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México ultrapassou a China e assume como maior parceiro comercial dos EUA: exportações disparam, reshoring da indústria ganha força e reconfigura o comércio norte-americano

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 01/09/2025 às 07:48
México ultrapassa a China e consolida-se em 2025 como maior parceiro comercial dos EUA: exportações disparam, reshoring da indústria ganha força e reconfigura o comércio norte-americano
Foto: México ultrapassa a China e consolida-se em 2025 como maior parceiro comercial dos EUA: exportações disparam, reshoring da indústria ganha força e reconfigura o comércio norte-americano
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México supera a China e consolida-se em 2025 como maior parceiro comercial dos EUA, com US$ 860 bilhões em comércio bilateral e força do reshoring.

Em 2025, o México consolidou sua posição como maior parceiro comercial dos Estados Unidos, superando a China pelo segundo ano consecutivo e mudando o equilíbrio do comércio internacional. De acordo com dados do Departamento de Comércio dos EUA, as exportações e importações entre os dois países ultrapassaram US$ 860 bilhões no acumulado de 12 meses, impulsionadas pelo crescimento das cadeias de produção regionais e pelo fenômeno do reshoring — o retorno de fábricas para a América do Norte.

Esse marco não é apenas estatístico. Ele representa uma transformação estrutural no comércio global: a maior economia do mundo passa a depender cada vez menos da China e reforça seus laços com um vizinho que, além de proximidade geográfica, compartilha acordos de integração produtiva.

Como a China perdeu espaço

Durante quase duas décadas, a China foi o principal fornecedor de produtos para os EUA. Seu domínio se consolidou nos anos 2000, quando a entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC) impulsionou suas exportações industriais e a transformou na “fábrica do mundo”.

No entanto, uma série de fatores corroeu essa hegemonia:

  • Tensões comerciais: desde 2018, tarifas impostas pelos EUA sobre produtos chineses elevaram custos e reduziram competitividade.
  • Pandemia e cadeias de suprimentos: a crise da Covid-19 revelou a vulnerabilidade de depender de um único país para insumos críticos.
  • Custo da mão de obra: salários na China cresceram significativamente, reduzindo a vantagem competitiva.
  • Geopolítica: a disputa tecnológica e militar entre Washington e Pequim tornou o comércio bilateral mais arriscado.

O resultado foi uma busca por alternativas mais seguras e próximas — e o México surgiu como o maior beneficiado.

O papel do USMCA e da integração regional

O sucesso mexicano está diretamente ligado ao Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), sucessor do NAFTA. O pacto garantiu regras claras para o comércio trilateral, ampliando a integração das cadeias produtivas.

O setor automotivo é o melhor exemplo: peças produzidas no México cruzam a fronteira várias vezes antes de virar um carro final nos EUA. O mesmo ocorre em eletrônicos, máquinas e equipamentos médicos. Essa integração reduziu custos logísticos e fortaleceu o modelo de nearshoring, em que empresas transferem operações para regiões próximas ao mercado consumidor.

Exportações mexicanas em alta

Em 2025, as exportações do México para os EUA cresceram a taxas históricas. Os destaques foram:

  • Autopeças e veículos: respondem por quase 30% do total exportado.
  • Equipamentos eletrônicos e semicondutores: com forte crescimento devido à reconfiguração da indústria tecnológica.
  • Produtos agrícolas: como cerveja, frutas e legumes, consolidando o México como um dos principais fornecedores da alimentação americana.

Segundo o Banco do México, as exportações totais do país devem ultrapassar US$ 600 bilhões em 2025, um recorde histórico.

O reshoring e o futuro da manufatura

O fenômeno do reshoring é o motor por trás dessa transformação. Empresas americanas, preocupadas com os riscos da dependência da China, estão transferindo linhas de produção para o México. Além da proximidade geográfica, o país oferece mão de obra competitiva, acordos comerciais estáveis e acesso direto ao mercado dos EUA.

Empresas como Tesla, General Motors, Intel e Samsung já anunciaram investimentos bilionários em fábricas mexicanas. O setor de semicondutores, considerado estratégico pelos EUA, também tem recebido apoio direto, com subsídios previstos pelo CHIPS Act sendo parcialmente direcionados para plantas no México.

O impacto para a China

A perda de espaço nos EUA é um duro golpe para a China. O mercado americano representava um dos pilares de sua balança comercial, garantindo superávits bilionários. Em 2025, esse superávit encolheu, pressionado pela queda nas exportações para os EUA e pelo aumento das tarifas.

Ainda assim, a China mantém relevância global, sendo o principal fornecedor de insumos para diversos setores e expandindo parcerias comerciais com Europa, Ásia e países do BRICS. Mas o fato é que, no mercado americano, o México conquistou uma posição que parecia impensável há apenas uma década.

O peso geopolítico do México

A consolidação do México como maior parceiro comercial dos EUA não é apenas uma questão econômica, mas também geopolítica.

  • Segurança energética: o México fornece petróleo e gás, além de ser peça-chave na transição energética da região.
  • Estabilidade regional: sua integração econômica com EUA e Canadá fortalece o bloco da América do Norte diante da competição global.
  • Influência diplomática: o país ganha mais espaço em negociações internacionais, podendo se posicionar como ponte entre economias emergentes e desenvolvidas.

Benefícios e desafios internos

Apesar do crescimento, o México ainda enfrenta desafios internos. A violência ligada ao narcotráfico, a desigualdade social e a necessidade de modernização de infraestrutura são gargalos importantes.

Por outro lado, a expansão do setor manufatureiro cria empregos formais e amplia a arrecadação do governo, oferecendo condições para políticas de desenvolvimento mais robustas.

Comparação com outros parceiros

Com os números de 2025, o ranking de parceiros comerciais dos EUA se consolidou da seguinte forma:

  1. México: mais de US$ 860 bilhões em comércio bilateral.
  2. Canadá: cerca de US$ 850 bilhões.
  3. China: aproximadamente US$ 575 bilhões.

Essa configuração representa uma mudança histórica: os três maiores parceiros comerciais dos EUA agora estão no continente americano, reduzindo a dependência da Ásia.

Analistas apontam que a tendência de fortalecimento do comércio entre EUA, México e Canadá deve continuar na próxima década. O crescimento da indústria de veículos elétricos, semicondutores e energia renovável colocará o México em posição ainda mais estratégica.

Com investimentos em infraestrutura e educação, o país pode consolidar-se como hub industrial do Ocidente, desafiando a China e disputando com a Índia o papel de maior destino de investimentos produtivos.

Uma virada de página no comércio global

A consolidação do México como maior parceiro comercial dos EUA em 2025 é mais do que uma estatística: é um sinal de mudança na ordem econômica mundial.

O fenômeno do reshoring, a integração via USMCA e a busca dos EUA por reduzir dependência da China criaram as condições para que o México alcançasse esse feito histórico.

Agora, com mais de US$ 860 bilhões em comércio bilateral, o México não apenas reforça seu papel como potência emergente, mas também redefine os rumos do comércio internacional, abrindo uma nova era para a América do Norte no cenário global.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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