Brasil fecha acordos bilionários com China e Rússia nas áreas de energia, mobilidade, tecnologia e agronegócio; investimentos podem ultrapassar R$ 27 bilhões
O governo federal anunciou uma série de acordos comerciais firmados com Rússia e China durante missões oficiais realizadas nesta semana. Os entendimentos envolvem setores como energia, mobilidade, tecnologia, mineração e agronegócio, com potencial de movimentar R$ 27 bilhões em investimentos entre empresas brasileiras e chinesas.
Na segunda-feira (12/5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-China, em Pequim. Na ocasião, ele se reuniu com executivos de grandes grupos econômicos sediados no país asiático, entre eles a GAC Motors, Windey Technology, Norinco e Envision.
Energia renovável e combustíveis do futuro
Com a Envision, foi discutido um investimento na produção de hidrogênio e amônia verdes, além de combustível sustentável de aviação (SAF), utilizando a cana-de-açúcar como base.
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O projeto será instalado no que pode ser o primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina. O valor estimado é de US$ 1 bilhão, embora os detalhes ainda não tenham sido divulgados.
A Envision, com sede em Xangai, atua na fabricação de turbinas eólicas, sistemas de armazenamento de energia e soluções em hidrogênio verde.
A empresa também participa de um fundo de investimento voltado para projetos de baixo carbono e possui centros de pesquisa e desenvolvimento na China, Estados Unidos, Europa e Dinamarca.
Na Rússia, foi assinado um memorando de entendimento entre os governos para cooperação em estudos sobre SAF. O objetivo é analisar toda a cadeia produtiva do combustível sustentável, incluindo distribuição e comercialização.
No campo empresarial, a brasileira Raízen Energia e a SAFPAC, da China, discutiram o fornecimento de bioetanol, também com foco na produção de SAF.
Parcerias tecnológicas e inovação energética
Outro acordo importante foi firmado com a Windey Energy Technology Group, que tem mais de 50 anos de atuação no setor eólico.
A parceria, assinada com o SENAI CIMATEC e anunciada pelo Ministério de Minas e Energia, prevê um período inicial de 24 meses. O foco será o desenvolvimento de baterias e tecnologias para o armazenamento de energia.
Além disso, o acordo inclui a criação de um laboratório de pesquisas no Brasil, com foco em energia eólica e hidrogênio verde. Está prevista ainda a implementação de projetos integrados de geração renovável e irrigação para áreas agrícolas remotas, bem como a montagem de fábricas de equipamentos no país.
Montadoras e eletrificação dos transportes
No setor automotivo, a montadora chinesa GAC Motors demonstrou interesse em fabricar três modelos no Brasil. A empresa estuda assumir uma antiga fábrica da HPE Automotores em Catalão (GO), que produzia veículos das marcas Mitsubishi e Suzuki. Segundo o jornal Estadão, o anúncio oficial deverá ser feito no próximo dia 23 de maio.
Os modelos planejados incluem dois veículos elétricos, o Aion V e o Hyper HT, além de um híbrido chamado Emkoo.
Durante a viagem, Lula também visitou uma exposição da GWM, que já atua no Brasil com modelos eletrificados e sinalizou intenção de ampliar sua operação no país. A meta seria transformar o Brasil em base de exportação para América do Sul e México.
Ainda no setor de transporte, a DiDi, dona do aplicativo 99, anunciou um plano para o segmento de delivery no Brasil. A empresa também revelou o projeto de instalação de 10 mil pontos públicos de recarga, com o objetivo de incentivar a eletrificação de veículos.
Data centers, IA e semicondutores
Outro destaque da missão à China é o avanço nas tratativas para instalação de data centers no Ceará. A comitiva brasileira deve se reunir nesta terça-feira (13/5) com representantes da Byte Dance, empresa dona do TikTok.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o presidente Lula deve anunciar uma política nacional voltada para data centers ao retornar da viagem.
Além disso, foi firmado um acordo entre a Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) e o parque tecnológico chinês ZGC.
O objetivo é fomentar parcerias em áreas como inteligência artificial, infraestrutura de dados, mercado e talentos. Já a empresa Lingsys manifestou interesse em expandir a produção de semicondutores no Brasil, com foco nos estados de São Paulo e Amazonas.
Gás, mineração e fertilizantes
Na Rússia, a Novatek assinou um memorando de entendimentos com a delegação brasileira. O foco será o estudo de infraestrutura para gás natural liquefeito (GNL), termelétricas a gás e projetos na indústria de fertilizantes nitrogenados. A Novatek é a segunda maior produtora de gás natural da Rússia.
A estatal chinesa CNCEC, especializada em engenharia industrial, revelou planos para construir uma fábrica de fertilizantes no Paraná. A unidade teria capacidade para produzir 520 mil toneladas de ureia por ano.
No setor de mineração, a Baiyin Nonferrous Group anunciou a compra da mina de cobre Serrote, localizada no estado de Alagoas.
Ainda em Moscou, a estatal Tenex, ligada à Rosatom, expressou interesse em ampliar sua atuação no Brasil. A empresa já mantém contrato com a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e agora pretende expandir sua atuação na exploração de urânio e lítio.
O encerramento da agenda oficial inclui a participação de Lula na cúpula da Celac com a China. A reunião está prevista para esta terça-feira (13/5) e novos acordos deverão ser firmados entre os dois países.
Com informações de Eixos.