Mesmo com salários altos, jovens evitam setor por causa do clima e da insegurança no emprego
A crise de talentos das grandes petrolíferas se aprofunda. Faltam engenheiros para um setor que vive lucros recordes, mas enfrenta rejeição por parte dos jovens.
Crise de talentos das grandes petrolíferas expõe novo desafio para o setor de energia
O setor de petróleo e gás atravessa uma fase crítica. A crise de talentos das grandes petrolíferas compromete a renovação da mão de obra. O número de estudantes de engenharia de petróleo caiu 75% desde 2014, mesmo com alta demanda e bons salários.
Universidades dos Estados Unidos e da Europa, tradicionalmente fornecedoras de profissionais para a indústria global, registram turmas cada vez menores. O movimento reflete uma mudança geracional profunda.
-
Novo salário mínimo de R$ 1.945,67 é válido apenas em uma faixa regional, enquanto o governo federal mantém piso nacional 22% mais baixo
-
INSS suspende empréstimos consignados sem decisão judicial, afeta diretamente 2,4 milhões de beneficiários incapazes e abre conflito jurídico entre famílias e bancos
-
Profissão de corretor de imóveis perde espaço para 2.500 plataformas digitais que movimentam R$ 120 bilhões por ano e ameaçam 400 mil trabalhadores
-
Cidade brasileira já reúne mais de 330 mil habitantes, aeroporto internacional e Volkswagen, mas ainda preserva clima interiorano com festas típicas
Mudança de mentalidade alimenta a crise
A crise de talentos das grandes petrolíferas não é apenas um problema de oferta de cursos. É uma questão de valores. Jovens estudantes evitam o setor por preocupações com a mudança climática e a estabilidade de carreira em um mundo que caminha para fontes de energia renovável.
Historicamente, a procura por engenharia de petróleo oscilava com o preço do barril. Agora, mesmo com o petróleo Brent quase dobrando de valor entre 2016 e 2021, o interesse dos estudantes não acompanhou.
Desinteresse se mantém, apesar dos salários atrativos
Pesquisas mostram que engenheiros de petróleo recém-formados ganham, em média, 40% a mais do que colegas da área de ciência da computação. Ainda assim, a crise de talentos das grandes petrolíferas persiste.
Na Colorado School of Mines, uma das principais instituições da área, a turma de formandos despencou de 200 para apenas 36 alunos. Hayden Gregg, um dos poucos remanescentes, acredita que a formação ainda tem valor. “Mesmo que o petróleo desapareça, posso usar minhas habilidades em outras áreas da engenharia”, afirmou.
Indústria reage, mas efeito é lento
Empresas estão aumentando contratações e oferecendo bons estágios. Jennifer Miskimins, chefe do curso na Colorado School of Mines, afirmou que os alunos atuais são disputados. “Eles são uma mercadoria quente”, disse.
Apesar disso, o afastamento dos jovens gera um alerta. A crise de talentos das grandes petrolíferas pode comprometer a inovação e a operação em médio prazo, justamente no momento em que o setor tenta se reinventar em direção a uma matriz energética mais diversificada.