1. Início
  2. / Economia
  3. / Montadora chinesa que prometia transformar o mercado brasileiro abandona fábrica e nova marca brasileira se reúne com prefeitura local para produzir seus híbridos com motor flex e 1.000 km de autonomia no local
Tempo de leitura 6 min de leitura Comentários 1 comentários

Montadora chinesa que prometia transformar o mercado brasileiro abandona fábrica e nova marca brasileira se reúne com prefeitura local para produzir seus híbridos com motor flex e 1.000 km de autonomia no local

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 23/08/2025 às 18:34
Lecar avalia ocupar antiga fábrica da Caoa Chery em Jacareí e promete híbridos flex a etanol com até 1.000 km de autonomia.
Lecar avalia ocupar antiga fábrica da Caoa Chery em Jacareí e promete híbridos flex a etanol com até 1.000 km de autonomia.
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
26 pessoas reagiram a isso.
Reagir ao artigo

Marca nacional busca espaço em antiga fábrica da Caoa Chery em Jacareí e avalia ampliar produção no Brasil com foco em híbridos flex movidos a etanol, enquanto mantém planos confirmados para iniciar operações no Espírito Santo em 2026.

A Lecar formalizou interesse em instalar sua segunda unidade fabril no complexo automotivo de Jacareí, no Vale do Paraíba, onde a planta da Caoa Chery está inativa desde 2022.

O movimento ocorre paralelamente ao plano da nova marca brasileira de iniciar a produção em agosto de 2026 na futura fábrica de Sooretama, no interior do Espírito Santo.

Lecar protocola interesse em Jacareí

Na última quarta-feira (20), o empresário Flávio Figueiredo Assis, fundador da marca, publicou em suas redes sociais o encontro com representantes da prefeitura de Jacareí.

Ele afirmou que a empresa protocolou manifestação de interesse para se instalar na cidade.

Nas palavras dele, “Lecar protocola interesse de instalação da segunda planta da marca junto ao município de Jacareí/SP”.

Segundo o executivo, a comitiva foi recebida por secretarias municipais e teve acesso a uma planta da possível área dentro do polo automotivo local.

Flávio também elogiou a postura do município ao destacar que “Jacareí se destaca por priorizar o desenvolvimento regional com equipe e legislação apropriadas para fábricas e sistemistas do setor automotivo”.

Disputa por espaço em complexo automotivo estratégico

A área de Jacareí é vista como estratégica por concentrar fornecedores de autopeças, sistemas e componentes no maior polo automotivo do país.

Por esse motivo, a planta desativada da Caoa Chery, próxima à rodovia Presidente Dutra, tornou-se alvo de diferentes interessados.

A própria prefeitura apresentou proposta de indenização para retomar o controle do imóvel.

Em paralelo, a chinesa Omoda Jaecoo também avalia o espaço para nacionalizar produtos, de acordo com interlocuções já divulgadas anteriormente.

Nesse cenário, a Lecar entrou no radar do município.

Ainda não há definição se a marca brasileira visará o prédio principal antes ocupado pela Caoa Chery ou se buscará uma área específica dentro do complexo, que é amplo e tem galpões de antigos sistemistas.

Por ora, o cenário permanece em negociação, sem anúncio sobre cronograma de ocupação.

Produção no Espírito Santo e busca da “segunda casa”

Enquanto discute a instalação em São Paulo, a Lecar mantém o plano de largada em Sooretama (ES).

A empresa apresenta a unidade capixaba como fábrica modelo com capacidade de até 120 mil veículos por ano.

É ali que a produção deve começar em 2026, segundo o cronograma divulgado pela própria companhia, com três produtos inicialmente previstos: Lecar 459, Lecar Campo e Lecar Tático.

A avaliação interna é que Jacareí poderia servir como segunda frente para ampliar volumes e dar capilaridade à operação, aproveitando a malha de fornecedores e a logística do eixo Rio–São Paulo.

Essa estratégia também facilitaria a nacionalização de componentes e a redução de custos a médio prazo, caso a implantação avance.

Portfólio, tecnologia e posicionamento

A Lecar se apresenta como uma marca focada em híbridos flex, destacando a aposta no etanol como pilar de mobilidade de baixa emissão.

Em publicações públicas, a empresa menciona projetos com autonomia próxima de 1.000 km, combinando motor a combustão flex com propulsão elétrica.

O posicionamento busca diferenciar a marca num mercado que acelera a eletrificação, mas ainda convive com desafios de infraestrutura de recarga e custo de bateria.

Segundo o discurso institucional, a ambição é “popularizar o uso do etanol no mundo” por meio de veículos híbridos compatíveis com o combustível produzido no Brasil.

A estratégia coloca a empresa no debate sobre transição energética no setor automotivo, em linha com soluções que utilizam biocombustíveis e eletrificação parcial.

Ambiente local e ativo ocioso desde 2022

O complexo de Jacareí ganhou relevância por abrigar durante anos a produção de modelos como Tiggo 2, Tiggo 3x, Arrizo 5 e Arrizo 6.

Com a inatividade da fábrica desde 2022, o espaço passou a concentrar atenção de marcas interessadas em entrar ou expandir presença no país.

A infraestrutura existente é considerada um trunfo, pois encurta o tempo de instalação quando comparada à construção de um parque fabril do zero.

Foi nesse contexto que Flávio Figueiredo Assis publicou imagem em frente ao prédio, sugerindo compatibilidade do porte dos veículos da Lecar com as linhas que operavam ali.

A movimentação tem efeito simbólico, mas também prático, por marcar publicamente a intenção da empresa de avaliar a viabilidade industrial e regulatória no município.

Etapas de negociação e incertezas

Apesar do protocolo de interesse, ainda não há confirmação sobre qual área do complexo poderia ser destinada à Lecar, tampouco sobre prazos ou condições para início de obras e adaptação de linhas.

As discussões com a prefeitura ocorrem em paralelo a tratativas envolvendo outros interessados, o que adiciona variáveis ao processo decisório.

Interlocutores do setor avaliam que qualquer ocupação dependerá de acordos sobre o ativo, eventuais indenizações e questões patrimoniais.

Por outro lado, a empresa mantém o marco de agosto de 2026 para começar a produzir no Espírito Santo, independentemente da definição sobre Jacareí.

A adoção de duas frentes fabris, se confirmada, permitiria escalar produção e ampliar portfólio, mas dependerá de licenciamento, fornecedores e engenharia de produto.

O que está em jogo para a cadeia automotiva

A possível chegada de uma nova montadora nacional a um polo com fornecedores já instalados tende a reativar empregos e contratos na cadeia, caso os investimentos avancem.

Ainda assim, o passo seguinte exige segurança jurídica e financeira, além de clareza sobre incentivos, metas de conteúdo local e desenho das plataformas que serão produzidas.

A prefeitura, por sua vez, alinha a estratégia de recuperar a vocação industrial do município e dar destino a um ativo ocioso em região de alta densidade logística.

Enquanto isso, a disputa por Jacareí ilustra o momento de transição do setor automotivo no Brasil, com projetos de eletrificação, soluções híbridas e biocombustíveis coexistindo.

Nesse cenário, a combinação de híbridos flex e etanol aparece como uma alternativa de curto e médio prazos para reduzir emissões sem depender exclusivamente de recarga elétrica.

Quais serão os próximos passos

O desenlace depende de decisões sobre a planta da Caoa Chery, eventuais termos de indenização e do avanço das conversas com os interessados, entre eles a Lecar.

Até que haja definição, o município segue como um dos endereços mais disputados para novas operações, graças à localização e à rede de fornecedores.

A marca brasileira, por sua vez, busca consolidar o cronograma de Sooretama e manter aberta a possibilidade de uma segunda unidade em São Paulo.

Com a concorrência por um mesmo ativo e diferentes planos na mesa, qual caminho deve prevalecer para reativar Jacareí e atrair produção em escala com tecnologia híbrida e uso de etanol?

Inscreva-se
Notificar de
guest
1 Comentário
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
JP
JP
23/08/2025 21:32

Aproveita que a GWM está procurando um novo local para uma segunda planta no Brasil e oferece essa fábrica de Jacareí como uma alternativa ideal pra GWM. A Lecar é **** e a CAOA não quer liberar o uso da fábrica para o Grupo Chery. Hora de ignorar todos e buscar uma alternativa um pouco mais consolidada.

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x