos, pode compensar. Para quem busca estabilidade e carreira, o CLT ainda é mais seguro.

O que todos concordam é que a vida de entregador exige dedicação, responsabilidade e preparo.

Não é fácil, não é simples e não é para todos. Mas, para muitos, é a chance de seguir em frente em um mercado cada vez mais disputado.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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