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Mesmo sendo vitrine global em energias renováveis, o Brasil abriu o bolso e importou US$ 2,62 bilhões em painéis solares da Ásia só em 2024 — dependência exposta em relatório da PV Magazine

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 15/09/2025 às 11:20
Mesmo sendo vitrine global em energias renováveis, o Brasil abriu o bolso e importou US$ 2,62 bilhões em painéis solares da Ásia só em 2024 — dependência exposta em relatório da PV Magazine
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Brasil é potência em energia renovável, mas gastou US$ 2,62 bilhões em painéis solares importados da Ásia em 2024, segundo PV Magazine — dependência expõe lacuna industrial.

O Brasil é apontado como referência mundial em energia limpa. Com mais de 80% de sua matriz elétrica proveniente de fontes renováveis, o país é vitrine global em hidrelétricas, biomassa, eólica e, mais recentemente, solar. Essa posição coloca o Brasil entre os líderes da transição energética no planeta, em um momento em que reduzir emissões de carbono é prioridade para governos e empresas.

Mas, por trás da imagem de potência sustentável, existe uma dependência preocupante. Segundo a revista PV Magazine, em 2024 o Brasil importou US$ 2,62 bilhões em painéis solares e células fotovoltaicas, quase a totalidade vinda da Ásia — especialmente da China, que domina mais de 80% da cadeia global. O dado expõe uma lacuna entre o potencial renovável brasileiro e sua capacidade industrial: o país lidera em instalação de usinas solares, mas não produz os equipamentos em escala significativa.

Brasil como vitrine de energias renováveis

A matriz elétrica brasileira é uma das mais limpas do mundo. Enquanto economias avançadas ainda lutam para reduzir a participação de carvão e gás natural, o Brasil já conta com mais de 190 gigawatts de capacidade instalada em fontes renováveis, segundo a ANEEL.

  • Hidrelétricas: representam a maior fatia da matriz.
  • Eólica: cresceu exponencialmente no Nordeste e já ultrapassa 30 GW instalados.
  • Solar: é o setor que mais cresce, com expansão de mais de 60% em capacidade instalada apenas entre 2021 e 2024.

Essa diversidade dá ao país uma imagem positiva no cenário internacional, reforçando sua posição como vitrine energética.

O boom da energia solar no Brasil

Nos últimos anos, a energia solar fotovoltaica se consolidou como a fonte que mais cresce no Brasil. Em 2024, o país já havia ultrapassado 40 GW de capacidade solar instalada, incluindo usinas de grande porte e sistemas distribuídos em telhados e fazendas solares.

Esse crescimento foi impulsionado por incentivos regulatórios, pela queda no preço internacional dos painéis e pela busca de consumidores por independência energética.

Cidades inteiras começaram a apostar na geração fotovoltaica como alternativa para reduzir custos e emissões.

Mas, junto com esse avanço, cresceu também a dependência de equipamentos importados.

A conta bilionária das importações

Segundo levantamento da PV Magazine, em 2024 o Brasil desembolsou US$ 2,62 bilhões em módulos fotovoltaicos importados.

O número impressiona não apenas pelo valor, mas pela concentração: 99,7% do montante foi em módulos já montados, prontos para instalação, quase todos produzidos na Ásia.

Na prática, o Brasil tornou-se consumidor de equipamentos chineses em escala massiva, sem consolidar uma indústria nacional robusta para acompanhar o ritmo da expansão solar. Essa dependência significa que, embora o país instale recordes de energia renovável, a riqueza e o valor agregado ficam fora de suas fronteiras.

A dominância chinesa e seus riscos

A China responde por mais de 80% da produção mundial de painéis solares, controlando toda a cadeia, da extração de silício à montagem dos módulos.

Para o Brasil, isso significa que qualquer variação no mercado chinês — seja por aumento de preços, escassez de insumos ou restrições comerciais — impacta diretamente o custo da energia solar no país.

Esse cenário cria vulnerabilidades:

  • Risco cambial – como as compras são em dólar, a valorização da moeda americana encarece os equipamentos.
  • Risco logístico – crises de transporte marítimo podem atrasar obras e encarecer fretes.
  • Risco geopolítico – tensões internacionais envolvendo a China podem comprometer a oferta.

Oportunidade perdida para a indústria nacional

Especialistas afirmam que o Brasil desperdiça a chance de criar uma cadeia produtiva nacional de painéis solares. A demanda existe e cresce de forma consistente, mas a falta de políticas industriais claras, incentivos fiscais e investimentos em tecnologia mantêm o país dependente do exterior.

Enquanto isso, o setor poderia gerar milhares de empregos em fábricas de módulos, inversores e componentes, além de estimular inovação tecnológica local. A ausência dessa base industrial significa que o Brasil segue como vitrine do consumo, e não da produção em energia solar.

Caminhos para reduzir a dependência

Para mudar esse quadro, algumas medidas estão em debate:

  • Política industrial verde – programas de incentivo à instalação de fábricas de painéis e insumos no Brasil.
  • Parcerias tecnológicas – cooperação com países como Alemanha e EUA para transferência de tecnologia.
  • Investimento em pesquisa – apoio a universidades e institutos na busca por novas soluções, como painéis de perovskita.
  • Estímulo à reciclagem – criação de mercado para reaproveitamento de painéis usados, reduzindo custos e impacto ambiental.

O dilema brasileiro

O Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta e figura como referência global em renováveis. Mas, ao mesmo tempo, depende quase totalmente de equipamentos importados para sustentar sua expansão solar.

É o retrato de um país que exibe potencial, mas ainda não conseguiu transformar essa força em indústria e inovação locais.

O dado da PV Magazine é um alerta: em 2024, US$ 2,62 bilhões deixaram o país em forma de importações de painéis solares, enquanto a riqueza gerada pelo setor poderia estar estimulando tecnologia e empregos nacionais.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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