Dez mitos desmistificados com dados científicos e verificações oficiais
O debate sobre defensivos agrícolas permanece central no Brasil, porque envolve produção de alimentos, segurança sanitária e impactos ambientais.
Especialistas como Edivaldo Velini, da Unesp, abordam o tema em eventos técnicos entre 2023 e 2024.
Desde a criação do termo “agrotóxico” em 1977, a discussão evolui com novas pesquisas e regulamentações.
Mitos sobre riscos à saúde
A interpretação sobre intoxicações frequentemente cria percepções distorcidas, embora os dados do DataSUS, entre 2015 e 2024, indiquem outro cenário.
Nos registros analisados, 52,8% das 1,6 milhão de intoxicações ocorreram por medicamentos, enquanto apenas 3% envolveram defensivos agrícolas, geralmente por acidentes ou suicídio.
Com esses números, fica claro que os defensivos representam pequena parcela das notificações.
Além disso, entre os casos ligados ao uso habitual, 80,8% evoluíram para cura, o que demonstra manejo adequado.
Mitos sobre impactos ambientais
A sustentabilidade do setor agrícola brasileiro aparece de forma consistente, como mostra o sistema de logística reversa coordenado pelo InpEV desde 2002.
Esse sistema garante que 95% das embalagens retornem corretamente, superando países como França e Estados Unidos.
Com esse desempenho, o programa Campo Limpo recolheu 834 mil toneladas de resíduos até 2023, evitando 1,05 milhão de toneladas de CO₂.
Esses dados, portanto, reforçam compromisso ambiental contínuo.
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Mitos sobre produtos proibidos na Europa
As comparações entre regulamentações internacionais exigem cautela, porque o Brasil utiliza critérios específicos de avaliação conduzidos por Mapa, Anvisa e Ibama.
Esses critérios, aplicados desde 2002, consideram clima tropical, tecnologias disponíveis e necessidades agronômicas.
Com essas bases, estudos publicados no Avances in Weed Science mostram herbicidas modernos com doses até 25 vezes menores do que antes de 1970, o que evidencia avanços.
Mitos sobre nutrição dos alimentos
A crença de que alimentos orgânicos possuem melhor valor nutricional não se sustenta, segundo revisões científicas do American Journal of Clinical Nutrition.
Essas análises apontam equivalência em vitaminas e minerais entre sistemas orgânico e convencional.
De forma complementar, o Annals of Internal Medicine confirma ausência de diferenças nutricionais significativas.
Mitos sobre o Brasil ser o maior usuário mundial
A leitura isolada do volume total de defensivos cria equívocos, porque ignora o uso por hectare.
Com a métrica correta, dados da FAO colocam o Brasil na 27ª posição mundial.
Conforme análises de Velini, há distorções nos cálculos internacionais, o que reforça a necessidade de normalização estatística.
Mitos sobre consumo individual
O valor divulgado de 7,6 litros por habitante gera interpretações enganosas, mesmo que a própria Abrasco considere o número apenas pedagógico.
Esse indicador não avalia exposição real, porque defensivos são amplamente usados em culturas não alimentares, como algodão, eucalipto e cana.
Assim, não existe relação direta entre consumo humano e volume aplicado.
Mitos sobre câncer
A relação entre defensivos e câncer precisa considerar contexto, porque alguns compostos têm risco, mas não definem causalidade direta.
O exemplo do glifosato, classificado como “provavelmente carcinogênico” pela IARC em 2015, ilustra necessidade de interpretação técnica.
Nesse cenário, a Anvisa já proibiu substâncias antigas e mantém vigilância sanitária contínua.
Mitos sobre riscos ao consumidor
As análises oficiais demonstram nível elevado de segurança alimentar, conforme o relatório PARA 2013–2023 da Anvisa.
Esse relatório aponta que nenhum ingrediente ativo ultrapassou a IDA.
Na edição de 2023, 99,3% das amostras não apresentaram risco agudo.
Com esses dados, a lavagem com água e hipoclorito reforça ainda mais a segurança.
Mitos sobre superioridade orgânica
O sistema orgânico também possui desafios sanitários importantes, conforme estudo do Brazilian Journal of Microbiology (2023).
Esse estudo identificou níveis semelhantes de contaminação microbiológica em cultivos orgânicos e convencionais.
Portanto, ambos os métodos exigem controle rígido.
Mitos sobre contaminação da água
Os monitoramentos hídricos realizados entre 2018 e 2023 trazem dados consistentes, segundo análises da Unesp e da Fundação ABC.
Nessas investigações, 1.176 amostras foram avaliadas em diferentes regiões.
Os resultados mostram concentrações muito abaixo dos limites seguros, o que reduz preocupação sobre permanência prolongada.
A importância da informação científica no debate agrícola
Com todas essas evidências, o debate sobre agrotóxicos ganha clareza, porque os dados demonstram como ciência, regulamentação e monitoramento definem segurança.
Dessa forma, a compreensão técnica sobre defensivos cresce, já que pesquisas, fiscalização e tecnologia revelam um cenário mais complexo e menos alarmista.
Por isso, a avaliação baseada em informação qualificada se torna essencial, porque apenas ela permite decisões equilibradas sobre produção agrícola, impactos ambientais e segurança do consumidor.


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