Descubra como o custo de implantação de metrô, VLT e BRT pode variar drasticamente nas cidades brasileiras, influenciando prazos, capacidade e o futuro da mobilidade urbana. Entenda o impacto dessas escolhas no planejamento do transporte público.
Diferenças no custo de metrô, VLT e BRT superam dez vezes no Brasil, influenciando o orçamento de grandes cidades. Obras subterrâneas, tecnologia embarcada e tempo de execução estão entre os fatores que tornam o valor por quilômetro tão distinto entre os sistemas de transporte.
Entre todos os modais, o metrô demanda o maior investimento por quilômetro construído.
A Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, em construção desde 2020, alcançou custo total superior a R$ 19 bilhões até junho de 2025.
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Com extensão de 15,3 km, o valor por quilômetro chega a aproximadamente R$ 1,25 bilhão, representando o maior investimento por metro linear já registrado no país.
A principal justificativa para esse custo elevado está nas características técnicas e operacionais da obra.
O projeto exige escavações profundas – até 60 metros abaixo da superfície em alguns trechos – e construção de estações de múltiplos pavimentos, equipadas com sistemas avançados de ventilação, combate a incêndio e sinalização automática do tipo CBTC.
O material rodante, composto por trens fechados de seis carros, opera com intervalos de pouco mais de dois minutos.
O plano operacional da Linha 6-Laranja prevê uma capacidade de até 51 mil passageiros por hora em cada sentido, podendo atingir volumes ainda maiores em situações extraordinárias.
O prazo total estimado para execução do trecho completo supera oito anos, com conclusão prevista entre 2026 e 2027.
A vida útil do sistema ultrapassa quatro décadas antes da necessidade de grandes reformas estruturais.
VLT de Salvador: custo, prazo e eficiência equilibrados
O VLT de Salvador apresenta uma alternativa intermediária, com valores e prazos ajustados à realidade de corredores urbanos de média demanda.
O projeto prevê 36,4 km de vias e 34 estações, com orçamento público de aproximadamente R$ 5 bilhões, resultando em custo de R$ 137 milhões por quilômetro.
A construção foi iniciada em 2021, com previsão de entrega da primeira etapa para 2026 e conclusão final em 2027, totalizando cerca de seis anos de execução.
Diferentemente do metrô, o VLT é implantado majoritariamente ao nível do solo, com escavações mínimas e uso de composições mais leves, adequadas a pontes e viadutos menos robustos.
O sistema pode transportar, em média, 400 passageiros por veículo e, conforme estudos recentes, alcança velocidade média operacional de 23 km/h, com picos de até 50 km/h e velocidades mínimas de 16 km/h em trechos críticos.
A capacidade máxima do VLT gira em torno de 10 mil passageiros por hora em cada sentido, exigindo integração eficiente com linhas de ônibus alimentadores.
BRT: menor custo e rápida implantação
O BRT destaca-se pelo menor custo de implantação entre os três modais analisados.
O valor para construção de 1 km de corredor BRT varia entre US$ 7 milhões e US$ 15 milhões, ou entre R$ 35 milhões e R$ 78 milhões na cotação média de 2025.
O exemplo do corredor TransOeste, no Rio de Janeiro, reforça essa tendência: o projeto, que soma 56 km de extensão, teve investimento total de R$ 800 milhões, resultando em pouco mais de R$ 14 milhões por quilômetro.
Esse valor mais baixo decorre da simplicidade das intervenções, que envolvem faixas exclusivas concretadas, estações tubulares de pré-embarque e utilização de ônibus articulados ou biarticulados de fabricação nacional.
A obra é concluída, em geral, em dois a três anos.
A capacidade do sistema, de acordo com o dimensionamento atual, atinge até 30 mil passageiros por hora em cada sentido – abaixo dos valores máximos atribuídos aos sistemas ferroviários.
A manutenção das pistas, especialmente quando em asfalto, exige intervenções a cada cinco ou seis anos para evitar sobrecarga e quebra de veículos.
Fatores que impactam o custo por quilômetro
A variação de custos entre metrô, VLT e BRT está relacionada a três fatores principais:
- Obras civis: Túneis subterrâneos e estações profundas elevam o valor do metrô em até oito vezes em comparação com corredores de superfície.
- Material rodante: Trens de aço inox do metrô têm preço até sete vezes superior ao dos ônibus biarticulados.
- Sistemas de energia e sinalização: No metrô, a alimentação elétrica e os sistemas automáticos de controle são mais caros que o abastecimento e operação dos ônibus, mesmo em frota eletrificada.
Capacidade, prazos e vida útil dos sistemas
Cada modal apresenta diferenças em capacidade máxima, prazo de implantação e durabilidade estrutural.
O metrô comporta mais de 50 mil passageiros por hora em cada sentido e dura mais de 40 anos antes de reformas estruturais profundas.
O VLT atende até 10 mil passageiros/hora/sentido, com velocidade média de 23 km/h, sendo indicado para trechos de média demanda.
O BRT, embora mais acessível em custos e prazos (dois a três anos), tem limite físico de 30 mil passageiros/hora/sentido e demanda manutenção frequente para manter a eficiência.
Critérios para escolha do modal de transporte
A seleção entre metrô, VLT e BRT envolve análise técnica do orçamento disponível, estimativa de demanda e cronogramas políticos.
Cidades com orçamento restrito e necessidade de rápida ampliação costumam adotar o BRT.
Regiões turísticas e com corredores históricos estreitos apostam no VLT.
Áreas metropolitanas com demanda concentrada priorizam o metrô ou monotrilho, mesmo diante do custo elevado por quilômetro.
A transparência dos custos de implantação de cada modal é fundamental para o controle social e o planejamento urbano sustentável.
Planejadores urbanos, gestores públicos e sociedade civil podem, assim, acompanhar de perto a aplicação de recursos e cobrar soluções compatíveis com a realidade e o futuro da mobilidade.
Diante dessas diferenças, para você, qual modelo de transporte atende melhor à demanda da sua cidade? O preço por quilômetro é o fator mais importante ou existem outras prioridades em jogo?