Estudo da Agenda Pública avaliou 79 municípios mineradores e colocou a cidade mineira no topo em capacidades socioambientais e no 2º lugar em capacidades de desenvolvimento.
São Gonçalo do Rio Abaixo, a cerca de 90 km de Belo Horizonte, virou referência nacional entre cidades com forte presença da mineração. Um levantamento da Agenda Pública mapeou 79 municípios com alta dependência de receitas minerais e mostrou que o município mineiro, de pouco mais de 12 mil habitantes, combina desempenho social acima da média e ambiente institucional favorável ao crescimento.
O estudo criou um Índice Condições de Vida (ICV) e dois subíndices: capacidades socioambientais e capacidades para o desenvolvimento. A ideia é medir se a renda da atividade mineral se traduz em educação, saúde, proteção social, meio ambiente, infraestrutura, gestão e economia mais fortes. As notas variam de 0 a 1, com faixas que vão de “muito baixa” a “muito alta” condição de vida.
Na leitura comparativa, São Gonçalo do Rio Abaixo aparece na liderança nacional do pilar socioambiental e em 2º lugar nas capacidades para o desenvolvimento, atrás de Treviso (SC). A cidade recebeu 0,679 no ICV geral, faixa de “média condição de vida”.
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O que mediu a pesquisa da Agenda Pública
A Agenda Pública analisou cidades onde a CFEM ou outras receitas associadas à mineração responderam por pelo menos 5% da arrecadação em algum ano entre 2018 e 2024. O recorte buscou perfis com dependência estrutural do setor.
Foram integradas oito dimensões: educação, saúde, proteção social, meio ambiente, finanças públicas, infraestrutura, desenvolvimento econômico e gestão. O método usa dados oficiais e normalização para comparar municípios em escala 0 a 1.
Além do índice geral, os subíndices destacam sociais e ambientais de um lado e capacidade fiscal, econômica e de gestão de outro. A combinação ajuda a identificar boas práticas e riscos de dependência.
São Gonçalo do Rio Abaixo: nota, ranking e comparação
Segundo a cobertura do jornal O Tempo, com base na pesquisa, São Gonçalo do Rio Abaixo ficou em 1º no subíndice capacidades socioambientais e em 2º em capacidades para o desenvolvimento, atrás de Treviso (SC). O município obteve 0,679 no ICV, sinalizando condição de vida média.
Outros veículos locais replicaram os resultados, reforçando o bom desempenho da cidade e o recorte metodológico do estudo. A amostra compara municípios com dinâmica mineradora semelhante, o que evita confronto com cidades sem mineração.
O trabalho também posiciona Nova Lima, Catas Altas e Sarzedo entre os destaques mineiros, por infraestrutura, gestão pública e dinamismo econômico, segundo os materiais de divulgação e reportagens.
Mineração, orçamento público e serviços
De acordo com a prefeitura, a operação da Vale na Mina de Brucutu responde por cerca de 90% do orçamento municipal. O prefeito também citou orçamento anual de R$ 460 milhões e a contribuição majoritária da mineração. Este é o motor fiscal da cidade.
A pesquisa aponta que converter arrecadação em educação básica, saúde, saneamento, mobilidade e proteção social é o que diferencia municípios que transformam boom mineral em qualidade de vida. São Gonçalo aparece bem nesses indicadores, o que explica o topo no pilar socioambiental.
Há também investimentos em infraestrutura. Em junho, foi anunciado R$ 50 milhões para requalificar o trevo da BR-381, intervenção vista como estrutural para fluxo urbano e logístico. Obra pública é uma alavanca frequente em cidades mineradoras para diversificar oportunidades.
Alerta: Riscos da dependência e a agenda de diversificação
O diretor executivo da Agenda Pública, Sérgio Andrade, alerta para o ciclo finito da extração e a necessidade de diversificação econômica. A recomendação é usar a fase de alta arrecadação para preparar o pós-mineração com políticas de longo prazo. Planejamento importa.
Em 2024, a prefeitura lançou um programa de diversificação para reduzir a dependência do minério, com ações de fomento a novos setores. A medida está alinhada ao consenso de políticas públicas no setor mineral sobre transição e resiliência fiscal.
O TCE-MG trouxe um contraponto estadual: entre os maiores arrecadadores de CFEM, meio ambiente recebeu menos de 3% dos investimentos em 2024. O dado sugere que, no conjunto, há espaço para elevar gasto ambiental e consolidar padrões ESG locais.
Como a cidade virou case entre municípios mineradores
A governança local é citada como fator crítico. Segundo Andrade, o município estruturou conselho de desenvolvimento econômico e aprovou leis de fomento que deram previsibilidade a investimentos e à gestão técnica do orçamento. Instituição forte sustenta resultado.
A metodologia da Agenda Pública reforça que gestão fiscal, infraestrutura e ambiente de negócios compõem o bloco de capacidades para o desenvolvimento. Esse conjunto explica por que municípios de porte pequeno podem superar cidades maiores na entrega de serviços.
O caso de São Gonçalo do Rio Abaixo ajuda a iluminar um debate nacional: qual é a régua de sucesso para cidades mineradoras? Mais do que PIB per capita, contam qualidade do gasto, serviços essenciais e planejamento para a transição.
Para você, São Gonçalo do Rio Abaixo é exemplo de gestão eficiente ou risco de dependência? Comente se a prioridade deveria ser diversificação imediata ou ampliar investimentos sociais enquanto a mineração sustenta a receita.