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Montadora chinesa pode revolucionar estado brasileiro com nova fábrica de R$ 5 bilhões capaz de gerar 8 mil empregos, mas problemas em rodovia federal ameaça projeto bilionário

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 03/09/2025 às 16:52
GWM avalia abrir fábrica de R$ 5 bilhões em Rio Grande, RS. Projeto pode gerar 8 mil empregos e depende de melhorias na BR-392.
GWM avalia abrir fábrica de R$ 5 bilhões em Rio Grande, RS. Projeto pode gerar 8 mil empregos e depende de melhorias na BR-392.
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A cidade de Rio Grande, no Sul do Brasil, disputa a instalação de uma fábrica bilionária da GWM, montadora chinesa de veículos, que avalia áreas estratégicas no país e analisa a infraestrutura local para definir o destino de seu próximo investimento.

A Great Wall Motor (GWM) avalia instalar sua segunda fábrica no Brasil e colocou o município de Rio Grande, no Sul do Rio Grande do Sul, entre as opções.

Representantes da empresa fizeram visita técnica à cidade, analisaram uma área de 230 hectares no Distrito Industrial e solicitaram informações adicionais à prefeitura.

Enquanto a administração municipal aguarda o retorno da montadora, lideranças locais apontam que a duplicação do lote 4 da BR-392 segue como um entrave logístico para atrair investimentos desse porte.

Visita técnica e área sob análise

Em entrevista recente, a prefeita Darlene Pereira (PT) relatou que a comitiva da GWM pediu dados sobre infraestrutura, perfil de mão de obra e disponibilidade de terrenos industriais.

O material, segundo ela, já foi entregue.

A área examinada fica no Distrito Industrial de Rio Grande, zona próxima ao porto e com oferta de serviços essenciais para grandes plantas.

GWM avalia abrir fábrica de R$ 5 bilhões em Rio Grande, RS. Projeto pode gerar 8 mil empregos e depende de melhorias na BR-392. (Foto: Divulgação)
GWM avalia abrir fábrica de R$ 5 bilhões em Rio Grande, RS. Projeto pode gerar 8 mil empregos e depende de melhorias na BR-392. (Foto: Divulgação)

A prefeitura mantém expectativa de um retorno formal da montadora após a etapa de avaliação comparativa entre cidades.

Ainda durante a entrevista, a prefeita citou que outras companhias têm sondado o município.

Segundo Darlene, BYD e Tramontina figuram entre as empresas que demonstraram interesse preliminar.

A gestão municipal afirma que o conjunto de fatores — disponibilidade de área, qualificação de trabalhadores e proximidade do terminal marítimo — sustenta a candidatura da cidade.

Porto do Rio Grande como diferencial logístico

O Porto do Rio Grande é apontado por autoridades e empresários como principal trunfo local na disputa por uma planta automobilística.

A conexão marítima encurta o caminho para importação de componentes e exportação de veículos, reduzindo custos logísticos e tempo de trânsito.

Além do acesso por hidrovias e rodovias, o complexo portuário movimenta cargas de grande porte e opera com calado compatível para navios de longo curso, o que amplia a competitividade para cadeias industriais integradas.

O contexto nacional da GWM: fábrica paulista já inaugurada

Enquanto analisa a segunda unidade, a GWM inaugurou em 15 de agosto de 2025 a fábrica de Iracemápolis (SP), instalada na antiga planta da Mercedes-Benz.

A operação começa com o SUV híbrido Haval H6, a picape Poer P30 e o SUV Haval H9.

A empresa declarou um plano de investimentos de R$ 10 bilhões no Brasil até 2032, com foco em pesquisa, desenvolvimento e nacionalização progressiva de componentes.

A capacidade anunciada segue o modelo de ramp-up industrial: inicial de 30 mil veículos por ano, com meta de 50 mil/ano no curto a médio prazo, conforme a evolução de fornecedores e linhas de montagem.

A abertura da primeira fábrica no país reforça o interesse da GWM em expandir a presença local e dá contexto à análise de uma segunda planta com perfil complementar de produtos.

GWM avalia abrir fábrica de R$ 5 bilhões em Rio Grande, RS. Projeto pode gerar 8 mil empregos e depende de melhorias na BR-392. (Foto: Divulgação)
GWM avalia abrir fábrica de R$ 5 bilhões em Rio Grande, RS. Projeto pode gerar 8 mil empregos e depende de melhorias na BR-392. (Foto: Divulgação)

Empregos e cadeia produtiva: o que está em jogo

No plano local, estimativas citadas por lideranças regionais apontam potencial de geração de até 8 mil postos de trabalho, somando empregos diretos, indiretos e induzidos ao longo da cadeia automotiva e de serviços.

Essa projeção considera desde a montagem final até insumos, logística, manutenção e alimentação, além de efeitos sobre comércio e construção civil.

Autoridades municipais acrescentam que o Distrito Industrial dispõe de energia, água, acessos e retroárea portuária, elementos que costumam acelerar cronogramas de implantação.

A prefeitura sustenta que a vocação portuária facilita a chegada de insumos e a saída de produtos acabados.

Rio Grande é uma cidade aberta a investimentos”, tem reiterado a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, enfatizando que novas operações podem fortalecer a arrecadação e a base de fornecedores locais.

Gargalos na BR-392 e obras prioritárias

A disputa, porém, não se decide apenas por incentivos e terrenos.

A duplicação do lote 4 da BR-392, trecho que dá acesso ao porto, voltou ao centro do debate.

O segmento é apontado como “gargalo” pela frequência de congestionamentos e risco de acidentes.

Para o vice-presidente de Infraestrutura da Federasul, Antônio Carlos Bacchieri, a recuperação da competitividade regional passa por obras estruturantes.

Quando se pensa em desenvolver Rio Grande e a Zona Sul, precisamos ter infraestrutura. Então o lote 4, assim como a ponte entre Rio Grande e São José do Norte e a segunda ponte no canal São Gonçalo, são obras prioritárias e elas devem entrar no radar de qualquer governo que queira desenvolver nossa região”, afirma.

O projeto executivo para a duplicação do lote 4 foi incluído no Novo PAC pelo governo federal.

A etapa de detalhamento técnico é vista como requisito para contratação e início das obras.

Lideranças locais defendem que a execução seja acelerada, sob o argumento de que a melhoria do acesso rodoviário ao porto é decisiva para destravar novos investimentos privados.

Concorrência entre estados e próximos passos

Além de Rio Grande, outros estados vêm sendo avaliados para receber a segunda planta.

Santa Catarina e Paraná aparecem em discussões preliminares por fatores como disponibilidade de áreas, redes de fornecedores e políticas estaduais de apoio.

A GWM, por sua vez, sinalizou que a decisão sobre a segunda fábrica será tomada apenas a partir de meados de 2026, após a consolidação da operação em Iracemápolis e a análise comparativa de custos, logística e mercado.

Até lá, o município gaúcho aposta em seu pacote de vantagens: um distrito industrial com terreno amplo, porto de águas profundas, mão de obra com experiência em operações industriais e um ecossistema crescente de logística e serviços.

O governo local também destaca projetos confirmados no primeiro semestre na cidade, em setores como alimentos e agroindústria, como evidência de que o ambiente para negócios está ativo.

O que pode virar critério de desempate

Em disputas desse tipo, empresas costumam comparar prazos de licenciamento, infraestrutura já disponível, incentivos estaduais e municipais, e previsibilidade regulatória.

No caso de Rio Grande, interlocutores do setor privado avaliam que a solução do lote 4 da BR-392 pode pesar no cronograma e nas simulações de custo logístico.

A proximidade com o porto é um diferencial, mas depende de um acesso rodoviário fluido para funcionar plenamente.

Também entram na conta a oferta de fornecedores locais, a possibilidade de treinamento técnico em parceria com instituições de ensino e a existência de moradia e serviços para absorver mão de obra em larga escala.

A prefeitura afirma ter mapeado esses ativos e ter respondido à GWM com dados sobre capacidade de atendimento, além de manter canais abertos para novas diligências técnicas.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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