Com origem modesta no interior paulista, a fabricante de snacks cresce 30% ao ano, produz 700 toneladas por mês e se prepara para dobrar a produção e dominar o mercado nacional
O mercado de salgadinhos e snacks no Brasil ainda é um território em expansão, mas a Milho de Ouro, uma marca familiar nascida há mais de três décadas, vem transformando esse cenário. Embora o consumo per capita nacional seja de apenas 1,8 quilo por ano — o equivalente a três pacotes por mês —, o número é pequeno quando comparado aos 4,5 quilos do México e à média global acima de 5 quilos, segundo dados da Associação Brasileira de Embalagem (Abre).
Essa diferença representa uma oportunidade bilionária para fabricantes locais que ousam desafiar as gigantes multinacionais.

Foi nesse contexto que a Milho de Ouro nasceu, em 1992, a partir de uma decisão improvável. Darlene Rodrigues, assistente social por formação, decidiu trocar as linhas e tecidos de sua antiga confecção em Amparo, no interior de São Paulo, por milho e óleo vegetal. O primeiro maquinário comprado pela família produzia apenas 80 quilos de salgadinhos por hora, mas foi o ponto de partida para uma trajetória que hoje simboliza um dos maiores casos de sucesso da indústria brasileira de alimentos.
De 80 quilos a 700 toneladas: o salto produtivo e a profissionalização
Após 12 anos terceirizando a produção, a Milho de Ouro decidiu assumir o controle total da operação, lançando sua própria marca de salgadinhos, a Lobits, em 2009. A mudança marcou o início de um processo de profissionalização e expansão logística, com o fortalecimento da distribuição e da gestão administrativa.
- 
                        
                            Fim da escala 6×1: supermercados adotam nova jornada para reter funcionários e acabar com a escassez de mão de obra 
- 
                        
                            Porteiro demitido ganha indenização de mais de R$ 100 mil por motivo inusitado: seu substituto é uma inteligência artificial 
- 
                        
                            KFC abandona os ossos: a estratégia ousada da marca para reconquistar jovens e enfrentar Popeyes e Chick-fil-A na guerra do frango frito nos EUA 
- 
                        
                            O outro lado da TCAR: Thiago mostra o estoque escondido, carros raros, Porsche judicial e planos para oficina própria com elevadores e funilaria 
Hoje, a Milho de Ouro fabrica mais de 700 toneladas de snacks por mês, com capacidade instalada para dobrar o volume a 1.400 toneladas em suas duas fábricas localizadas em Embu das Artes, na Grande São Paulo. A meta é ambiciosa: faturar R$ 130 milhões até o fim de 2025, representando um crescimento de 30% em relação ao ano anterior, e alcançar entre R$ 180 milhões e R$ 200 milhões até 2026.
De acordo com reportagem da Exame, esse avanço está diretamente ligado aos investimentos em tecnologia e gestão. Nos últimos anos, a empresa implementou o sistema SAP, o CRM Salesforce e conquistou certificações internacionais de qualidade — pilares que sustentam a nova fase da operação.
Além disso, a Milho de Ouro aposta em degustações em mil pontos de venda até 2025, reforçando sua presença nas gôndolas e ampliando o alcance da marca.
Crescimento sustentável, cultura familiar e olhar para o futuro
Mesmo com a expansão acelerada, a Milho de Ouro mantém a essência familiar que a tornou referência no setor. Sob a liderança da fundadora e CEO Darlene Rodrigues e dos filhos Pedro, Isabela e Ricardo, a gestão prioriza não apenas o crescimento, mas também o bem-estar dos colaboradores.
Atualmente, são 230 funcionários que participam de programas de capacitação e apoio psicológico, iniciativas que fortalecem a cultura organizacional e refletem diretamente no aumento da produtividade.
Com mais de 20 mil pontos de venda em todo o Brasil, a Milho de Ouro se destaca principalmente em São Paulo e avança para o Rio de Janeiro e outras regiões do Sudeste. Segundo a Scanntech, a empresa cresce 16,7% ao ano nas regiões Sul e Sudeste — mais que o dobro da média do mercado, de 7,8%.
A Lobits já ocupa a segunda posição em salgadinhos de milho nas embalagens menores da Grande São Paulo, consolidando a presença da marca no coração do varejo nacional.

O desafio dos selos de alerta e a aposta na alimentação saudável
Enfrentar multinacionais é apenas parte do desafio da Milho de Ouro. A companhia também vem se adaptando às novas regulamentações da Anvisa, que exigem selos de advertência nutricional — conhecidos como black labels — em produtos com excesso de sódio e gordura.
Para evitar essas classificações, a empresa vem reduzindo o teor de sódio e óleo em diversas linhas e desenvolvendo snacks com óleo de girassol e milho orgânico, antecipando-se às tendências de consumo saudável.
A Milho de Ouro já terceiriza produtos para marcas do setor saudável, como Mãe Terra, e prepara o lançamento de sua própria linha de produtos naturais. O objetivo é atender ao consumidor que busca alternativas mais equilibradas, mas sem abrir mão do sabor e do preço acessível que impulsionam o crescimento da categoria.
Para os próximos anos, a companhia projeta novos sabores de Lobits, embalagens familiares de 200 gramas e ações promocionais ligadas à Copa do Mundo, conectando a marca às emoções do público.
Segundo Pedro Rodrigues, diretor comercial, a estratégia é clara: “A Lobits é uma marca 100% brasileira, com produção local e fornecedores próximos. Isso reduz custos, mantém a qualidade e nos permite responder rapidamente às mudanças do varejo.”

 
                         
                        
                                                     
                         
                         
                         
                        

 
                     
         
         
         
         
         
         
         
        
Seja o primeiro a reagir!