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Minas Gerais recebe R$ 1 bilhão do BNDES para financiamento de usina solar

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 28/07/2025 às 11:50
Fachada do edifício do BNDES em dia claro com céu azul e poucas nuvens, com pessoas caminhando na entrada principal.
Com céu azul e poucas nuvens, a fachada do BNDES ganha destaque no centro do Rio, enquanto pedestres circulam pelo calçadão ao redor da sede do banco.
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BNDES apoia o financiamento de usina solar em Minas Gerais, reforçando o papel do estado na transição energética e impulsionando o uso de fontes limpas no Brasil.

Antes de mais nada, o financiamento de usina solar tem ganhado destaque como uma das estratégias centrais para a transição energética no Brasil. De fato, em um cenário onde a busca por fontes limpas se intensifica, o investimento anunciado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) reforça, portanto, a importância da energia solar como vetor do desenvolvimento sustentável.

Recentemente, o banco liberou R$ 1 bilhão para a construção de um novo complexo solar em Minas Gerais, que é um dos estados com maior potencial solar do país. Além disso, a Atlas Renewable Energy, empresa que atua na geração de energia renovável, receberá esse recurso para implantar o Complexo Solar Draco, localizado na cidade de Arinos, no noroeste mineiro.

Com isso, o empreendimento terá uma capacidade instalada de 505 MWac, o que poderá abastecer cerca de 569 mil residências. Esse projeto se posiciona entre os maiores complexos solares da América Latina.

Além do mais, a energia gerada integrará o Sistema Interligado Nacional (SIN), ampliando assim o acesso à eletricidade limpa e descentralizada.

A evolução da energia solar no Brasil

Historicamente, a trajetória da energia solar no Brasil começou a ganhar corpo na década de 2010. Com o desenvolvimento de políticas públicas e linhas de financiamento específicas.

Embora o país tenha iniciado a produção de energia elétrica focando em usinas hidrelétricas no século XX. A abundância de radiação solar sempre representou um recurso estratégico ainda pouco explorado.

Foi somente em 2012, quando a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) regulamentou a geração distribuída, que o mercado de energia solar começou a crescer de forma mais consistente.

Além disso, a criação de incentivos, como isenção de ICMS e linhas de crédito facilitadas, ajudou a popularizar os sistemas fotovoltaicos em residências e em empreendimentos de grande porte.

Hoje, o Brasil figura, sem dúvida, entre os dez países que mais investem em energia solar no mundo, conforme dados da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).

Nesse contexto, Minas Gerais destaca-se como líder nacional em potência instalada em energia solar, graças à combinação de alta incidência solar e políticas estaduais de incentivo. Por isso, municípios mineiros como Janaúba, Pirapora e Várzea da Palma transformaram-se em polos solares, atraindo investidores nacionais e estrangeiros.

O papel estratégico do BNDES na energia limpa

De fato, o financiamento de usina solar não se tornaria viável em larga escala sem o apoio de instituições financeiras públicas. Assim, o BNDES desempenha um papel fundamental nesse processo.

Por meio de programas como o Finem (linha de crédito para projetos de capacidade produtiva) e o Fundo Clima (ligado ao Ministério do Meio Ambiente), o banco viabiliza projetos que promovem a descarbonização da matriz energética brasileira.

Além disso, Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, destaca que a atuação do banco se alinha à agenda verde internacional. Segundo ele, o planeta enfrenta uma emergência climática, que exige, portanto, ações concretas nas áreas de energia, restauração florestal e modernização da indústria com baixa emissão de carbono.

Assim, o financiamento de iniciativas como o Complexo Solar Draco vai além do apoio financeiro, pois constitui uma política de Estado voltada ao futuro.

O projeto prevê ainda a construção de uma subestação de 500 kV e uma linha de transmissão de aproximadamente 15 km, que ligará o complexo ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Dessa forma, essa infraestrutura assegura o escoamento eficiente da energia produzida.

Portanto, a atuação do BNDES mostra como instituições públicas podem direcionar capital para setores estratégicos, reduzindo riscos de mercado e estimulando a participação de investidores privados. Além disso, o banco incentiva a inclusão de pequenas e médias empresas na cadeia de valor do setor de energia renovável.

Desenvolvimento local e benefícios socioeconômicos

O investimento de R$ 1 bilhão gerará impacto direto sobre a economia local. Estima-se que cerca de 2.100 empregos surjam durante a fase de implantação do projeto.

Dessa forma, a movimentação alcança não apenas o setor de energia, mas também cadeias produtivas locais, como construção civil, transporte e serviços técnicos especializados.

Ademais, projetos como esse promovem impacto positivo na arrecadação municipal, fortalecem a infraestrutura local e atraem novos investimentos para a região. Ao mesmo tempo, contribuem para a redução da emissão de gases de efeito estufa, promovendo desenvolvimento com menor impacto ambiental.

A Atlas Renewable Energy, responsável pelo projeto, foi fundada em 2017 e já conta com um portfólio de 8,4 GW em projetos de energia renovável na América Latina, dos quais 3,6 GW operam atualmente.

Segundo o diretor-geral da empresa no Brasil, Fabio Bortoluzo, o Complexo Solar Draco ultrapassa o fornecimento de energia limpa. Ele destaca que o projeto simboliza o compromisso da Atlas com a transição energética nacional e reforça sua atuação no setor de data centers, altamente dependente de energia confiável e de baixo carbono.

Além disso, a iniciativa em Minas Gerais fortalece a presença estratégica da empresa no país, que busca ampliar parcerias com grandes consumidores e governos locais.

Expansão do mercado livre de energia

Por outro lado, a energia produzida no Complexo Solar Draco abastecerá o ambiente de contratação livre (ACL), um modelo em que grandes consumidores, como indústrias, negociam diretamente com geradores de energia.

Esse ambiente cresce rapidamente no Brasil, impulsionado pelo interesse de empresas em reduzir custos e cumprir compromissos ambientais.

Essa mudança indica uma transformação profunda no setor elétrico brasileiro. Antes dominado pela lógica do mercado regulado, o setor agora abre espaço para acordos diretos, flexíveis e sustentáveis.

Portanto, o financiamento de usina solar, nesse contexto, torna-se instrumento estratégico para garantir o acesso à energia limpa para grandes consumidores — e, futuramente, para consumidores menores.

Além disso, o avanço da tecnologia digital estimula o crescimento do ACL. Ferramentas de monitoramento em tempo real, contratos eletrônicos e plataformas de gestão de consumo facilitam o acesso à energia renovável. Isso reforça a competitividade da energia solar em relação a outras fontes, como térmica e hidrelétrica.

Diversificação da matriz e política energética

Atualmente, o Brasil atravessa um momento decisivo na transição para uma matriz energética mais limpa. Embora o país dependa majoritariamente de fontes hidráulicas renováveis, as secas prolongadas e as mudanças climáticas impõem desafios crescentes.

Nesse cenário, o financiamento de usina solar representa um passo essencial para diversificar as fontes de energia, aumentar a resiliência do sistema elétrico e diminuir a dependência dos recursos hídricos.

Além disso, a energia solar, por sua modularidade e escalabilidade, permite instalação em diversas regiões, incluindo áreas remotas com acesso difícil à eletricidade tradicional.

De forma complementar, o progresso tecnológico no setor fotovoltaico contribui para a redução de custos, tornando os projetos cada vez mais competitivos. Os painéis solares apresentam maior eficiência, durabilidade e adaptação às variações climáticas, ampliando o uso em ambientes urbanos, rurais e industriais.

Por fim, o BNDES reforça essa estratégia ao direcionar recursos públicos para setores que promovem crescimento sustentável, inovação e inclusão social. Ao apoiar empreendimentos como o Complexo Solar Draco, o banco investe em uma nova lógica de desenvolvimento econômico.

Energia limpa como caminho para o futuro

Em suma, o anúncio do financiamento de usina solar em Minas Gerais marca um avanço significativo na expansão da energia renovável no Brasil.

Com o apoio do BNDES e a experiência da Atlas Renewable Energy, o projeto une geração limpa, desenvolvimento local e inovação tecnológica.

Essa iniciativa demonstra que o futuro energético do Brasil depende das decisões estratégicas tomadas hoje. Ao apostar em fontes sustentáveis, o país fortalece sua posição no cenário internacional, atrai investimentos e avança rumo a uma economia de baixo carbono.

Minas Gerais, graças à sua geografia favorável e vocação solar, mantém-se na linha de frente dessa transformação.

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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